O coração de Isabela ainda batia acelerado quando desceu as escadas do camarote. As palavras de Damian ecoavam em sua mente. "Você devia escolher melhor seus empregos." Ele a estava avisando? A protegendo? Ou apenas brincando com ela?
Ela seguiu até o bar, tentando ignorar os olhares curiosos dos outros funcionários. Precisava terminar o turno sem chamar mais atenção.
— Está bem? — perguntou uma colega, ao notar sua expressão tensa.
— Sim, foi só um susto.
— Não deveria subir para aquele andar sozinha. Alguns clientes não entendem limites.
Isabela assentiu. Como se já não tivesse percebido isso da pior forma possível.
***
Do camarote, Damian continuava observando-a.
— Você nunca interfere assim — comentou Enzo, ao seu lado.
— Ela não pertence a esse mundo.
— Então por que está interessado nela?
Damian girou o copo de uísque nos dedos, pensativo. Ele mesmo não sabia ao certo. Mas algo na forma como ela tentava se manter firme, mesmo rodeada por perigos, o intrigava.
— Porque quero ver até onde ela consegue ir — respondeu finalmente.
Enzo soltou um suspiro.
— E se ela não aguentar?
Damian deu um pequeno sorriso.
— Então vamos descobrir.
***
O expediente terminou e Isabela saiu do clube, caminhando até o ponto de ônibus. As ruas estavam vazias, o silêncio da madrugada tornando o ar mais pesado.
Mas algo nela dizia que não estava sozinha.
Seus sentidos estavam em alerta.
Foi quando uma sombra surgiu à sua frente.
— Uma garota bonita como você não deveria andar sozinha tão tarde…
O desconhecido usava um capuz, escondendo parte do rosto. Sua postura era ameaçadora.
O coração de Isabela disparou. Ela recuou um passo, pronta para correr, mas o homem segurou seu pulso.
— Solta… — tentou manter a voz firme.
Antes que ele respondesse, um carro preto parou ao lado deles.
A porta se abriu, e Damian saiu.
Seu olhar frio fez o desconhecido dar um passo para trás.
— Se eu fosse você, seguiria meu caminho — disse Damian, com calma mortal.
O homem hesitou por um instante, depois sumiu na escuridão.
Isabela ainda estava ofegante quando Damian se virou para ela.
— Você precisa aprender a se cuidar melhor.
Ela cruzou os braços, tentando esconder o tremor nas mãos.
— Eu me viro sozinha.
Damian sorriu de lado.
— Se realmente se virasse, não estaria sempre em apuros.
Ela o encarou, sem saber o que responder.
Damian deu um passo à frente, a distância entre eles diminuindo perigosamente.
— Entre no carro. Vou te levar para casa.
— Não precisa.
Ele arqueou a sobrancelha, desafiador.
— Você quer correr o risco de outro cara como aquele aparecer?
Isabela hesitou. Aceitar uma carona de um homem como ele era o mesmo que aceitar que estava entrando em um jogo perigoso.
Mas, contra todo o bom senso, entrou no carro.
Damian deu um sorriso satisfeito e fechou a porta atrás dela.
— Boa escolha.
O interior do carro exalava luxo e perigo, como o próprio homem que agora dirigia ao lado dela. Damian mantinha uma postura relaxada, uma mão no volante, a outra descansando no apoio de braço. Mas seu olhar, mesmo quando focado na estrada, parecia pesado sobre ela.
— Onde você mora? — ele perguntou, sem pressa.
Isabela hesitou. Dar seu endereço para ele parecia um erro. Mas que escolha tinha?
— Bairro Central.
Damian assentiu, mudando a direção sem questionar.
O silêncio entre eles era tenso. Isabela sentia o peito apertado. Damian não era um homem comum. Sua presença sozinha já era intensa demais.
— Você sempre salva garotas indefesas na rua?
Ele riu baixo.
— Não. Mas você parece atrair problemas.
— Ou talvez os problemas me encontrem.
Ele olhou para ela de lado, um brilho enigmático nos olhos.
— Então talvez seja hora de aprender a se proteger.
Isabela cruzou os braços.
— Eu sei me virar.
— Claro. Foi o que eu vi agora há pouco.
Ela trincou os dentes. Ele a fazia se sentir vulnerável, e odiava isso.
— Por que está tão interessado em mim? — disparou.
Damian reduziu a velocidade ao parar no sinal vermelho. Seus olhos escuros encontraram os dela, prendendo sua respiração.
— Ainda não decidi.
Um arrepio percorreu sua espinha.
O carro voltou a se mover, e Isabela desviou o olhar para a janela, tentando ignorar a tensão.
***
Quando chegaram ao seu prédio, Damian estacionou na frente, sem pressa alguma para que ela saísse.
— Obrigada pela carona — disse Isabela, pronta para abrir a porta.
— Espere.
Ela parou, confusa.
Damian tirou um cartão do bolso e entregou a ela.
— Se precisar de algo… ligue.
Isabela olhou para o cartão. Nenhum nome, apenas um número.
— Não vou precisar.
Ele sorriu de lado.
— Você diz isso agora.
Ela saiu do carro e fechou a porta, sentindo os olhos dele ainda sobre ela. Só quando entrou no prédio, Damian arrancou com o carro, desaparecendo na escuridão da noite.
Mas, no fundo, Isabela sabia que aquele não seria o último encontro deles.
Muito pelo contrário. Era apenas o começo.
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Atualizado até capítulo 35
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