O Preço da Aproximação

Os dias seguintes foram uma corda bamba para Isabella. Lucas continuava se aproximando, sempre com gentilezas, chocolates, conversas. Ela sentia algo se mexendo dentro de si — uma mistura de dúvida, encanto e medo.

Na escola, todos começaram a reparar.

— Isabella, você tá ficando com o Lucas? — perguntou Mariana, uma colega do terceiro ano, no banheiro, enquanto retocava o batom.

— Não. Claro que não. — Isabella respondeu, quase rindo da ideia.

— Porque tá rolando uns boatos. Disseram que viram vocês juntos quase todo dia.

Isabella não respondeu. Não gostava de alimentar fofocas. Mas algo nela começava a se incomodar.

No refeitório, Lucas já a esperava na mesa, com um suco de maracujá e um salgado.

— Seu favorito, né? — ele disse, todo orgulhoso.

Ela sentou, meio sem graça.

— Você anda me observando demais.

— Talvez. Gosto de te conhecer.

— Ou de me controlar?

Ele franziu o cenho, surpreso.

— Por que essa defensiva toda?

Ela suspirou, tentando parecer firme.

— Porque gente como você gosta de brincar com gente como eu. E eu não sou brinquedo.

Lucas se calou por alguns segundos. E então disse:

— Você acha que eu sou mais um riquinho mimado, né?

Ela não respondeu. Mas ele entendeu o silêncio.

— Às vezes, eu também queria ser invisível. Não por culpa, mas pra ver quem realmente ficaria do meu lado se eu não tivesse o nome Ferraz.

Isabella o observou com olhos atentos. Pela primeira vez, talvez, ela tivesse visto um pouco de verdade em suas palavras. Ou seria só mais um teatrinho?

Na sexta-feira, a aula de literatura estava silenciosa. A professora pediu uma redação sobre “uma escolha que mudou sua vida”. Isabella escreveu com o coração. Contou sobre a escolha da bolsa, sobre sair da antiga escola, sobre os sacrifícios da mãe.

Quando terminou, sentiu vontade de chorar. E ao sair da sala, deu de cara com Lucas no corredor.

— Tudo bem? — ele perguntou, vendo os olhos dela marejados.

— É só cansaço — ela respondeu, desviando o olhar.

Ele estendeu um lenço de papel. Sem dizer nada, apenas ficou ao lado dela por alguns segundos.

— Obrigada — ela disse, num sussurro.

— Você já pensou que, talvez... eu também precise de alguém que me enxergue além do sobrenome?

Dessa vez, Isabella ficou sem resposta.

No sábado, enquanto lavava roupas com a mãe em casa, ela se pegou pensando em tudo que estava acontecendo. A mãe notou o olhar distante.

— Tá com a cabeça onde, filha?

— Em lugar nenhum... só pensando.

— No colégio?

Isabella assentiu.

— Só toma cuidado, tá? Meninos ricos sabem brincar com os sentimentos das meninas simples. E às vezes... não se importam com as consequências.

Aquela frase caiu como uma pedra.

Como se fosse um aviso do destino.

E Isabella sabia. Ela não podia se permitir se entregar. Por mais que o coração começasse a se abrir, algo dentro dela gritava: cuidado.

Do outro lado da cidade, Lucas também estava pensativo. Sozinho no quarto, deitado na cama, encarava o teto.

Rafael,um dos seus amigos riquinhos,mandava mensagens insistentes:

“Cara, já deu. Só diz que venceu. Já passou tempo suficiente.”

Mas Lucas hesitava em responder. Pela primeira vez na vida, ele não tinha certeza se ainda era uma aposta... ou se ele estava realmente se apaixonando.

E isso... o assustava.

O jogo que ele começou estava fugindo do controle.

E quando se mistura orgulho com sentimentos verdadeiros…

Alguém sempre sai ferido,mas dessa vez, não seria só ela.

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