Capítulo 02

Zaya Miller Valência é uma jovem de vinte e quatro anos, natural de Boston, Massachusetts, é filha única de pais divorciados, e formada em publicidade e marketing.

Como filha única, ela sempre teve toda a atenção para si, principalmente a do seu pai, que sempre a tratou como sua menininha. Em compensação por todo esse mimo, Zaya morre de ciúmes do pai e não suporta ter que dividir a sua atenção com nenhuma outra mulher.

Após a separação dos seus pais, aos quatro anos de idade, Zaya passou a morar somente com a mãe, Rebecca Miller, onde morou por onze anos, e aos quinze se mudou para a casa do seu pai, Alexander Valência, onde vive até hoje, apesar de já ser uma mulher feita.

Rebecca Miller, sua mãe, é uma top model conhecida mundialmente no mundo da moda, por desfilar nas melhores passarelas, usando marcas de grife internacional. Com isso, sempre viajou muito por conta do trabalho, fazendo Zaya se sentir muito sozinha com a sua ausência. Então, aos quinze anos, optou por viver com o pai.

Por ser filha de pais milionários, ela sempre estudou nas melhores escolas, teve os melhores professores, e todas as regalias que o dinheiro pôde comprar. Zaya nunca soube de verdade o que era trabalho duro, pois sempre teve tudo que quis, sem nenhum esforço. Resumindo, ela era a típica filhinha de papai, mas essa pose muitas vezes era cansativa e solitária. Todas as meninas que se aproximavam, tinham sempre um interesse por trás, quem ia longe da amizade, a primeira pessoa que se aproximou de verdade, sem saber da sua verdadeira identidade, foi Mavie. Por isso Zaya tem tanto receio de lhe contar a verdade, dizendo somente o básico sobre sua vida, ocultando o sobrenome de peso dos seus pais e a sua verdadeira origem. O seu maior medo é afastar a única amiga de verdade que já teve.

Ambas se conheceram há dois anos, quando Zaya começou a estagiar na mesma Agência de publicidade que Mavie já trabalhava. Mavie foi a responsável pelo seu treinamento na área de marketing quando ela começou, mas acabou que a amizade não ficou só dentro da empresa, começaram a almoçar juntas, irem juntas para o trabalho e até trocaram mensagens e chamadas nos fins de semana. Hoje se consideram melhores amigas e confidentes, pelo menos por parte de Mavie, que nunca escondeu sua vida da amiga.

Mavie era simpática, comunicativa, e estava sempre a sua disposição para ajudar em qualquer coisa, Zaya a vê como a irmã que nunca teve, mas mesmo a amando como tal, nunca teve coragem o suficiente para lhe contar que só trabalha para não ter que ficar em casa o dia inteiro sem fazer nada, já que dinheiro nunca foi problema na sua vida.

(…)

Na hora do almoço, Mavie enviou uma mensagem para elas se encontrarem no elevador, como de costume. E assim Zaya fez, juntou os seus pertences e seguiu para o elevador.

— Oi, Zaya! — Disse Marvin, um colega de equipe, e também responsável pelo seu setor.

— Oi, Marvin!

— Já está saindo para almoçar? Não se esqueça daquela reunião com a equipe de produção mais tarde! — Zaya revirou os olhos, Marvin era muito rabugento, às vezes se aproveitava do cargo somente para pegar no seu pé.

— Eu não esqueci, Marvin, fica tranquilo!

— Ótimo, bom almoço!

Zaya assentiu e seguiu para o elevador, onde Mavie já estava lhe esperando com o braço na porta, impedindo-a de se fechar.

— Que carinha é essa? É o Marvin de novo?

— Você me conhece tão bem, não é? — Disse Zaya, fazendo bico.

— O que ele fez dessa vez?

— Não fez nada, mas é um chato, aff! — Mavie sorriu a abraçando.

— Sabe o que eu acho? Ele gosta de você, por isso vive pegando no seu pé! — Sorriu, divertida.

— Quem, o Marvin? Desculpa amiga, mas esse eu passo, não troco o meu Jaydan por nada.

Mavie sorriu, sacudindo a cabeça.

Zaya e Jaydan já namoravam há um ano, porém durante muito tempo, acreditou que esse romance fosse impossível para ela, já que Jaydan não vinha de uma família rica como a dela, ele era um simples funcionário do seu pai, na empresa de tecnologia, onde trabalha como criador de softwares e Windows, desde que se formou. Jaydan é um jovem brilhante de vinte e oito anos, um verdadeiro prodígio do TI.

Mas seu pai, apesar de ser um empresário de sucesso, e um grande CEO prestigiado, nunca permitiu que o seu status financeiro subisse à cabeça, sempre tratou a todos com igualdade, sem pisar em ninguém para chegar ao topo, pois, para ele, a humildade era a maior das virtudes.

…

— Será que até o final do ano teremos um casamento? — Brincou Mavie, ao saírem do prédio.

— Não sei, isso só vai depender dele, porque por mim, já estaríamos morando juntos! — Afirmou com um sorriso.

— Doida, morar juntos antes de casar não é legal, você acaba caindo na rotina e esquece de fazer como a lei manda.

— Mavie, você é muito inocente, Jaydan e eu já dormimos juntos diversas vezes, quando não é na minha casa, é na dele. — Sorriu, dando uma cotovelada na amiga.

— Eu sei disso, mas não estou me referindo somente ao sexo, só estou dizendo que o casamento é um passo muito importante na vida de um casal, se vocês se amam, então, porque não tornar oficial?

— Tudo que eu mais quero é me tornar a mulher dele, de vestido branco e véu, mas toda a vez que eu toco no assunto, aquele bobo vem com o mesmo papo de sempre, de que precisa juntar mais dinheiro, para me dar a vida boa que eu mereço e estou acostumada! — Deixou escapar, quando percebeu já tinha dito.

Mavie ficou confusa.

— Como assim acostumada? Você é rica e não me contou? — Indagou, a voz brincalhona.

Zaya engoliu em seco, tentando bolar uma desculpa convincente.

— Não, claro que não, tá maluca? — Sorriu, nervosa.

— Eu sei, sua boba, não precisa ficar nervosa, até porque se você fosse mesmo rica, não estaria acordando cedo todos os dias para ir trabalhar! — Risos.

— É, pois, é, não estaria mesmo! — Riu, sem graça.

Se Mavie soubesse...

Ao chegarem no restaurante, escolheram a mesa de sempre e fizeram seus pedidos. A conversa sempre fluia bem, assunto era o que não faltava, mas vira e mexe, quando Mavie dizia sobre as suas próximas metas e objetivos de vida, e de como estava se esforçando para conseguir, Zaya se sentia mal, pois sempre teve tudo sem esforço nenhum. Pois, além do seu salário da agência, ela ainda recebia mensalmente uma boa mesada do seu pai, ou bastava pedir que ele nunca lhe negava absolutamente nada, enquanto muitos ainda sonhavam conquistar o que ela teve desde sempre.

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