Capítulo 4 – Um toque de doçura
O sol estava começando a se pôr quando Luiza desceu lentamente para a sala. Vestia um moletom antigo que provavelmente pertencia ao pai. Era largo demais, e o perfume suave dele ainda estava impregnado no tecido, o que fazia o peito dela apertar a cada respiração.
Sebastian estava no escritório, como sempre, lidando com papéis e ligações que ela não se atrevia a entender. A porta ficava entreaberta, mas ela nunca entrava. Aquela sala era como ele: cheia de segredos.
Luiza se encolheu no sofá, abraçando os joelhos e deixando o olhar vagar pela sala. Era tudo muito chique, muito limpo, mas frio. Sem vida. Sem cor. Sem fotos. Sem risos.
Ela odiava aquilo.
Suspirou.
Foi então que ouviu passos no corredor. Levantou os olhos e viu Sebastian surgindo com uma expressão... estranha. Havia um pequeno sorriso no canto da boca — um sorriso raro, quase imperceptível — e algo escondido sob o casaco.
Ela franziu o cenho.
— O que foi? — perguntou, desconfiada.
— Tenho uma coisa pra você — ele respondeu, caminhando devagar até ela.
— Eu não pedi nada.
— Eu sei.
Ele parou na frente do sofá, abaixou-se... e puxou de dentro do casaco um pequeno gatinho cinza, de olhos azuis e orelhas pontudas. O animal miou baixinho, se aconchegando nas mãos grandes de Sebastian, como se já soubesse que ali era seguro.
Luiza arregalou os olhos.
— Um gato?
Sebastian assentiu, colocando o bichinho no colo dela.
— Vi você olhando umas fotos de gatos no seu celular outro dia. Achei que talvez... te ajudasse a não se sentir tão sozinha aqui.
Ela olhou para o gatinho e sentiu o coração derreter um pouco — bem pouquinho, mas foi. O bichinho era lindo. Pequeno, frágil. Ele ronronava enquanto se acomodava no colo dela, esfregando o focinho nas mãos dela com carinho.
— Eu... — Luiza engoliu em seco. — Você... trouxe um gato pra mim?
— Não precisa agradecer — ele disse, já se levantando.
— Eu nem ia agradecer mesmo — ela resmungou, abaixando o rosto pra esconder o sorriso involuntário.
Mas ele viu. E mesmo que ela tentasse disfarçar, Sebastian notou o brilho nos olhos dela. Aquilo foi mais que um obrigado. Foi o primeiro sinal de que, talvez, ela ainda quisesse sentir algo bom de novo.
— Pode dar um nome pra ele — ele disse, antes de sair da sala. — Só não vale "Sebastian", pelo amor de Deus.
Ela soltou uma risadinha, inesperada. Tão baixa que nem ela mesma acreditou que tinha saído. O gato miou, como se estivesse rindo junto.
— Você... vai se chamar Nuvem — ela sussurrou, acariciando o bichinho. — Porque parece um pedacinho do céu que meu pai mandou pra mim.
Naquela noite, ela dormiu com o gato aninhado nos braços.
Sebastian a observou pela fresta da porta. Não entrou. Não disse nada. Apenas ficou ali por alguns segundos, vendo Luiza dormir com um leve sorriso no rosto — o primeiro desde que chegou.
O coração dele apertou. E não era algo que ele estava acostumado a sentir.
Ela era inocente demais. Doce demais. Sofrida demais.
E ele? Um homem forjado na dor, cercado de escuridão.
Mas naquele instante, naquela imagem silenciosa e delicada, algo dentro dele começou a ceder.
Talvez... só talvez... cuidar dela fosse o melhor que ele faria em toda a sua vida.
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Atualizado até capítulo 39
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