Flores do Verão
O som dos sinos ecoava, contrastando com o clima pesado que pairava no ambiente. Não havia amor naquele altar. Nem sorrisos sinceros. Apenas obrigações, acordos e olhares de julgamento.
Kelly ajeitou o vestido branco, bufando. O tecido era lindo, elegante, digno de qualquer princesa… se não fosse para um conto de fadas completamente distorcido. Seus olhos refletiam determinação, mas também revolta. Ela estava prestes a se tornar a esposa de um homem que mal conhecia — e que, segundo a própria família dele, não passava de um inútil.
Do outro lado, Felipe ajustava os punhos da camisa, o olhar sério, mandíbula travada. Seu terno preto impecável parecia não combinar com o desprezo estampado nos rostos ao redor. Seus irmãos, primos, tios… todos olhavam pra ele como quem observa alguém que falhou na vida.
— “Olha só… o fracassado se casando. Deve ser a única coisa que ele consegue fazer direito.” — sussurrou um dos primos, alto o suficiente para Felipe ouvir.
Ele ignorou. Como sempre fazia. Autocontrole era parte de quem ele era. O que ninguém ali sabia, é que por trás daquele olhar frio e supostamente derrotado, havia um soldado. Um homem treinado para enfrentar muito mais que palavras afiadas.
Quando Kelly cruzou as portas da igreja, todos se viraram. Ela estava deslumbrante, altiva, imponente. O que deveria ser uma cena romântica, virou um campo de guerra silencioso.
Os olhos dela encontraram os dele, e o embate começou ali. Nenhum dos dois desviou. Nenhum piscou.
“Eu não vou facilitar.” — diziam os olhos dela.
“Ótimo. Eu também não.” — respondiam os dele.
Ao chegar no altar, ela não lhe deu a mão. Apenas ergueu o queixo, desafiadora.
O padre pigarreou, claramente desconfortável com o clima. — “Estamos aqui reunidos…” — começou, sua voz tremendo, tentando conduzir uma cerimônia que mais parecia um tribunal.
Durante os votos, Kelly falou olhando diretamente nos olhos dele, a voz firme, cortante:
— “Prometo… conviver. Só isso.”
Felipe arqueou uma sobrancelha, o canto da boca curvando em um meio sorriso cínico. — “Perfeito. Prometo o mesmo.”
Quando o padre autorizou o beijo… eles simplesmente não se beijaram. Apenas se encararam, como dois generais em lados opostos de uma guerra que mal começou.
Na saída da igreja, os cochichos eram inevitáveis:
— “Isso não vai durar.”
— “Ela não faz ideia no que se meteu.”
— “Ele é um fracasso, tadinha.”
Felipe apertou o maxilar, mas não respondeu. Sabia que o silêncio era sua maior arma naquele momento. Kelly, por sua vez, segurava a saia do vestido, andando como se desfilasse no meio dos próprios julgamentos.
Dentro da limousine, o silêncio era tão pesado que chegava a doer. Até que ela quebrou:
— “Se acha que vai ter vida fácil, está enganado, De Luca.”
Ele virou lentamente o rosto pra ela, olhos semicerrados, e a voz veio grave, arrastada, como uma ameaça velada:
— “E se acha que sou qualquer coisa que essa sua cabecinha acha… prepare-se pra quebrar a cara, senhora De Luca.”
Os olhos de ambos ardiam. Não havia amor. Ainda. Só orgulho. Desprezo. E uma tensão que prometia explodir a qualquer segundo.
Mal sabiam eles… que, no fundo, o que mais odiavam… era o quanto já começavam a se atrair.
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gente a parte que não se beijaram eu decidi mudar ok 😁
Espero que gostem..
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Márcia Batista
Quantas palavras incentivadoras /Frown/
2025-06-07
1