Capítulo-04

O sol mal tinha subido quando abri os olhos. Era como se meu corpo soubesse que hoje seria diferente, que tudo já estava começando a mudar. Me espreguicei devagar, tentando afastar o peso das emoções da noite anterior, e fui direto pro banheiro. Fiz minha higiene matinal no automático, lavando o rosto com um pouco mais de força, como se pudesse acordar os pensamentos que ainda estavam embaralhados.

Quando desci as escadas, já encontrei a Isa pronta, com a mochilinha de unicórnio nas costas e os cabelos vermelhinhos presos num rabo de cavalo frouxo. Ela pulava de um lado pro outro da sala, segurando um brinquedo nas mãos, enquanto a Maria, sempre atenta, tentava convencê-la a parar um pouco para comer alguma coisa.

A Lorena também já estava arrumada, impecável como sempre, com o blazer bem ajustado e o salto batendo firme no chão de madeira enquanto conferia as mensagens no celular.

— Bom dia, dorminhoca — minha mãe disse sem desviar os olhos da tela, mas com um sorriso leve no rosto. — Vamos logo, Isa, a gente precisa passar na creche antes de eu ir para o trabalho.

— Bom dia — respondi, forçando um sorriso. Olhei para a Isa e baguncei de leve o cabelo dela. — Você tá animada pra ir?

— Tô! Vou contar pras minhas amigas que vou me mudar! — Ela falou com a maior naturalidade, como se fosse só mais um dia qualquer. Como se despedidas fossem fáceis.

Meu peito apertou.

— Vai dar tudo certo, tá? — Falei mais pra mim do que pra ela.

Lorena se aproximou e me deu um beijo rápido na testa.

— Quando a gente voltar, podemos conversar mais, se quiser.

Assenti.

— Tá bom, mãe.

Vi as duas saírem de casa, Isa animada, Lorena firme como sempre. O som da porta se fechando ecoou na sala vazia. E então, o silêncio.

Me sentei no sofá, tentando processar tudo. Respirei fundo e peguei o celular. Eu precisava contar pra Gabi. Precisava ver ela, precisava ouvir ela me dizendo que ia ficar tudo bem, mesmo que eu soubesse que isso ia doer nas duas.

Liguei no número dela.

Ela atendeu na segunda chamada, com a voz ainda sonolenta.

— Oi, Nina? Que foi, me liga cedo assim, menina?

— Gabi, você pode vir aqui hoje? É importante. Eu... eu preciso te contar uma coisa.

— Claro, tô indo — ela respondeu sem hesitar.

Desliguei e fiquei olhando pro teto por alguns segundos. Parte de mim queria adiar aquilo, fingir que ainda tinha tempo. Mas não tinha. Eu ia mesmo ter que ir embora.

Enquanto aguardava a Gabi, fui para a cozinha. A Maria já estava por lá, terminando de organizar a mesa do café da manhã. O cheiro de pão quentinho e café fresco dominava o ambiente.

— Bom dia, menina. Dormiu bem? — Maria perguntou, me lançando um olhar cúmplice, como se soubesse que eu estava longe de estar bem.

— Mais ou menos — respondi, me sentando à mesa e pegando uma fatia de pão.

Ela se aproximou, sentando-se de frente para mim, como sempre fazia quando via que eu precisava de um pouco de paz. Maria era como uma segunda mãe para mim, alguém que sempre soube ouvir sem pressionar.

— Está difícil pra você, né? — ela disse baixinho, enquanto passava manteiga no pão. — Deixar Maiol, deixar a Gabi…

— É — respondi, com um suspiro pesado. — Eu sinto que estou sendo arrancada daqui, Maria. Como se eu não tivesse escolha.

— Às vezes, a vida arranca a gente de onde a gente quer ficar — ela disse, com aquela voz doce que sempre me desmontava. — Mas sabe… pode ser que o novo também te surpreenda.

Eu sorri de leve, mas era um sorriso triste.

— Tomara, né?

Ela se levantou e veio até mim, bagunçando de leve meus cabelos, como fazia desde que eu era pequena.

— Você é forte, Nina. Mais forte do que pensa.

Terminei o café em silêncio, cada gole me lembrando que o tempo estava correndo, que logo Gabi saberia que eu iria embora. E talvez essa fosse a parte mais difícil de todas.

Depois que terminei, levei minha xícara até a pia e fui para o sofá da sala. Liguei a TV no volume mais baixo, mas nem cheguei a prestar atenção no que passava. Meu coração já estava disparado, como se soubesse que ela estava chegando.

E, como se fosse combinada com o meu pensamento, ouvi a campainha tocar.

Levantei num pulo, sentindo as mãos suarem. Abri a porta e lá estava ela, com o sorriso de sempre, com a mochila pendurada no ombro e aquele olhar que me dizia "o que tá pegando?".

— Oi, sumida — Gabi disse, entrando sem cerimônia. — Que urgência foi essa?

Tentei sorrir, mas meu peito já estava pesado demais.

— Vem, senta aqui. Eu preciso te contar uma coisa… que você não vai gostar.

Ela me olhou confusa, mas sentou-se ao meu lado no sofá, jogando a mochila de qualquer jeito no chão.

— Tá, agora você me assustou. O que aconteceu?

Me preparei para dizer as palavras que, só de pensar, já me deixavam com vontade de chorar.

Era a hora de contar.

Enquanto aguardava a Gabi, fui para a cozinha. A Maria já estava por lá, terminando de organizar a mesa do café da manhã. O cheiro de pão quentinho e café fresco dominava o ambiente.

— Bom dia, menina. Dormiu bem? — Maria perguntou, me lançando um olhar cúmplice, como se soubesse que eu estava longe de estar bem.

— Mais ou menos — respondi, me sentando à mesa e pegando uma fatia de pão.

Ela se aproximou, sentando-se de frente para mim, como sempre fazia quando via que eu precisava de um pouco de paz. Maria era como uma segunda mãe para mim, alguém que sempre soube ouvir sem pressionar.

— Está difícil pra você, né? — ela disse baixinho, enquanto passava manteiga no pão. — Deixar Maiol, deixar a Gabi…

— É — respondi, com um suspiro pesado. — Eu sinto que estou sendo arrancada daqui, Maria. Como se eu não tivesse escolha.

— Às vezes, a vida arranca a gente de onde a gente quer ficar — ela disse, com aquela voz doce que sempre me desmontava. — Mas sabe… pode ser que o novo também te surpreenda.

Eu sorri de leve, mas era um sorriso triste.

— Tomara, né?

Ela se levantou e veio até mim, bagunçando de leve meus cabelos, como fazia desde que eu era pequena.

— Você é forte, Nina. Mais forte do que pensa.

Terminei o café em silêncio, cada gole me lembrando que o tempo estava correndo, que logo Gabi saberia que eu iria embora. E talvez essa fosse a parte mais difícil de todas.

Depois que terminei, levei minha xícara até a pia e fui para o sofá da sala. Liguei a TV no volume mais baixo, mas nem cheguei a prestar atenção no que passava. Meu coração já estava disparado, como se soubesse que ela estava chegando.

E, como se fosse combinada com o meu pensamento, ouvi a campainha tocar.

Levantei num pulo, sentindo as mãos suarem. Abri a porta e lá estava ela, com o sorriso de sempre, com a mochila pendurada no ombro e aquele olhar que me dizia "o que tá pegando?".

— Oi, sumida — Gabi disse, entrando sem cerimônia. — Que urgência foi essa?

Tentei sorrir, mas meu peito já estava pesado demais.

— Vem, senta aqui. Eu preciso te contar uma coisa… que você não vai gostar.

Ela me olhou confusa, mas sentou-se ao meu lado no sofá, jogando a mochila de qualquer jeito no chão.

— Tá, agora você me assustou. O que aconteceu?

Me preparei para dizer as palavras que, só de pensar, já me deixavam com vontade de chorar.

Era a hora de contar.

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Comments

I'm Bia

I'm Bia

Essa estória é feita por I.A? Pq esse trecho aqui é, inclusive venho notando um certo padrão em várias estórias aqui no Noveltoon, vou averiguar mais pra frente nos demais capítulos, se esse padrão de trecho se repete...

2025-07-18

0

Hadassa love you

Hadassa love you

mistério no ar

2025-07-17

0

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