Capítulo 4

Na loja de vestidos de noiva, Mag estava em pé diante do espelho, vestindo um deslumbrante vestido branco que caía suavemente ao redor de seu corpo.

No entanto, a beleza do vestido era ofuscada pela cicatriz de queimadura visível em seu ombro, uma marca permanente do incêndio em que ela salvou Adam. A vendedora, percebendo a tensão no ar, sugeriu com um tom hesitante:

— Senhorita Mogane, talvez você devesse experimentar outro?

Era o quinto vestido que ela havia provado, e cada um parecia não conseguir esconder a cicatriz que contava uma história dolorosa.

Adam estava ali, observando-a com um lampejo de culpa nos olhos. Ele estava em uma ligação, mas agora seu olhar estava fixo na cicatriz que ele conhecia tão bem.

Após alguns gestos, ele desligou o telefone e se aproximou.

Tentando tocar a cicatriz como tantas vezes antes, Mag desviou-se silenciosamente da sua mão. A mão de Adam congelou no ar, e ele olhou para ela com confusão. Mag sinalizou evasivamente:

"Há muitas pessoas"

Por um instante, Adam hesitou, mas logo puxou a mão dela com força e beijou a ponta dos seus dedos. Com um olhar cheio de sinceridade, ele sinalizou:

"Você não está feliz? Está tudo bem. Mag, você sempre será a mais linda do meu coração."

Nquele momento, era como se estivesse vendo o Adam de dezoito anos novamente, cheio de esperança e amor.

Mas rapidamente ela se recuperou da nostalgia. O relacionamento deles era como aquele vestido: ou o estilo era feio demais ou simplesmente não conseguia cobrir as cicatrizes que ambos carregavam.

E mais importante ainda, ele já estava contaminado.

Mag puxou a mão de Adam de forma leve, respondendo com um sorriso tímido, antes de se virar para trocar de vestido.

Enquanto ela se despedia do tecido branco, o som do telefone de Adam ecoou do lado de fora do provador. Era Catherine, sua voz suave e angustiada, informando que sua menstruação tinha chegado e que a dor era tão intensa que ela se sentia como se estivesse morrendo.

Adam imediatamente respondeu, seu tom preocupado e reconfortante. Mag, percebendo a situação, rapidamente vestiu as suas próprias roupas.

No segundo seguinte, Adam ignorou as objeções da assistente de vendas e abriu a porta do provador com frustração.

— Mag, você morreu aí? Por que você é tão lenta? - A impaciência estava evidente na sua voz, e ele ainda segurava o botão de mensagem de voz.

Mas, ao retornar a ligação de Catherine, o seu tom mudou repentinamente para um murmúrio suave:

— Não se preocupe, eu vou aí agora mesmo e te faço companhia.

Mag o encarou, e por um instante ele pareceu sentir uma pontada de culpa por sua atitude impetuosa. O clima no ar estava pesado, e a assistente de vendas, percebendo a tensão, riu nervosamente e tentou intervir:

— Você está prestes a se casar; pode ser um pouco mais gentil com seu tom, certo?

Adam zombou da sugestão, respondendo:

— Ela é apenas uma pessoa surda; eu realmente preciso me importar com o tom quando falo com ela? - Suas palavras não eram apenas uma defesa; pareciam também um reflexo da sua própria necessidade de conforto.

A pequena culpa que havia brilhado nos seuss olhos desapareceu imediatamente.

Ele não se importava porque ela parou de experimentar o vestido de noiva.

No segundo seguinte, após enviar a mensagem de voz, ele olhou friamente para Mag e sinalizou que algo urgente havia surgido no trabalho e ele tinha que sair imediatamente.

Dizendo isso, ele virou-se e saiu sem olhar para trás.

A voz coquete de Catherine parecia ainda ecoar na loja.

A assistente de vendas tinha testemunhou um triângulo amoroso especial.

Ela olhou para Mag com simpatia.

Mag entregou o vestido de noiva a ela, e ela perguntou:

— Você gostaria de remarcar e voltar outro dia para experimentar vestidos?

Então ela percebeu que Mag não conseguia ouvir e estava prestes a encontrar papel e caneta para se comunicar com Mag que sorriu para ela.

— Não precisa, você pode ficar com o depósito, eu não voltarei.

— Você pode ouvir? Então ainda pouco...

Sob o seu olhar surpreso, Mag desligou o botão de gravação do seu bolso, e deu-lhe um leve sorriso e saiu.

Nos dias seguintes, Adam não voltou para casa.

Ele só aparecia ocasionalmente nas postagens de mídia social de Catherine.

Ela acidentalmente encontrou seu outro telefone.

O conteúdo dentro fez o seu coração antes calmo congelar enquanto os dois estavam envolvidos no seu caso apaixonado; ela já tinha conseguido seu visto e começou a guardar as suas coisas em casa.

Estavam juntos há dez anos.

Havia muitas memórias compartilhadas.

Certa vez, ele economizou sua mesada por seis meses para comprar a melhor câmera, sempre implorando e a persuadindo a tirar fotos.

Ele disse que cada dia que passavam juntos era precioso e merecia ser registrado.

Mas desde que Catherine voltou; mesmo quando ela queria tirar uma foto de família com ele no Ano Novo, ele a chamava de infantil e empurrou sua mão, embora com desgosto.

No entanto, quando Mag olhou para as redes sociais de Catherine, encontrou fotos deles juntos, postada descaradamente.

A imagem a atingiu como um soco no estômago; ela costumava ser surda e cega para essas provocações tão óbvias.

Sentindo-se invadida por uma onda de emoções, reuniu milhares de suas fotos antigas e decidiu queimá-las até as cinzas. A luz do fogo refletiu em seu rosto, lembrando-a do dia em que seus pais faleceram, trazendo à tona memórias que ela preferia esquecer.

Com apenas oito dias antes do casamento, Adam finalmente voltou. Ele parecia exausto e, ao abrir a porta, franziu a testa ao ver Mag.

"Por que a casa parece tão vazia?" ele sinalizou, mas ela não respondeu.

Naquele momento, ele não se preocupou em pensar em assuntos tão triviais; sua mente estava ocupada com outras coisas.

Em vez disso, um sorriso formou-se no seu rosto enquanto sinalizava:

"Você escolheu seu vestido de noiva?"

Quando viu Mag acenar em confirmação, os olhos dele brilharam de satisfação: "Ótimo."

Ele então se virou e foi ao banheiro para se refrescar.

Mag notou a caixa de tênis de corrida que ele havia deixado na entrada. Curiosa, ela abriu a caixa para dar uma olhada, sentindo uma mistura de expectativa e ansiedade.

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