Reencanei Como O Protagonista
Coisas Bonitas e Boas Como Você
O quarto de Suriel era amplo, silencioso, decorado com tons escuros e móveis de madeira entalhada. A banheira já estava sendo preparada por uma serva silenciosa uma das poucas que ainda respeitava as normas com discrição. Assim que viu Lucas carregando Castiel, ela abaixou a cabeça e desapareceu sem uma palavra.
Lucas colocou Castiel sentado na ponta da cama, com cuidado, como se fosse feito de vidro.
Castiel, ainda tremendo um pouco, abaixou os olhos. Estava confuso. O peito apertado, o coração batendo tão rápido que ele achava que ia desmaiar. Mas, acima de tudo, havia uma pergunta que ele não conseguia guardar.
Castiel
Por que… por que você me mandou fechar os olhos e tampar os ouvidos?
Lucas se virou para ele, sorriu de leve, e respondeu com naturalidade:
Suriel
Porque eu só quero que você veja e ouça coisas bonitas e boas… como você.
Castiel ficou paralisado.
Ele piscou várias vezes, achando que tinha ouvido errado. Aquilo… aquilo não fazia sentido. Suriel nunca dizia esse tipo de coisa. Nunca. Não para ele.
Por impulso, levantou a mão e encostou os dedos na testa de Lucas, como se procurasse por febre.
Lucas arqueou uma sobrancelha, surpreso com o gesto.
Mas Castiel pareceu perceber o que tinha feito dois segundos depois.
Se afastou rápido, como se tivesse tocado fogo.
Castiel
M-me desculpa!
•disse, gaguejando•
Castiel
Eu… eu só queria ver se você não estava doente!
Castiel
Eu sei que… eu lembro que você pediu uma vez pra eu nunca te tocar… que era nojento...
Castiel
Desculpa... eu não queria te incomodar de novo...
Aquela lembrança caiu como um peso entre os dois.
Lucas ficou em silêncio por um instante. O coração apertado. A raiva não de Castiel, mas de Suriel. Do verdadeiro. Aquele que tinha sido cruel o bastante pra dizer isso a alguém tão doce.
Sem responder com palavras, Lucas simplesmente se aproximou e pegou Castiel no colo de novo. O pequeno ômega arregalou os olhos, mas não teve tempo de reagir Lucas o deitou com delicadeza sobre a cama e segurou sua mão com gentileza.
Levou a mão de Castiel até sua própria testa e sorriu.
Suriel
E então? Estou com febre? Pareço doente pra você?
Castiel ficou paralisado. Suas bochechas, que já estavam coradas, ficaram em chamas.
Castiel
N-não!
•respondeu apressado, balançando a cabeça várias vezes•
Castiel
Você… você parece bem. Só… diferente...
Lucas sorriu, segurando firme aquela mão pequena.
Os dedos delicados de Castiel escorregaram levemente, passando sem querer pela bochecha de Lucas, depois pelo queixo… e por fim roçaram os lábios dele.
Lucas levou os lábios à palma da mão de Castiel e depositou um beijo suave, quente.
Castiel prendeu a respiração, os olhos arregalados, o rosto inteiro tingido de vermelho.
Castiel Tentou dizer algo, mas só conseguiu puxar a mão de volta rapidamente, cobrindo o rosto com vergonha.
Lucas soltou uma risadinha baixa. Aquela mãozinha quente deixava uma saudade imediata. Era como um raio de sol em meio a tudo que ele odiava naquele corpo, naquela história.
Suriel
você é muito fofo,Castiel.
Mas então, a lembrança voltou: ele era Suriel agora.
O nome que causava medo. A figura que havia destruído Castiel dia após dia.
Ele suspirou fundo, se afastando, voltando à postura mais fria.
Suriel
Vai tomar banho logo
•disse, tentando esconder o tom gentil que ainda escapava•
Suriel
Você vai acabar pegando um resfriado com essa roupa molhada.
Castiel se levantou devagar, hesitante, segurando a jaqueta dele como se fosse algo precioso.
Antes de entrar no banheiro, virou-se por um instante.
Suriel
Não me chame assim.~
Mas não disse nada.
Apenas encarou a porta se fechando atrás de Castiel, com o coração pesado… e determinado.
Suriel
A história não vai se repetir. Não enquanto eu estiver aqui.
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