A mansão Virmond tinha vida própria.
Era como uma fortaleza viva, com corredores que guardavam segredos e salas que pareciam respirar história. Luna sempre soube disso — crescera correndo entre os tapetes de luxo e as escadarias de mármore —, mas agora, cada canto daquele lugar tinha um novo significado.
Era como se o ar tivesse mudado desde a conversa com Alaric.
Como se seus olhos estivessem sendo obrigados a ver o mundo através de uma lente mais nítida… e mais exigente.
Ela havia escolhido Dante.
O irmão mais velho.
Aquele que não sorria.
Aquele que ninguém ousava contradizer.
E agora, cada vez que cruzava com ele pela casa — ou mesmo ao ouvir seu nome mencionado por alguém —, seu estômago revirava.
Dante Virmond era uma presença.
Não precisava levantar a voz. Não precisava se impor. Sua mera existência era o suficiente para que todos ao redor ajustassem a postura.
Aos trinta e dois anos, era o atual CEO do império Virmond & Gold, responsável por todas as operações financeiras do grupo familiar. E embora tivesse herdado o nome, construíra sozinho a reputação de ser um dos homens mais estratégicos e temidos de Altharia.
Luna sabia o que os jornais diziam sobre ele:
“Intocável.”
“Frio como o gelo das montanhas de Virelle.”
“O filho que transformou a herança em um império global.”
Mas o que ela sabia de verdade vinha de observar à distância, por anos.
Dante não sorria.
Dante não participava de festas.
Dante não comentava sobre a vida pessoal.
E, principalmente: Dante nunca foi visto com uma mulher.
Era o oposto de Cael.
Onde o mais novo exibia charme e conquista, o mais velho cultivava silêncio e controle.
Enquanto os irmãos se envolviam em polêmicas, Dante permanecia inalcançável. Um mistério. Um homem feito de disciplina e aço.
Era quase impossível acreditar que havia escolhido ele.
E, no entanto, ali estava Luna — parada no andar superior da mansão, observando-o da sacada interna enquanto ele atravessava o hall principal com passos firmes, terno cinza-escuro, olhar cravado no celular.
Ele parecia sempre concentrado. Como se não existisse mais nada além do próximo e-mail, da próxima reunião, da próxima meta a cumprir.
— Está vigiando o general? — perguntou uma voz às suas costas.
Luna se virou com um leve sobressalto. Era Tristan, o quarto irmão, com um sorriso preguiçoso e uma taça de vinho na mão.
— Eu... estava apenas olhando — ela respondeu, tentando disfarçar.
Tristan deu um risinho, se apoiando na grade da sacada.
— Sabe, tem um certo fascínio em ver como todo mundo muda de comportamento quando ele está por perto. Até os nossos tios se calam. E olha que eles são especialistas em falar besteira.
— Ele sempre foi assim?
Tristan pensou por um instante.
— Sempre foi... Dante. Mesmo quando a gente era criança. Enquanto todos nós brincávamos, ele já lia contratos de verdade. A primeira frase dele não foi “papai” ou “mamãe”, foi “eficiência”. — Ele riu. — Mas... é um bom homem. Só... fechado demais.
Luna não respondeu.
Seu olhar voltou para o homem que agora se dirigia ao escritório principal. A porta se fechou atrás dele com o leve clique de um mundo que não convidava ninguém a entrar.
Ela pensou no que sabia.
No que sentia.
No que esperava.
Talvez estivesse errada. Talvez tivesse escolhido um homem que nunca abriria espaço para o amor.
Mas havia algo ali. Um desafio, talvez. Uma curiosidade.
Ou... quem sabe, uma esperança silenciosa.
Naquela noite, de volta ao quarto, Luna abriu o diário novamente. As mãos tremiam levemente, mas a tinta correu firme sobre o papel.
"Hoje eu o observei com atenção.
Ele não sorri.
Ele não flerta.
Ele não desvia o olhar por nada.
E, no entanto… há algo nele que me prende. Talvez seja a ausência de máscaras. Talvez seja o fato de que Dante não tenta parecer nada. Ele simplesmente é.
Sólido. Real. Incômodo.
Ele me dá medo. Mas também me dá vontade de descobrir quem é por trás daquela muralha.
Será que ele sente o mundo? Será que, no fundo, há alguma dor tão grande ali dentro que ele simplesmente aprendeu a não demonstrar mais nada?
Se for assim… então talvez sejamos mais parecidos do que pensei.
E talvez eu não tenha dito “sim” ao irmão errado. Talvez… apenas tenha dito sim ao mais difícil de amar.
E isso, no fundo, me assusta e me fascina na mesma proporção."
Ela fechou o diário e encostou a cabeça no travesseiro.
Na casa onde ninguém desconfiava de sua escolha, Luna havia começado a enxergar Dante Virmond com os olhos do destino.
E o tempo estava correndo.
O aniversário de dezoito anos estava cada vez mais perto.
E com ele... o dia em que tudo deixaria de ser segredo.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Miriana Rodrigues
Luna estamos nos apaixonamos com você /Heart//Heart//Heart//Heart/
2025-07-05
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