Capítulo 2 — Um Novo Corpo, Um Novo Mundo
A luz que os envolveu desapareceu tão rápido quanto surgiu. Nio sentiu seus pés tocarem o chão de novo — mas um chão diferente. Era macio, coberto por folhas secas e terra úmida. O som de pássaros estranhos ecoava pelas árvores altas e retorcidas ao redor. Havia magia no ar — ele podia sentir, mesmo sem entender como.
— Pai...?
A voz doce e familiar o chamou. Ele se virou e viu uma jovem se aproximando. Por um momento, não a reconheceu.
— Você... Eliza?
— Sou eu, pai... — ela parou, com um olhar curioso. — Mas... é você mesmo?
— Sim, sou eu. Por quê essa pergunta...?
Ela sorriu e deu um passo à frente.
— Você tá jovem! Não aparenta mais que 20 anos... e seu cabelo... tá vermelho! E tá... lindo.
Nio levou a mão ao próprio rosto e depois ao cabelo. Era verdade. A pele antes marcada por rugas e manchas agora estava lisa. A dor constante que o acompanhava havia sumido. E seu cabelo, que fora grisalho e ralo, agora era espesso e caía até os ombros, vermelho como fogo.
— O que... como isso é possível...?
— Eu que pergunto! — Eliza deu uma risadinha. — E eu? Como eu tô?
Ele a observou com carinho. A menina diante dele parecia ter entre 14 e 16 anos. Era bela, com olhos grandes e intensos, e longos cabelos brancos que dançavam com o vento. Seu rosto lembrava muito uma cantora famosa que ela adorava — Nio esquecera o nome, mas a semelhança era gritante.
— Você tá linda. Parece aquela cantora que você amava... uma jovem de cabelos brancos, lembra?
— Aaaaah! Eu sabia que ia ficar incrível!
Eles riram juntos por um instante, aliviados por estarem vivos. Ou pelo menos... algo próximo disso.
— Onde estamos? — Nio perguntou, olhando ao redor.
— Sem ideia. Mas isso tudo... parece um RPG. E eu adoro RPG! — disse Eliza empolgada. — Acho que é hora de tentar entender nossa magia. Vamos explorar!
Seguiram por entre as árvores até encontrarem um riacho cristalino, com água tão limpa que podiam ver o fundo. Eliza imediatamente se aproximou da margem e começou a concentrar-se.
Enquanto ela treinava, Nio se afastou e andou pelo mato. Pegou um galho firme, improvisou uma linha com fibras das plantas ao redor, encontrou uma raiz resistente para fazer o anzol e, em poucos minutos, já pescava. Também reuniu folhas largas, gravetos e cipós para montar uma pequena tenda e uma fogueira. Quando o sol começou a sumir, ele já havia limpado dois peixes e os colocava sobre as brasas.
Eliza, impressionada, se aproximou.
— Pai... como você fez tudo isso?
Ele olhou para as mãos sujas de terra, pensativo.
— Não sei. Foi como se... eu tivesse possuído. Era como se eu soubesse exatamente o que fazer, sem pensar.
— Isso é incrível. Talvez esse seja o seu poder... adaptação total, lembra?
— É... talvez seja isso.
Sentaram-se lado a lado, comendo o peixe assado enquanto a noite caía. A floresta ganhava sons misteriosos, mas ali, junto à fogueira, sentiam-se seguros.
— Acho que minha magia é água mesmo. Eu consegui formar bolhas e até criar um pequeno jato. Se fosse classificada por ranks... diria que tá no nível Hank C no máximo.
— E isso é ruim?
— Não! C é bom! Só tô curiosa pra saber até onde posso chegar...
Conversaram até tarde, sonhando com possibilidades. Falaram sobre encontrar uma vila, descobrir mais sobre aquele mundo e, talvez, entender por que os deuses os trouxeram ali.
Quando Eliza finalmente adormeceu, encolhida na pequena tenda, Nio ficou de vigília. Observava a floresta escura, atento a cada som. Ainda era um pai. E proteger sua filha era, acima de tudo, sua missão.
O vento soprou suave, como se dissesse: o pior passou... por enquanto.
Continua...
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Silva Writer
E pelo jeito eles vão ser bem poderosos. 😎
Achei legal você ter abordado essa questão familiar deles. Pai e filha protagonistas, não é muito comum nos gêneros de isekai.
2025-05-27
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