@Lucas Martins🥇
•Capítulo 005🥇
Aqui, no meu quadrado, a rotina é sempre igual. A cela é fria, o tempo parece que parou, e eu fico nessa contagem infinita dos dias. Três meses. Três meses trancado nesse inferno. Tudo por causa de uma briga idiota com a minha coroa. Desci pro asfalto de madrugada, peguei um carro pra dar um rolé, e na primeira britz... pá. Fui enquadrado. O carro era roubado. Aí já viu, né? Juiz me conhece, não gosta de mim, e tá segurando minha liberdade.
Eu sou Lucas Martins, 29 anos, mas geral me chama de Perigo. O dono da Rocinha. E não é porque eu gosto de me exibir, não. É porque eu faço o que precisa ser feito pra manter meu morro em ordem. Mas aqui dentro, irmão, até eu tô sujeito às regras dos outros. Um bagulho que me tira do sério.
Depois da consulta com a psicóloga hoje, tava aqui jogado no beliche, pensando na mina que entrou naquela sala. Quando eu vi ela pela primeira vez, cê acredita que nem reconheci de cara? Mas conforme o papo desenrolou, o jeito dela, o olhar firme... eu pensei: Caraca, essa mina me lembra alguém.
Depois que ela saiu, fiquei encucado. Peguei meu celular escondido, porque né, aqui todo mundo tem seus corres, e liguei pro PH. Meu braço direito, meu irmão de fé. O cara que resolve tudo pra mim.
— E aí, meu cria, beleza? — atendi no segundo toque, falando baixo. — Preciso de uma moral tua. Descobre aí quem é a psicóloga que veio falar comigo hoje.
— Ih, Lucas, que história é essa? Vai dar em cima da mulher da cadeia agora? — PH riu, mas o tom era sério.
— Para de caô, mano. Não é qualquer mina, não. Tem algo nessa mulher... Só descobre pra mim.
PH riu mais um pouco, mas aceitou. Trinta minutos depois, ele me liga de volta.
— Adivinha quem é? — Ele falou, rindo alto. — Júlia, aquela Júlia. A mina do asfalto, que cresceu com a gente no morro e foi embora pra estudar.
Eu fiquei em choque por uns segundos. Júlia. Claro que eu lembrava dela. Aquela garota que sempre foi diferente. Estudiosa, focada. Não queria saber de romance nem de corre errado. Eu era só um moleque apaixonado que ficava olhando pra ela, mas ela nem me dava bola.
— Pô, tá tirando, né? — Eu respondi, sem acreditar. — Não é possível. A mina virou psicóloga?
— Virou. E é ela mesma que tá no teu caso, meu irmão. — PH confirmou, e a risada dele me tirou do sério.
Desliguei sem me despedir, e já tava decidindo o que fazer. Queria falar com ela, entender o que rolava, talvez até fazer ela lembrar de como as coisas eram. Peguei o celular de novo e mandei uma mensagem pra ela.
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Mensagem para Júlia:
E aí, doutora? Eu sabia que conhecia você de algum lugar. Nem precisa negar. Tem gente que a gente carrega de outras vidas, tá ligado? E você sempre foi assim pra mim. Tem como trocar umas ideias?
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Fiquei olhando pro celular esperando ela responder. Passaram cinco minutos. Dez. Vinte. Nada. Entrei no perfil dela pra ver se ela tava online, e aí me toquei: a foto dela tinha sumido. Ela tinha me bloqueado.
Eu senti meu sangue ferver na hora. Quem ela achava que era pra me ignorar assim? Levantei da cama num impulso, bufando de raiva. Peguei o celular de novo e liguei pro PH.
— PH, cê não vai acreditar, mano. A Júlia me bloqueou! — Eu tava irritado, a voz mais alta do que deveria ser.
— Ué, mas o que cê fez, Lucas? — PH perguntou, rindo, como sempre.
— Não fiz nada, irmão! Só mandei uma mensagem maneira, na moral, e a mina me bloqueou. Pela coragem dela... Mano, vou te falar, eu não vou deixar ela em paz. Ela vai ter que falar comigo. — Minha voz saiu como uma promessa.
PH tentou me acalmar, mas eu já tava decidido. Se ela achava que ia me ignorar assim e sair ilesa, ela tava muito enganada. Afinal, eu sou o Perigo. E ninguém ignora o Perigo.
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Atualizado até capítulo 110
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