Capítulo 2

Lia

O local estava sob ataque e como eu estava do lado de fora da casa, eu tive que me esconder nos arbustos e quando deu eu corri para o celeiro, lá tem um esconderijo que só eu e a minha amiga Rianne sabemos da existência, mas geralmente é só eu que fico nesse lugar quando quero fugir da minha família.

A minha vida tem sido um inferno desde o dia em que a minha mãe faleceu e o meu pai se casou novamente e ele fez isso um mês depois que a minha mãe faleceu e já tinha uma filha com a sua nova esposa que tem a diferença de menos de um ano de idade, o que significa que meu pai traía a minha mãe.

A minha madrasta e a minha meia irmã me odeiam e me tratam mal e o meu pai sempre acredita em tudo que elas falam e eu sempre acabo sendo punida, sem janta e trancada no quarto e tem vezes que a minha única refeição é o café da manhã, mas as coisas mais gostosas eu sou privada de comer e o meu pai na maioria das vezes não está em casa quando isso acontece, mas tentar conversar com ele é inútil porque ele não me dá atenção e acha que eu vou inventar coisas e talvez ele não se importaria já que ele permite que me privem da janta.

A Rianne fica com pena de mim e quando eu consigo sair de casa, ela me leva para sua casa para comer de forma decente, a família dela é um amor comigo, o irmão dela disse que se casaria comigo para me tirar daquela casa, isso foi muita gentileza da parte dele, mas disse que não era necessário, a nossa relação é de irmãos e eu não seria egoísta de fazer ele se casar comigo para me ajudar, ele merece se casar com alguém que o faça feliz e no nosso caso não seria um casamento real porque seria uma relação de amizade.

O pai da Rianne uma vez foi falar com o meu pai, mas claro que ele não acreditou em nada e me acusou de espalhar mentiras para as pessoas e nesse dia ele bateu e me deixou toda roxa, no dia seguinte ele veio me pedir desculpas, mas eu não dei atenção, eu só chorava, eu fiquei várias semanas sem sair de casa.

A Rianne quando me viu, quis contar para o noivo dela, que é o primo do capo, não é permitido agressões contra mulheres, mas eu falei para não fazer isso porque a minha madrasta e a minha irmã poderiam dizer que foram elas e mesmo que não fizessem e deixassem o meu pai ser punido com uma surra que deixasse ele todo quebrado, isso não melhoraria a minha situação, ao contrário, só iria piorar as coisas para mim.

No momento em que cheguei no celeiro, eu vi uma mulher que aparentemente deveria ser um pouco mais velha que a minha madrasta, ela estava com a perna machucada, parece que ela levou um tiro.

_ Por favor, me ajuda _ ela disse

Eu não consegui, negar e levei ela para o esconderijo, a entrada dele era um alçapão no chão e como o local era cheio de feno pelo chão, eu usava para cobrir o alçapão.

_ Que local é esse? a mulher perguntou

_ Um lugar que eu encontrei anos atrás _ eu respondi

_ O capo sabe desse lugar? ela perguntou

_ Provavelmente não, só eu e uma amiga sabemos desse lugar, eu não contei porque aqui é onde eu tenho os meus momentos de paz _ eu disse

_ Ele vai saber hoje _ ela disse

Eu não respondi, eu sabia que algum dia esse lugar seria descoberto e seria usado, eu não sei quem construiu só sei que é bem grande, tem o quartinho onde estamos e atrás da porta tem mais de um túnel com saída para a floresta, para o porto e um para a cidade, eu já explorei esse lugar com a Rianne.

_ Eu sinto muito, vejo que aqui é seu refúgio, mas o meu filho deve estar me procurando e quando me achar, esse lugar não vai ser mais um segredo _ disse a mulher

_ Tudo bem, eu já sabia que um dia isso iria acontecer, deixa eu dar uma olhada na sua perna _ eu disse

Eu tenho uma tia, por parte de mãe, que é médica, ela mora na cidade, a saída do túnel deixa próximo da rua da casa dela, ela e a minha prima me tratam bem e o marido dela também, várias vezes ela quis me levar para morar com ela, mas meu pai não permitiu.

Eu aprendi bastante coisas com essa minha tia e quando o meu pai permitia que eu ficasse alguns dias lá na casa dela, eu ajudava ela e a minha prima no pequeno hospital que tem poucos médicos e enfermeiros.

O capo está construindo um maior e já mandou algumas pessoas para estudar para poder trabalhar no hospital, só tem cinco anos que ele assumiu o posto e eram muitos ataques e nem tudo ele conseguiu que fosse construído ainda, ele estava fazendo de tudo para que o seu povo tivesse acesso pelo menos as coisas básicas, o antigo capo não se importava nem um pouco com isso.

Eu tinha trazido para cá um kit de primeiros socorros, eu extraí a bala e limpei o local e coloquei a bandagem e ela se controlou para não gemer de dor, as coisas ainda estão intensas lá fora e se formos descobertas pelos inimigos, nós estaremos perdidas.

Depois de um tempo, parecia que finalmente tinha acabado o confronto.

_ Eu acho que o confronto acabou _ eu disse

_ Parece que sim, muito obrigada por me ajudar e cuidar da minha perna, mas vamos esperar o meu filho vir até aqui, assim vai ser mais seguro para nós duas, eu vou ser rastreada por ele, não se preocupe _ ela disse

Como ela disse que era melhor esperar, eu não tentei sair, não acho que ela seja uma inimiga, se ela fosse já teria me matado e acredito que o chefe que ela tenha mencionado seja o nosso capo.

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