Episódio 4

Capítulo 4 – Fome, Feridas e Frustrações
A porta do quarto se abriu devagar, rangendo como se hesitasse.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Akira?
Ele estava deitado de lado, a cara meio afundada no travesseiro, os cabelos ainda úmidos do banho. Nem olhou.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Tem janta. E, olha... eu fiz seu arroz do jeito que você gosta.
Mei sorriu, aliviada, mas não comentou. Esperou ele se levantar. Quando ele passou por ela, notou a mão dele vermelha, os nós dos dedos ligeiramente inchados, com a pele começando a rachar.
Ela segurou o pulso com delicadeza, o olhar de enfermeira falando mais que qualquer palavra.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Isso foi da parede do banheiro?
Akira não respondeu. Também não puxou a mão de volta.
Mei saiu do quarto e voltou com a caixinha de primeiros socorros. Sentou-se ao lado dele e começou a limpar os ferimentos em silêncio.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Sabe…
ela disse, enquanto aplicava o curativo com todo cuidado do mundo
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— é cansativo ser enfermeira o dia inteiro e não conseguir cuidar do próprio filho quando ele mais precisa.
Akira mordeu o lábio. A garganta apertou. Não era culpa dela. Mas ele também não conseguia deixar ninguém entrar. Nem mesmo a mãe.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Amanhã tem terapia. Você vai?
Ele hesitou. A resposta na ponta da língua era “não”. Mas ela ainda estava cuidando da mão dele com tanto carinho…
— Vou tentar
Ela deu um leve aperto no curativo. Não era aprovação, nem bronca. Só presença.
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Na sala, o jantar já estava servido. Arroz, omelete e legumes refogados. Coisa simples, mas cheirosa. Akemi estava falando sem parar, o brilho nos olhos igual ao de sempre.
Akemi Aikyo
Akemi Aikyo
— ...e aí eu resolvi aceitar. Foi meio inesperado, eu sei, mas… tô noiva!
Mei quase engasgou com o chá. Keiji, o pai, levantou as sobrancelhas, curioso. Mas Akira só estava concentrado no arroz, enchendo o prato como se o estômago fosse a única coisa viva nele.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Uau, parabéns, filha!
Disse Mei, ainda surpresa.
Mei Aikyo
Mei Aikyo
— Como assim noiva? Assim, de repente?
Akemi Aikyo
Akemi Aikyo
— Mãe, eu te explico tudinho depois, tá? Só… me desejem sorte!
Kenji Aikyo
Kenji Aikyo
— E ele vai vir aqui?
Akemi Aikyo
Akemi Aikyo
— Sim! Daqui a dois dias, ou amanhã talvez sabe como sou asiosa !
Akira enfiava a comida na boca com uma fome quase agressiva. Não reagiu. Nem olhou.
Tudo o que ele queria era terminar aquele prato e se trancar no quarto até o mundo inteiro ir embora.
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