Capítulo 3

...A noite, Isa sai com Daniel e eu fico aqui no Ap sozinha. Peço um hambúrguer e assisto uma série enquanto como. ...

...A tela do meu celular acende. Mensagem do Leon. O meu irmão. ...

“—Ei,princesa. Olha, estamos fazendo a noite da pizza aqui. Só falta você. 😢”

...Junto com a mensagem, ele me manda uma foto com todo mundo junto. Meus pais, o vô Afonso, a Berta e até a Vó Eva e o Vô João. Ah meu Deus. Que saudadees. Só falta eu lá. ...

“—Aaah todo mundo juntoo. Que delícia! Queria tanto estar aí!”🥹

“—Estão falando sobre você aqui!”

“—Ah é? Espero que bem!”

“—Tá todo mundo ansioso e louco pra que você volte logo pra cá. Todo mundo,menos eu!”

“—Hum sei. Palhaço!”

“—Tá tudo bem aí? O que ta fazendo?”

“—Hum rum. To comendo hambúrguer e assistindo série!”

“—Teve estágio hoje?”

“—Hoje não.”

“—Entendi. Bom, deixa eu comer aqui, senão, não vai sobrar pra mim. Boa noite girassól. Todos estão te mandando um abraço aqui!

“—Boa noite chato. Manda um abraço pra eles também. Beijos, te amo! Amo vocês!❤️”

“—Amamos você também princesa! Boa noite!”

...Ah, que amor! Todo mundo juntinho. Ah, como eu queria estar lá também. ...

...Coloco o celular do meu lado e volto a comer meu hambúrguer. Um tempo depois, tomo um banho e vou dar uma adiantada no meu TCC. Isa ainda não chegou. Mando uma mensagem pra ela, só pra saber se tá tudo bem. ...

“—Oii. Desculpe, não quero atrapalhar vocês. É só pra saber se tá tudo bem aí.”

“—Oii. Tá tudo ótimo. Ele é maravilhoso amiga. Estamos tendo uma conversa tão gostosa.😍”

“—Ah que maravilha!😍”

“—Mas e você, tá tudo bem por aí?

“—Hum rum. Tá sim. Tô aqui escrevendo o TCC. Qualquer coisa me liga tá? E não vem embora muito tarde.”

“—Sim,senhora!”

“—Bom…Não quero atrapalhar. Boa noitee! E vê se não demora. E nem pense em ir pra algum outro lugar com ele. Direto pra casa.”

“—Ta bom mãe. Não se preocupe!”

“—Engraçadinha!”

“—Relaxa. Não vou pra lugar nenhum. Vou direto pra aí. Daqui a pouquinho já tô indo!”

“—Ta bom. Beijos!”

“—Beijoos!”

...Fico mais ou menos uns quarenta minutos escrevendo o TCC e vou me deitar. Coloco o celular do meu lado e me aconchego em baixo do edredom. Ligo a tv e abraço a Cristal que tá aqui do meu lado. Tão peludinha que parece um ursinho de pelúcia. Um tempo depois, acabo adormecendo....

……

...Acordo com o barulho da porta do meu quarto se abrindo. ...

ISABELA:—Ei. Só pra avisar que cheguei.

LAURA:—Eii. E aí, como foi lá?

ISABELA:—Ah foi…Foi uma merda. Você não vai acreditar!

LAURA:—Ai meu Deus!..

...Me sento na cama. ...

LAURA:—O que aconteceu??

...Isabela começa a rir. ...

ISABELA:—Tô brincandoo. Foi maravilhoso.

...Pego um travesseiro e jogo nela. ...

LAURA:—Isabela! Palhaça!

ISABELA:—Foi muito bom, amiga. Ele é gentil, respeitoso... E a conversa não foi aquela coisa chata, sabe? Foi muito leve e descontraída. Ele me ouvia com total atenção, e sempre olhando nos meus olhos. Sério, foi maravilhoso.

LAURA:—Hum, nossa! Que ótimo. Então, acho que vocês vão sair de novo, né?

ISABELA:—Sim, já combinamos para o próximo fim de semana.

LAURA:—Ah, que lindo. Já estou torcendo por vocês.

ISABELA:—Quem sabe, né? Vamos ver no que dá.

LAURA:—Sim. Quem sabe.

ISABELA:—Bom, vou deixar você descansar agora, tá? Boa noite!

LAURA:—Boa noite! A Cristal vai dormir comigo, viu? Nem pensa em tirar ela daqui.

ISABELA:—Hum, tá. Mas amanhã ela dorme comigo.

...……………….....

...DIAS DEPOIS…....

LAURA: — Droga! Cadê esse analgésico? Onde está?

...Estou no banheiro do estágio, procurando desesperadamente pelo meu analgésico. Não pode ser que eu tenha esquecido! Sempre deixo ele na minha bolsa. Será que eu tirei daqui sem perceber?...

...Me agacho em frente à pia, me contorcendo de dor. Ah, como dói, meu Deus... como dói!...

...Meu período menstrual sempre foi extremamente doloroso, desde a primeira vez, aos doze anos. Me lembro como se fosse ontem, a minha mãe desesperada, me levando ao médico enquanto eu chorava de tanta dor na barriga, acompanhada de um sangramento intenso. Naquele dia, só estávamos eu e minha mãe em casa. Leon estava na escola e meu pai, na fazenda. Quando soube do ocorrido, ele largou o trabalho e correu pro hospital para ficar ao meu lado....

...Alguns meses antes daquele dia, meus pais finalmente me revelaram, com detalhes, o que havia acontecido comigo quando eu tinha apenas sete anos. Contaram sobre o bolo envenenado com abortivos, sobre os danos que aquilo causou ao meu útero, e sobre a possibilidade, ainda incerta, da minha infertilidade. Na época, eu era pequena demais para entender tudo; tinham me poupado dessa parte dolorosa, deixando para me contar anos depois, pouco depois de eu completar meus doze anos. Foi também por volta daquele tempo, que Luana, a minha “verdadeira mãe”, entre aspas, a responsável por tudo aquilo, saiu da prisão. Ela foi liberada quando eu estava prestes a completar doze anos....

...Naquele dia, corremos para o hospital. Eu conseguia ver o medo nos olhos dos meus pais. O medo de que aquilo fosse algo sério, algo ligado ao passado. Ao que Luana havia feito comigo. E de certa forma, era. Eles estavam certos. Tinha, sim, relação com tudo aquilo....

...No fim, não era uma emergência médica. O sangramento intenso e a dor lancinante que me faziam contorcer, eram na verdade, a minha primeira menstruação. Cólica, disseram. Mas não era uma dor comum. Não era para doer tanto assim. Havia algo errado. Meus pais, hesitantes, contaram ao médico o que havia acontecido anos antes. O bolo contaminado com abortivos, os danos silenciosos que se alojaram no meu corpo infantil. O médico pediu exames, e foi com eles que veio a verdade. A dor mensal que me causa desconforto a anos, vem dos estragos causados ao meu útero. Estragos deixados por veneno disfarçado de sobremesa. O bolo que minha própria mãe preparou, não para mim, mas para Helena. Para que ela perdesse o bebê. Para que o meu irmão sequer chegasse a existir....

...Mas quem comeu fui eu....

...Por causa dela, eu poderia ter perdido meu irmão. Poderia ter perdido a Helena. Eu mesma poderia ter morrido....

LAURA: — Ah, que dor… Droga! Preciso do analgésico...

...Estou agachada no chão do banheiro, com as mãos pressionando meu abdômen, de tanta dor. Fernanda, uma das pessoas que está estagiando comigo, entra apressada e se assusta ao me ver daquele jeito. ...

FERNANDA: — Laura? O que aconteceu??

...Ela se aproxima preocupada e se agacha em minha frente. ...

FERNANDA: — O que houve??

LAURA: — Não se preocupe… É só uma cólica muito forte. Preciso de um analgésico… Por favor...

FERNANDA: — Certo… Eu vou ver se alguém tem algum remédio.

LAURA: — Fala com a Isabela, talvez ela tenha.

FERNANDA: — Tá bom. Eu já volto.

...Ela sai apressada e eu permaneço aqui, na mesma posição, com os olhos marejados pela dor. ...

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Comments

Aparecida Fabrin

Aparecida Fabrin

coitada , tudo por culpa da mãe, se é que pode ser chamada de mãe uma pessoa dessa./Awkward//Awkward//Awkward/

2025-06-15

1

bete 💗

bete 💗

o que casou a ela e inadmissível
agora ela sofre espero que ela consiga se curar
❤️❤️❤️❤️❤️

2025-06-14

0

Professora Graça de Língua Portuguesa e Filosofia

Professora Graça de Língua Portuguesa e Filosofia

Tadinha, a Laura não merecia passar por isso... Torcendo aqui pela felicidade dela...

2025-07-04

0

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