(Narrado por Celeste)
Eu achei que estava preparada.
Me enganei.
Não tem como se preparar pra olhar nos olhos de alguém que mora dentro da gente há tantos anos.
Não tem como se proteger do que sempre foi casa.
Quando empurrei o portão e vi o quintal coberto de mato, senti o tempo todo se espremer dentro do peito. Cada lembrança era uma imagem viva. A gente correndo entre as árvores, os dedos sujos de terra, o riso livre como o vento. E ele… sempre ele. Matteo.
Eu não sabia se ele ainda morava ali. Não sabia se tinha seguido em frente. Só sabia que alguma coisa dentro de mim queimava. Como se o ar tivesse ficado mais pesado, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Foi quando senti.
Antes de ouvir, antes de ver… eu senti.
Me virei devagar, com o coração socando o peito como se quisesse sair.
E lá estava ele.
Matteo.
Com os mesmos olhos, mas mais intensos. Com o mesmo silêncio, mas mais cheio de palavras.
Ele estava parado ali como se o tempo tivesse parado com ele.
E, de verdade, eu acho que parou.
Tudo em volta sumiu. O som, o cheiro, a luz. Só havia nós dois.
Meu corpo tremia, mas meu coração sabia: não dava mais pra fugir.
Não importava quantos anos, quantos quilômetros, quantas tentativas de esquecer…
Ele sempre seria o lugar pra onde tudo em mim queria voltar.
Nossos olhos se encontraram e eu senti a vida inteira acontecer em um segundo.
Todo o amor que eu tentei calar. Toda a dor que eu tentei ignorar. Toda a saudade que me invadia à noite…
Ali, de pé, diante de mim, estava o motivo de tudo isso.
E eu entendi.
Não importa quanto tempo passe.
Quando o amor é real, ele volta.
Ele encontra. Ele insiste.
Ele nos alcança — mesmo quando a gente tenta escapar.
E naquele instante, com o coração em chamas e a alma em paz, eu soube que estava onde sempre pertenci.
Nos olhos dele.
No abraço que ainda não veio, mas que já morava em mim.
Matteo.
Meu começo, meu meio…
E, se o destino permitir, o meu pra sempre.
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Atualizado até capítulo 46
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