— Então... — minha voz sai um pouco trêmula, mas tento manter a compostura — vou começar com algo básico.
Ela não responde de imediato. Apenas observa. A cabeça levemente inclinada, os olhos semicerrados, como se estivesse mais interessada em mim do que nas minhas perguntas.
— Por que escolheu o mundo dos negócios, Sra. Blake? — Tento soar confiante, segurando firme a caneta, que insiste em deslizar entre meus dedos suados.
Por um instante, ela permanece em silêncio. Seus olhos não piscam, e aquele olhar... Meu Deus. É como se ela pudesse atravessar minha pele, meu corpo inteiro, até alcançar minha alma.
Ela desliza uma das mãos sobre a mesa, lentamente, quase como um gesto ensaiado para atrair atenção.
— Poder. — Sua resposta vem seca, direta, carregada de uma segurança que faz meu estômago despencar.
Pisco, surpresa.
— Poder? — repito, mais para confirmar se ouvi direito.
Seus lábios curvam-se lentamente.
— Sim. Desde muito jovem, percebi que, no mundo, existem dois tipos de pessoas, Lia... — Seus olhos prendem os meus, me hipnotizando. — As que controlam... e as que são controladas.
Engulo em seco. Meu corpo inteiro arrepia, como se aquela simples frase tivesse atravessado minha espinha.
Ela se recosta na cadeira, cruzando as pernas novamente, com uma elegância que é quase uma provocação.
— Eu... — Tento organizar meus pensamentos, lutando contra aquele efeito absurdo que ela tem sobre mim. — E... acredita que isso também se reflete na sua vida pessoal?
Por um instante, o silêncio pesa. Os olhos de Victoria ficam ainda mais intensos. Quase sombrios.
Ela sorri. Devagar.
— Mais do que você imagina. — Sua voz baixa faz meu corpo inteiro formigar. — Mas... — Ela faz uma pausa, como se me medisse. — Este não é exatamente o tipo de pergunta acadêmica, é?
Meu rosto queima na hora.
— E-eu... — tropeço nas palavras. — N-não foi... minha intenção...
Ela ri, baixa, rouca. É um som lindo, mas que me provoca arrepios e borboletas no estômago.
— Relaxe, Lia. — Sua voz suaviza, mas o olhar não perde aquele tom... predador. — Eu não mordo.
Mente. Eu vejo nos olhos dela. Ela mente. Ela definitivamente morde... E mais do que isso.
— Ainda. — Ela completa, e meu coração simplesmente para por dois segundos.
Sinto que o ar some dos meus pulmões. Desvio o olhar por um segundo, fingindo arrumar minhas anotações, apenas para não desmoronar na frente dela.
Respiro fundo. Tento não desabar. Tento não corar mais do que já estou. Tento, tento... mas falho miseravelmente.
— Certo... — minha voz sai falha. — Vamos prosseguir...
Victoria não diz nada. Apenas observa. Seu olhar segue cada movimento meu, como se estudasse minhas reações, meus limites, meus medos... minhas fraquezas.
— Quais foram os maiores desafios que enfrentou como mulher nesse mercado tão... competitivo? — Pergunto, tentando puxar a entrevista de volta para um lugar mais seguro.
Ela cruza os braços, recostando-se mais ainda, como se estivesse confortável no jogo que, claramente, controla desde o primeiro segundo.
— Desafio? — Ela repete, como se testasse a palavra. — O maior desafio, Lia, foi ensinar a todos os homens ao meu redor que eu não sou... domável.
Sinto um arrepio. Forte.
Ela sorri, levemente. Seus olhos percorrem meu rosto, deslizam até meu pescoço... e então descem, discretamente, para meu colo. Rápido o suficiente para parecer acidental. Lento o bastante para que eu perceba.
Engulo em seco. De novo.
— E, às vezes... — Ela desliza os dedos pelos lábios, pensativa. — A questão não é quem está disposto a se submeter... mas quem tem coragem de se entregar.
Meu corpo inteiro responde. Uma mistura de calor, confusão, fascínio e um tipo de medo que não me faz querer fugir... mas chegar mais perto.
— E você, Lia? — Ela pergunta de repente. — Você é do tipo que gosta de ter o controle? Ou de... entregá-lo?
Meu cérebro simplesmente trava.
O que...
Que tipo de pergunta é essa...?
Mas, no fundo... bem no fundo... talvez eu já saiba a resposta.
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Atualizado até capítulo 33
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