Acordar na cama de Enzo Bianchi foi como emergir de um sonho proibido. Os lençóis de cetim preto ainda estavam quentes, embebidos com o cheiro dele e do que haviam feito na noite anterior — intensa, selvagem, memorável.
Valentina estava deitada de lado, nua, observando-o dormir. O peito dele subia e descia com calma. Mesmo em repouso, havia poder em cada linha de seu corpo tatuado. Ela estendeu a mão, tocando de leve a pele abaixo da clavícula, onde estava gravado “Famiglia sopra tutto” — “Família acima de tudo”.
Esse era o lema dele. E ela… era uma infiltrada.
A culpa começou a surgir como fumaça negra dentro do peito.
Ela se levantou em silêncio e caminhou até o banheiro. Seu corpo ainda pulsava com as marcas da noite passada: mordidas no pescoço, arranhões nos quadris, o interior das coxas levemente dolorido. E, no fundo, ela gostava disso. Enzo a tinha possuído como um homem que sabia exatamente o que queria. E agora ela se perguntava se queria ser dele… de verdade.
No espelho, viu-se com outros olhos. Não era apenas a policial determinada de sempre. Havia desejo em seu olhar. Havia dúvidas. Havia fogo.
Seu celular vibrava dentro da bolsa jogada em um canto do quarto.
Quando o pegou, viu dez mensagens não lidas de Capitão Moreira.
> “Onde está o relatório da missão?” “Valentina, precisamos saber quem está na mesa do Don.” “Você já teve contato com Enzo Bianchi?” “Me responda, agente. Isso é uma ordem.”
Ela apertou os olhos com força, o estômago se contorcendo. Ela deveria ter mandado tudo. Os nomes. As informações. A localização do cofre que viu Enzo abrir na noite passada.
Mas o que fez?
Deixou que ele a invadisse com seus dedos, com sua boca, com seu corpo… E com isso, ele a estava desarmando por dentro.
Ela digitou uma resposta curta:
> “Sem novidades.”
E apagou o histórico. De novo.
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Horas depois, no quartel da polícia, Valentina entrou como se nada tivesse acontecido. O Capitão Moreira a esperava de braços cruzados, os olhos desconfiados.
— Você sumiu. Dois dias sem relatório. Isso nunca aconteceu. Está me escondendo algo?
Valentina respirou fundo, controlando a ansiedade.
— Enzo é mais reservado do que imaginávamos. Estou me aproximando… devagar. Se eu for afobada, ele desconfia.
O capitão a encarou com olhos estreitos.
— Ou talvez ele já esteja te comendo e você esteja perdendo o foco, agente.
Ela se enrijeceu. O sangue ferveu.
— Com todo o respeito, senhor… se ele estivesse me comendo, talvez eu já tivesse arrancado as informações que você quer.
Mentira. E ela sabia disso.
Mas precisava manter a fachada.
— Tudo bem. Continue. Mas me traga algo real até sexta. Ou retiro você da missão e entro com uma ordem para interrogatório forçado. Entendido?
— Entendido — ela respondeu, fria por fora. Em chamas por dentro.
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Mais tarde naquela noite, Valentina voltou ao apartamento de Enzo. Ele estava sentado no sofá de couro escuro, camisa aberta, um copo de uísque na mão. Ao vê-la, um sorriso lento surgiu em seus lábios.
— Pensei que você não voltaria.
— E perder a segunda rodada? — ela disse, tirando a jaqueta e ficando apenas com um vestido colado que marcava suas curvas.
Ele a encarou por longos segundos. Depois se levantou e caminhou até ela, como uma tempestade prestes a explodir.
— Você está escondendo algo de mim — ele disse, tocando seu rosto.
Ela prendeu a respiração.
— E você também está escondendo algo de mim.
Enzo inclinou a cabeça, a boca perigosamente perto da dela.
— Então vamos fazer um trato. A cada verdade… um beijo. A cada mentira… uma punição.
Valentina sorriu de canto.
— Acho que vou mentir muito essa noite.
— Ótimo. Eu adoro castigos.
Ele a pegou no colo e a levou para o quarto, e ela sabia… aquela noite não teria regras.
Mas o verdadeiro perigo não estava mais na missão. Estava dentro dela. No que Enzo estava fazendo com seu coração.
E, se não tomasse cuidado, a policial logo deixaria de existir.
E uma nova mulher — perigosa, apaixonada, e leal à máfia — nasceria no lugar.
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Atualizado até capítulo 36
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