Nunca imaginei que a vampira que há poucos minutos estava cercada de nefastos vampiros com intenções de ultrajá-la, e parecia aterrorizada, agora está na minha frente pulando como uma menina pequena quando descobre algo incrível ou aprende algo novo. Mas aqui está, me fazendo pensar se ela é assim normalmente ou se os nervos pelo que viveu a deixaram desconfigurada.
__Boneca\, não posso levar você comigo. Que tipo de vida você teria ao lado de uma mulher que foi rejeitada pela sua matilha e seu par destinado?__. Ela se surpreende com minhas palavras\, e isso eu sei por como se abrem seus olhos\, revelando a surpresa neles. Mas é a verdade\, o idiota da minha alma gêmea me rejeitou só por ser Ômega.
Mas quem é capaz de te rejeitar? Você é tão formosa, delicada, mas ao mesmo tempo é letal. O pulguento que se atreveu a te rejeitar deve ser cego para deixar ir uma mulher como você do seu lado. Não posso evitar rir das expressões da vampira, as quais vão da surpresa à raiva e, por último, à admiração, o que me faz sentir melancólica porque com os dedos posso contar as pessoas que foram amáveis comigo e pensam coisas bonitas sobre mim.
Você sempre é assim, tão enérgica? Não me interprete mal, gosto da sua boa vibe, só que é pouco comum conhecer um vampiro tão alegre, quando os comentários sobre vocês são que são frios, sem emoções e sem coração. Minha pergunta a surpreende, mas sua expressão de confusão e logo divertida me tranquiliza ao saber que não a ofendi com a percepção que tinha sobre os vampiros, mas parece que só eram fofocas de corredor.
Bom, sim, na verdade sou assim, mas tenho que fingir ter cara de poucos amigos sempre para não incomodarem meu irmão, que sim é a personificação da seriedade, frieza e falta de sentimentos que você descreveu. É uma verdadeira dor de cabeça, mas no fundo sei que me quer muito e não quer que eu termine morta como nossos pais. A vampira fala tão rápido que só graças à minha boa audição posso entender cada palavra e processar no meu cérebro a informação para que esta tenha sentido.
Observo melhor a vampira e me dou conta de que, ainda que sua personalidade seja brilhante e muito alegre, suas palavras e seu olhar refletem que carrega dor e tristeza, e o confirmo ao ouvir sobre a morte dos seus pais e o comportamento sério e frio do seu irmão.
__Ninguém é perfeito\, boneca\, mas você mesma disse que seu irmão te ama apesar da sua personalidade fria\, então o que você acha que ele sentiria quando não te encontrar e não souber nada de você?__. Seu olhar refletiu surpresa e sua boca se abriu grande\, e sorri ao saber que consegui o efeito desejado. E é que tire essa ideia louca de ir comigo\, porque nem sequer sei aonde vou parar nem o que vou fazer com a minha vida. Mas mesmo assim estou tranquila porque tenho minha liberdade\, longe de um lugar onde nunca viram mais além de ser uma Ômega e a escolhida pela Deusa Lua para ser a Rainha Lua.
Você tem razão. Se eu desaparecer, meu irmão é capaz de destruir o mundo para encontrar respostas, e se já o humor dele é insuportável estando de boas, quando está de más muito poucos vivem para contar, por isso acho que o melhor é que você venha comigo ao nosso território. Me afoguei com minha própria saliva ao ouvir tamanha loucura. Como se ocorre a ela que é boa ideia que uma loba viva no mesmo território que os vampiros?
Não é minha intenção ofender você, boneca, mas não posso evitar pensar que você está louca ao pensar que uma loba pode viver no mesmo território que vocês, os vampiros, sabendo que nossa relação é pior que a de cães e gatos. A vampira franze a testa e depois vejo derrota em seu olhar, então imagino que se deu conta do absurdo e desastroso que é querer que uma loba viva entre vampiros.
__Ainda que odeie admitir\, a loba tem razão\, Sam. Não sei de onde se te ocorre tamanha desfaçatez de querer que um pulguento viva no nosso território. E além disso\, que diabos você faz no bosque dos condenados? É que está tão obstinada da vida que veio ao bosque dos condenados para morrer?__.
O vampiro que acaba de fazer sua aparição, e nem me dei conta quando chegou, cospe as palavras com evidente incômodo, mas em seus olhos há evidente preocupação pela jovem vampira que usa meu corpo para tratar de se ocultar do furioso vampiro na minha frente, que por seus traços físicos e o mau humor que carrega, deve ser seu irmão. Mas me vale merda quem seja, como se atreve a me insultar e a incomodar sua irmã? Nada justifica suas palavras tão duras para sua irmã sem dar a oportunidade de se explicar.
Olha, vampirinho, baixa duas marchas de intensidade do seu humor, porque aqui o único que está se comportando como um cão pulguento é você, chegando aqui insultando minha linhagem sem me conhecer e julgando sua irmã sem dar a oportunidade de falar, nem de perguntar se está bem depois que um grupo de vampiros nojentos tentaram abusar dela.
O corpo do vampiro se tensionou ante minhas palavras, primeiro de raiva, e suponho que é porque não fiquei calada, e depois de surpresa, confusão e, por último, de preocupação e até medo, diria eu, dirigindo seu olhar à sua irmã, quem treme atrás de mim.
Sam. Seu tom de voz agora é muito mais baixo e quebrado, como se fosse se romper enquanto fala.
__Irmã\, é verdade o que disse esta loba? Tentaram abusar de você?__. As palavras do vampiro saem entrecortadas\, e por momentos não se entendem e se detêm ao ter medo de pronunciar palavras tão terríveis como o é perguntar se de verdade sua irmã esteve a ponto de ser violada.
Sim, é verdade. Expressou com voz tremedora a vampira que agora, graças ao seu irmão, sei que se chama Sam.
Esses desgraçados que não mereciam pertencer ao nosso legado tentaram me ultrajar, e se esta pulguenta, como você a chama, não tivesse intervindo, o que teriam encontrado de mim seria uma mulher destruída ou talvez nem sequer meu cadáver teriam encontrado. A voz quebrada de Sam é evidência de como lhe afeta recordar que quase foi violada, e ainda que não conseguiram, essas recordações do quase vão atormentá-la por muito tempo.
Como se atrevem esses malnascidos a querer danificar minha irmã? Mas agora mesmo eu mesmo os destruirei com minhas mãos e tudo o que possuam. O vampiro está tão furioso por saber que quase sua irmã sofreu uma tragédia que não se deu conta de que esses vampiros que tentaram danificá-la jazem mortos espalhados no chão.
Lamento informar, vampirinho, que esta pulguenta se adiantou e já os mandei ao outro mundo. Expressei divertida e com uma sobrancelha alçada enquanto lhe assinalo o corpo dos dez vampiros mortos porque lhes saquei o coração.
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Atualizado até capítulo 71
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