Era um domingo comum. Um daqueles dias em que o sol entra preguiçoso pela janela, onde até o tempo parece cochilar. Ian estava de pé, com um pano de chão em uma mão e o borrifador de essência de lavanda na outra. O apartamento — pequeno, bem iluminado e organizado com uma precisão quase clínica — cheirava a limpeza, a calma forçada, a um tipo de silêncio que só os obcecados conseguem cultivar.
Ele acabava de dobrar o último pano seco quando o celular vibrou sobre a bancada.
Uma notificação. WhatsApp.
Número desconhecido.
Ele destravou a tela, ainda distraído, mas conforme os olhos liam as três primeiras frases, cada célula de seu corpo pareceu acordar.
> “Oi. Tô com seu currículo aqui.
Vi que você tem experiência em assistência direta.
Serve pra mim.”
Seco. Objetivo. Impessoal.
E ainda assim, tão íntimo. Tão dele.
Ian leu e releu as palavras. Sentiu um frio na espinha subir, gelado e ardente como febre súbita. O coração disparou como uma sirene silenciosa em seu peito.
E então veio a quarta frase:
> “Ah. Sou o Jae-Hyun. O modelo.”
Como se ele não soubesse. Como se seu coração não tivesse gritado desde a primeira sílaba.
Como se o cheiro daquela mensagem já não exalasse o mesmo tom dominante e casual de quem sabe que pode tudo.
Ian apertou o celular entre os dedos com mais força do que deveria. Respirou fundo. Quase respondeu de imediato, mas conteve-se — não podia parecer desesperado. Mesmo que estivesse.
A conversa seguiu, com mais algumas mensagens simples, sem emojis, sem firulas. Um toque ou outro de sarcasmo nas palavras dele, como quem já se sentia no comando da situação.
Jae-Hyun não mandou contrato. Não disse nada sobre RH. Só fez uma pergunta:
> “Pode começar amanhã, né? Segunda. 9h. Te mando o endereço do loft.”
Simples. Direto. Como se estivesse contratando um entregador, e não um assistente pessoal que estaria ao seu lado todos os dias, em cada compromisso, em cada bastidor, em cada queda de máscara.
Ian demorou exatos quarenta segundos para responder. Foi o tempo necessário para pensar em como parecer calmo e eficiente, enquanto as mãos tremiam.
> “Claro. Estou disponível sim. Estarei lá no horário.”
Mensagem enviada. Lida em menos de cinco segundos. Sem resposta depois disso.
Mas Ian não precisava de mais nada.
O alfa o havia escolhido.
Ele mesmo. Sem filtros. Sem intermediações.
Sem lembrar o passado, claro.
Mas tudo bem.
Ian lembrava pelos dois.
E a partir de segunda-feira, tudo começaria.
O plano.
A aproximação.
O reencontro silencioso de um amor que nunca existiu — mas que ele estava disposto a criar, mesmo que à força.
E se Min Jae-Hyun não lembrava quem era Ian Monteiro...
Ele logo iria se apaixonar por ele.
Mesmo sem saber que já o machucou um dia.
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[Cena Extra — Enquanto Ian Recebia a Mensagem...]
O som abafado de gemidos ecoava no loft luxuoso da Zona Sul. Luzes indiretas projetavam sombras carnais pelas paredes de concreto polido, enquanto o cheiro forte de sexo, suor e feromônio alfa saturava o ar.
Ela — a agenciadora vulgar e ambiciosa — estava de quatro sobre o sofá de couro italiano, as unhas fincadas no estofado, o cabelo desalinhado, a maquiagem borrada. O terninho caro agora era só um pano amassado no chão.
Jae-Hyun movia-se com ritmo firme, penetrando fundo, sem pressa, com uma frieza quase clínica — como se foder alguém fosse apenas mais uma tarefa da rotina.
Ele não gemia. Só suspirava, entediado.
Os olhos baixos no celular em uma das mãos, os quadris ainda encaixados nos dela, como se seu corpo seguisse em automático.
Digitava.
> “Oi. Tô com seu currículo aqui.
Vi que você tem experiência em assistência direta.
Serve pra mim.”
O polegar pausou sobre a tela por um segundo.
Mais um impulso dos quadris, um arquejo arranhado dela, uma batida seca do corpo contra o dela.
Mais uma frase:
> “Ah. Sou o Jae-Hyun. O modelo.”
Ele sorriu de canto. Quase debochado.
Sem tirar de dentro, sem parar os movimentos, pressionou “enviar”.
A mulher debaixo dele gemeu alto ao sentir o feromônio dele subir como uma onda de calor — um cheiro dominante, quase cruel, que deixava tudo submisso ao redor.
— Tá distraído... — ela sussurrou, ofegante, tentando chamar atenção.
Jae-Hyun nem respondeu.
Jogou o celular de lado no sofá, pegou nos quadris dela com mais força e acelerou os movimentos.
Por fora, pura dominação.
Por dentro… um buraco que nem gemido preenchia.
Mas amanhã seria segunda-feira.
E ele teria um novo brinquedo ao alcance dos olhos.
Mesmo que ainda não soubesse
o quanto esse brinquedo estava disposto a quebrar tudo pra tê-lo.
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Atualizado até capítulo 30
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