3 Casa Silenciosa

A casa de Henrique era imensa, mas não de um jeito imponente e frio. Era uma casa antiga, com amplos corredores e paredes de pedra que pareciam guardar os segredos e as histórias de muitas gerações. O aroma do campo e do café fresco invadiu meu nariz assim que entrei pela porta, e, por um momento, senti um pequeno conforto. No entanto, ao olhar ao redor, meu coração apertou. Esse seria meu novo lar. Aquele lugar, com seus vastos jardins e seu silêncio profundo, agora seria minha casa.

Nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Minha vida, até aquele momento, sempre foi uma sequência de pequenos sacrifícios para cumprir com expectativas que não eram minhas. Mas o casamento com Eduardo, que já me parecia uma obrigação desde o começo, agora me forçava a dar mais um passo: viver com ele, na casa de seu pai, onde eu passaria meus dias em uma tentativa desesperada de encontrar um pouco de paz.

A casa de Henrique era diferente da cidade, diferente do mundo que eu conhecia. Os móveis eram rústicos, mas confortáveis, como se a casa tivesse sido construída com a ideia de durar por séculos. As janelas grandes, com vista para o campo, deixavam a luz do sol entrar de forma suave, e isso me fazia sentir que havia algo de bom, algo de puro, naquele lugar. Mas também havia algo de pesado, algo de antigo, que não conseguia entender completamente. Uma energia no ar, como se a casa estivesse cheia de memórias, muitas delas que eu jamais saberia desvendar.

Quando entrei, Henrique estava na sala, lendo um livro com a calma de alguém que não tinha pressa. Ele me olhou e, pela primeira vez desde que cheguei ali, seus olhos pareciam realmente me ver. Não era como Eduardo, que raramente me prestava atenção. Henrique, com sua sabedoria silenciosa, sabia o que acontecia ao meu redor. Ele sabia da pressão, do peso de estar casada com seu filho, mas ao mesmo tempo, eu sentia nele uma espécie de acolhimento, como se fosse a única pessoa que entendesse a minha dor.

Henrique-Bem-vinda, Juliana”, disse ele, com a voz grave e suave, como se suas palavras pesassem no ar, mas de maneira reconfortante.

Henrique- Fique à vontade. Esta é sua casa agora.”

Eu sorri timidamente, tentando esconder a ansiedade que me consumia. Minha mão, sem saber o que fazer, foi até o cabelo, ajeitando uma mecha que caía sobre a minha testa. Eu sempre fui delicada, tímida até, e a sensação de estar em um lugar novo, com tantos olhos sobre mim, me fazia querer desaparecer.

Logo, Eduardo entrou na sala. Ele parecia mais preocupado com o celular em suas mãos do que com a minha chegada, o que não me surpreendeu. Seu comportamento era sempre assim: distraído, imaturo, perdido em um mundo que não era o meu. Ele olhou para mim rapidamente, um sorriso sem graça nos lábios, mas nada que demonstrasse uma verdadeira saudade ou carinho. Para ele, a vida seguia como sempre: sem muito propósito, sem maiores responsabilidades.

Eduardo-Oi, Juliana”, ele disse, com uma voz monótona, como se estivesse falando com alguém que acabara de encontrar na rua.

Eduardo-Espero que você se acostume com isso aqui.”

Eu não sabia o que responder. O que poderia dizer a ele? Eu não estava ali por vontade própria. Estava ali por uma obrigação que eu mesma me impus, por um destino que, de alguma forma, me parecia já traçado.

Henrique percebeu o desconforto e deu um passo à frente, como se quisesse suavizar a situação. Ele se aproximou de mim e colocou uma mão gentil sobre o meu ombro.

Henrique-Eu sei que é muito para assimilar de uma vez, Juliana. Mas tenha certeza de que aqui você encontrará o apoio que precisa.”

Eu agradeci com um sorriso tímido, sentindo um calor estranho se espalhar por meu corpo. Nunca fui tocada por um homem e o toque de Henrique, tão simples e cuidadoso, me causou uma sensação nova, confusa. Não sabia o que pensar. Era só um gesto de gentileza, mas algo dentro de mim despertava.

A casa estava silenciosa, com o vento batendo suavemente nas janelas, trazendo um frescor. Eu me senti pequena naquele ambiente grande e silencioso. O que viria a seguir? Eu não sabia, mas algo dentro de mim me dizia que, naquele lugar, algo mudaria. Algo que poderia ser bom ou perigoso, mas que, de alguma forma, eu precisaria enfrentar.

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Comments

Maria Suely

Maria Suely

Eu não entendi ela se casou mais ele nunca consumo o casamento e Esso aí mesmo.....

2025-05-05

0

Socorrinha Lima

Socorrinha Lima

Oche era casada e não consumou o casamento,entendi não?

2025-05-05

0

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