A rua ainda estava mergulhada num silêncio pesado, o tipo de silêncio que precede um grito. Suellen empurrou a porta da casa com um solavanco, o coração já apertado por um pressentimento. “Mãe?” Nenhum som, a não ser o eco do seu próprio medo. Dona Marta estava no chão da sala, um corpo flácido e pálido, os lábios arroxeados como uma fruta passada. A respiração era um chiado arrastado, cada fôlego parecia rasgar o peito, um som molhado, desesperador. “Não, não, mãe…” Suellen caiu de joelhos, as mãos já buscando a pele fria. O tremor não era só do corpo dela, vinha de dentro. “Acorda, mãe… Pelo amor de Deus!” Sem um segundo para pensar, correu para a janela, escancarou e berrou, rasgando o silêncio da madrugada: “SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! PELO AMOR DE DEUS!” Saiu descalça, os pés no asfalto gelado, batendo nas portas dos vizinhos com a fúria do desespero. O Seu Antônio, o único com carro na rua, já tinha saído para trabalhar. Eram cinco da manhã. “NÃO TEM TEMPO! SOCORRO!” A voz de Suellen já estava rouca, quebrada.
Lá na rua de trás, um carro preto, escuro como a noite, acendeu os faróis. O vidro desceu lentamente. Um homem observou a cena e pegou um rádio. “Chefia, é ela. Tá surtando. Tá gritando na rua.” A voz do outro lado era grave, conhecida demais para ser coincidência. “Ajuda no que precisar. Mas não diz que fui eu.” Era Henrique. O carro encostou na calçada. “Entra. Onde está sua mãe?” Suellen hesitou. A desconfiança era um instinto. Mas bastou um olhar para trás, para o corpo inerte da mãe, para que o desespero vencesse. “Me ajuda, por favor… É a minha mãe.”
Minutos depois, a UPA do Farol parecia um formigueiro. A sala de espera, lotada, mas um médico, alertado pela urgência, correu ao ver o estado de Dona Marta. “Pneumonia grave, saturando mal. Tá entrando em choque. Bota na maca!” “Não tem leito disponível, doutor!” “Improvisa no corredor, mas me traz soro, antibiótico e oxigênio AGORA!” Suellen segurava a mão da mãe. Fria. Calejada. Uma vida inteira de trabalho naquela mão. “Ela… ela vai morrer aqui?” A voz dela era um sussurro de agonia. “A gente vai estabilizar. Mas… sem leito, sem oxigênio fixo, sem monitoramento, é grave. Se puder pagar por home care ou internação particular… tenta.” Ela não tinha. Não tinha mil reais. Mal tinha cinquenta. Pedir ajuda pro meu pai? Aquele covarde? Pra quê? Pra ouvir que a culpa é minha? Que eu devia ter me cuidado? Não. Ele não vai ajudar. Nunca quis saber de mim.
Suellen saiu da sala aos tropeços, as lágrimas escorrendo sem controle. Ligou para Amandinha. Chamou. Chamou. Nada. Mandou mensagem. Só um “visualizado”. Talvez ela esteja dormindo… Ou fingindo que não viu. Que merda! Um enfermeiro passou por ela, os olhos vazios, sem expressão. Sussurrou, quase um lamento: “Disseram que sua mãe não passa dessa semana.” Ela gelou. O corpo travou. “Não pode ser! Não tem como transferir ela?” O enfermeiro deu de ombros, um gesto de impotência que quebrou Suellen por dentro. “Infelizmente não tem ambulância. Vários pacientes estão em estado grave e não conseguimos transferir todos.” Suellen desabou num banco de plástico, o som seco do impacto parecendo alto demais. O gosto da perda já estava na garganta, amargo e real. Ela sabia. Sabia que precisava fazer dinheiro. Rápido. Teve uma ideia tentar chegar cedinho no trabalho e pedir um adiantamento a gerente contar a história tudo que houve quem sabe o coração dela ia amolecer, mas ela também tinha um plano B Amandinha ainda podia emprestar o dinheiro.
Enquanto a tragédia rasgava a madrugada de Suellen, a poucos quilômetros dali, a “melhor amiga” tomava um banho com sais importados, imersa numa bolha de lavanda e indiferença. O dia ainda nem tinha nascido direito, mas Amandinha já estava cheirosa, envolta em uma toalha minúscula e um sorriso de satisfação. Entrou no quarto, jogou o vestido do baile de ontem no chão, um trapo qualquer, e foi direto para o armário. Escolheu um body transparente, um salto branco que esticava suas pernas, e uma bolsa nova da Michael Kors que brilhava sob a luz indireta. Ligou para o motorista, a voz já com o tom sedutor que ela usava para conseguir o que queria. “Fala, bebê. Me busca? Tenho que filmar um conteúdo com o Jonathan, sabe aquele bem pauzudo? E depois, almoço com o prefeito. Vai rolar um agrado hoje.” Riu sozinha, uma risada vazia, sem eco. Pegou o celular, abriu o Instagram da Suellen. Viu a foto da UPA, a mãe dela numa maca, e um bolo no estômago de Suellen. “Ih, caramba… A Marta tá indo dessa pra melhor.” Fez uma cara de pena por três segundos, um ensaio superficial. Logo depois, um sorriso torto se formou nos lábios pintados. “Aposto que ela vai me pedir dinheiro em breve, aquela sonsa do caralho…”
Fez um story. Pôs um filtro, realçou os lábios, o brilho nos olhos. “Good morning, babies 💋 Hoje é dia de book, almoço e… quem sabe um vídeo novo para vocês peladinha 😋 "
Fez pose. De costas. Empinada. A tatuagem confia nas piranhas estrategicamente à mostra. “Enquanto umas choram em corredor de hospital…"
Suellen ainda estava encolhida no banco de plástico, sentindo o vazio no peito, quando o celular vibrou em sua mão. Era um número desconhecido. “Fica tranquila. Se você confiar em mim sua mãe vai ser bem cuidada. Mas lembra: Eu gosto de você Suellen. você é uma mulher especial. – H.”
Ela travou o celular, o dedo paralisado na tela. A mensagem era clara, a ajuda existe mas o preço já estava implícito. Olhou para a mãe, ainda ali, respirando com a ajuda das máquinas precárias. Eu não posso vender, mas preciso salvar minha mãe, tenho certeza que a Amandinha vai me ajudar. Isso vai ter um preço, tudo tem, mas é melhor que ceder ao Henrique.
(Enquanto isso Amandinha)
Em uma Suíte presidencial do Copacabana Palace. Ar-condicionado forte. Um homem de terno azul claro, barriga saliente, relógio cravejado, bigode tingido. Prefeito de um município do interior do RJ, uns 70 anos. Amandinha entra com vestido branco colado, sem sutiã, salto agulha e bolsa Chanel.
Ela não perguntou o nome dele. Sabia que esses homens se alimentam do silêncio.
Quinze mil sobre a mesa. Nem ofereceu água. Só abriu o zíper da calça como se estivesse pedindo um favor.
— Quinze mil — ele disse.
Amandinha riu.
— Pela metade do que eu valho. Mas quer saber? Hoje tô em promoção relâmpago.
Ela arrancou o vestido com um movimento violento, como se odiasse o próprio pano. Ficou nua — peito empinado, olhar de fúria.
O velho recuou na poltrona, nervoso, excitado, suado.
— Quero brincar de ser rei — ele disse.
Ela foi até ele, montou de frente, e segurou seu rosto com os dedos enfiados na carne flácida.
— Então chupa minha coroa, porra — sussurrou, e enfiou o peito inteiro na boca dele como se fosse alimento de animal.
Ele sugava com desespero, arfando. A barba grossa raspava. O hálito era de álcool e pastilha.
Ela gemia alto. De verdade. Porque ela gostava do nojo. Amava a sujeira. Vivia pra descer ao inferno — desde que fosse de salto e com o rímel escorrendo.
— Faz o que quiser, patrãozinho... pisa mais. Quanto mais você me suja, mais eu brilho.
Ela rebolava com fúria. O quadril batia na barriga dele como se quisesse esmagar os órgãos. Ele tentava segurar, mas estava velho demais.
Ela se inclinou, lambeu o canto da boca dele, rosnou no ouvido:
— Tu não tá me pagando pra fingir, tá me pagando pra gozar — e mordeu o ombro dele até sangrar.
— Tu é maluca — ele disse, gemendo, gozando com o corpo tremendo.
— Maluca, não. Profissional.
Ela desceu, lambendo o peito dele, abriu a calça e o chupou com violência — como se estivesse devorando um prêmio. Ele choramingava, tentava segurar sua cabeça, mas ela dava tapas na mão dele.
— Não manda em mim, Tadala. Só paga.
Ele gozou de novo, sem força, murmurando “puta que pariu” como se fosse uma prece.
Quando ele jogou o maço de notas no chão, ela se abaixou devagar, empinando bem a bunda — só pra humilhar.
Ele encostou a língua na virilha dela.
— Tu merece coisa grande... Tem uns amigos meus gringos na cobertura se você topar ligo para eles agora e te consigo muito trabalho, mas muito lucro. Coisa fina. Só os monstros: milionário, banqueiro, gringo.
Ela abriu um sorriso sujo.
— Vai ter roleta?
— Vai. Você gira. Quem cair, senta. E paga.
— Por cem mil, eu giro de olhos vendados e sorrindo.
— E se cair em cinco?
Ela passou o dedo pela boca, lambendo o próprio batom borrado.
— Eu dou pra cinco e cobro de seis.
O velho gargalhou como quem viu o diabo e gostou.
Ela vestiu o vestido rasgado, rímel escorrendo, cheiro de porra e poder.
— Eu sou um investimento. Cada gozada em mim é uma ação na Bolsa. Só sobe.
Em seguida o velho fez uma ligação.
Ela saiu rebolando como quem acabou de matar um rei e pegar o trono, e agora talvez um grupo deles.
O quarto escurecido cheirava a couro, cigarro e dinheiro molhado. O sofá de veludo parecia engolir os corpos dos quatro homens já entediados de tudo — exceto dela.
Amandinha entrou nua, o salto ecoando como sentença.
Olhos famintos se voltaram. Mãos afrouxaram cintos. Línguas molharam os lábios.
No centro do ambiente, uma cadeira giratória de couro.
A “roleta”.
— Quem gira primeiro? — ela perguntou com um sorrisinho perverso, subindo na cadeira com as pernas abertas, os seios erguidos, o quadril exposto.
— Lembrando que: quem cair paga. Quem paga, manda. Mas quem manda… não manda em mim.
Ela se sentou devagar, os dedos tocando o próprio corpo como se afinasse um violino. O banqueiro se aproximou e deu o primeiro impulso. Amandinha girou na cadeira, os cabelos voando, o corpo brilhando de suor e malícia.
Quando a cadeira parou, estava de frente para o gringo. Ele sorriu.
— Lucky me — murmurou, abrindo o zíper.
Ela desceu da cadeira como uma fera em câmera lenta.
— Deita no sofá, bebê. Tô com sede de dólar.
O pau dele já estava duro. Ela montou sobre ele de costas, encaixando sem aviso, gemendo alto e olhando diretamente para os outros homens.
— Tá assistindo, prefeito? — provocou, enquanto rebolava com força.
— Isso aqui é inflação real-time.
O gringo gemia, mãos nos quadris dela, tentando acompanhar. Mas ela controlava o ritmo: um giro, uma risada, um tapa no próprio clitóris.
Quando ele gozou, ela não parou. Virou-se pra ele, lambeu a boca dele, e disse:
— Próximo.
A cadeira girou de novo. Parou diante do homem de terno azul — senador.
— Espero que o senhor tenha mais fôlego que suas promessas — ela sussurrou, engatinhando até ele, enfiando o dedo no próprio sexo enquanto descia de joelhos.
Ela o chupou sem pressa, com profundidade, olhando pra cima o tempo todo. A cada gemido dele, ela ria.
— É isso? O senador poderoso goza com três sugadas?
Cuspiu no pau dele, esfregou nos próprios seios e voltou a engolir como se fosse o último homem da Terra.
Quando ele gozou, quase caiu no chão.
— E essa foi a sessão plenária — ela murmurou, lambendo os lábios.
A roleta girou mais duas vezes.
No próximo, ela cavalgou de frente, as mãos no peito dele, as unhas cravadas, as pernas tremendo — mas de prazer, não de cansaço.
— Vai, me fode como se eu fosse a dívida externa — ela sussurrava, rebolando com raiva.
O homem segurava seus cabelos, gemendo, tentando manter o controle. Ela gozou em cima dele, tremendo, os olhos revirando.
Depois dele, o último homem a puxou pelo pescoço.
— Você tá cansada? — perguntou, rosnando.
Ela sorriu, com a voz rouca.
— Tô só começando.
E se ajoelhou de novo, dessa vez com os braços presos atrás das costas por um dos outros homens, enquanto esse último penetrava por trás com brutalidade.
Ela gritou. Chorou. Riu.
Gozo escorrendo pelas pernas, maquiagem borrada, joelhos machucados no tapete. Mas cada grito dela era real.
— Mais forte. Vai. Me quebra.
Ele obedeceu. Bateu na bunda dela. Gozou dentro.
Ela caiu de lado, arfando, os lábios vermelhos escorrendo saliva.
Todos estavam exaustos.
Ela se levantou com dificuldade, os cabelos colados no rosto, o corpo ainda vibrando.
Pegou o maço de notas que jogaram no chão, contou com calma.
— Quatrocentos mil em uma hora. E ainda nem tirei o salto.
Acendeu um cigarro.
— Fica o recado: mulher que cobra não se entrega. Mulher que goza de verdade cobra em dobro.
E saiu do quarto como quem encerra um espetáculo.
Puta? Demônio?
CEO do prazer.
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Atualizado até capítulo 42
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