Era uma noite abafada. A luz piscava no quarto de Helena como se o tempo estivesse pregando peças.
Do lado de fora, um trovão distante anunciava que algo vinha chegando.
Ela estava prestes a dormir quando o celular vibrou.
-WhatsApp Messenger-
23:59
*Hoje*
Emanuel
Helena...?
Emanuel
Tem algo estranho acontecendo aqui.
Helena
O quê?
Helena
Onde você tá?
Emanuel
Em casa.
Emanuel
Mas... Eu ouvi passos no corredor.
Só estou eu aqui.
Helena sentou na cama, os olhos semicerrados pela luz do celular. A mensagem deixava um gosto amargo na boca.
Emanuel não era de fazer esse tipo de brincadeira.
Helena
Você tá me zoando?
Helena
É sério isso?
Emanuel
Não tô brincando, Lê. 😥
Emanuel
Primeiro ouvi batidas na porta da frente. Abri... Não tinha ninguém.
Emanuel
Agora tem passos...
Mas aqui dentro de casa.
Helena
Liga pra polícia! 😧
Emanuel
Já tentei. Sem sinal.
Emanuel
E o wi-fi tá oscilando. Só consegui te mandar por aqui...
Helena levantou da cama. Caminhava pelo quarto como se pudesse fugir da tensão que crescia no peito.
Helena
Você trancou as portas?
Emanuel
Sim.
Emanuel
Mas... A do meu quarto acabou de abrir.
Emanuel
Sozinha.
Helena
PELO AMOR DE DEUS, EMÊ!
SE ESCONDE!!!
Três pontinhos apareceram.
Ele estava digitando.
Mas a resposta não veio.
Helena
Emanuel?
Helena
Emanuel, responde!
Helena
Você tá aí?
Helena
???
Nada.
Sem resposta.
As mensagens seguintes não foram nem entregues.
Último visto: **23:59**.
E então, à meia-noite...
O telefone tocou.
Mas não era o de Helena.
Era o som de um celular vibrando...
**Debaixo da cama dela.**
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