Cap— 03 Orfanato Esperança

Batavia cidade do interior de Nova York.

Orfanato Esperança...

Rebecca Saton

Hoje estou completando 18 anos e desde meu nascimento eu vivo aqui no orfanato Esperança, minha mãe morreu logo após eu nascer por complicações no parto, do hospital mesmo fui entregue para adoção, pois não encontraram nenhum parente da minha mãe, a única coisa que sei sobre ela é o nome, Mariana Andrade, a vida aqui não é fácil, temos uma rotina bem exigente e organizada com horários para tudo.

A tristeza, a solidão, o abandono, a rejeição são sentimentos comum por aqui, mesmo tendo muitas pessoas cada um vive sua dor, muitos assim como eu vieram para cá ainda recén– nascido, outros foram abandonados já grandes e ainda tem outros que são maltratados pelos próprios pais e acabam vindo para cá também, são inumeras histórias e todas são tristes, carregamos uma culpa de algo que não temos, viemos ao mundo por vários motivos, mas nenhum deles foi porque fomos amadas ou desejadas, corações inocentes destruídos.

Amanhã terei que ir embora, pois já não posso mais ficar aqui, mas graças a Deus tenho para onde ir, vou morar na casa da dona Abigail ela é irmã da Irmã Anastácia, ela trabalha aqui a muitos anos, ela é freira e é como uma mãe para todos nós aqui. Dona Abigail mora na capital de Nova York, ano passado Irmã Anastácia me levou lá para fazer uma prova para ver se eu conseguia uma bolsa integral em uma faculdade particular que é muito frequentada pelos filhinhos de papai, na semana passada saiu o resultado e eu consegui passar com a nota mais alta, ganhei uma bolsa integral no curso de arquitetura.

Como Dona Abigail mora lá e mora sozinha, a irmã Anastácia perguntou a ela se eu poderia morar com ela, até eu conseguir um lugar para morar, ela na hora concordou, fiquei muito feliz e aliviada, pois eu não tinha para onde ir e muitas que saí daqui passa por isso, fora que deve ser difícil arrumar emprego sem experiência nenhuma. Eu terminei o colegial ano passado, fiz também alguns cursos, de informática completo, de línguas estrangeira (espanhol, italiano, francês e árabe) essa última eu fiz para me destacar, afinal de contas não é todo mundo que sabe falar árabe né, fiz também curso de secretariado e um de etiqueta para não passar vergonha depois que sair daqui, tudo isso foi possível por conta de um anjo que apareceu e pagou esses cursos para mim, pagou meu material escolar por todos esses anos, fora que sempre ganho roupas e calçados, a irmã Anastácia me disse que esse Anjo tem me apadrinhado desde quando vim para cá, ninguém sabe quem ele é, mas lhe sou grata de todo coração.

Estou na cozinha ajudando a dona Maria a cozinheira daqui a preparar os lanches dos pequenos, quando Irmã Anastácia e minhas amigas de quarto entram na cozinha com um pequeno bolo cantando os parabéns, fico feliz por ser lembrada, abraço elas e agradeço.

— Muito obrigado.

— Por nada minha querida, Deus abençoe sua nova vida, que seja muito feliz— fala Irmã Anastácia

— Obrigado irmã Anastácia por tudo que tens feito por mim, amo muito a senhora, nunca vou esquecer da senhora.

Falo já chorando e de coração partido, pois ela foi a pessoa que mais me deu amor e atenção aqui, sempre que eu puder virei visita- lá.

— Quero que venha me visitar sempre que puder, prometo que também te visitarei quando puder— pede a Irmã Anastácia

— Com certeza eu vou vim sim.

Abraço minhas amigas também que choram, apesar de tudo, ali sempre foi o meu lar, aquelas pessoas eram a minha família, deixar elas e ir viver o desconhecido é algo muito difícil e complicado, mas eu tenho que ser forte, vou conseguir, Deus vai me ajudar, depois do lanche e de ter lavado roda louça suja, vou para meu quarto, onde divido com mais três garotas, minhas melhores amigas aqui, começo a guardar as minhas coisas em uma mala que a irmã Anastácia me emprestou, graças ao meu padrinho tenho algumas roupas que não me deixarão passar vergonha quando estiver enfrentando o mundo lá fora, algumas dei para as minhas amigas de quarto, pois vou procurar trabalho e logo poderei comprar mais roupas se precisar, dei alguns calçados também, fiquei só com o essencial, depois de toda mala pronta, fui para cozinha novamente, hoje era meu dia de ajudar nas refeições do orfanato para mim não era sacrifício eu amo cozinhar, ajudei a dona Maria no jantar, depois fui tomar um banho, jantamos e voltamos para o nosso quarto, conversei bastante com minhas amigas, choramos, rimos, vou sentir muita falta delas, depois oramos e fomos dormir, iria acordar cedo no outro dia, terei que ir de ônibus para capital, são 8 horas de viagem.

Dia seguinte...

Passei a noite quase toda sem conseguir dormir estava ansiosa e nervosa também, já era quase de manhã quando finalmente fui vencida pelo sono, mas logo irmã Anastácia me acordou, me arrumei, peguei minha mala, logo um taxi chegou para me levar até a rodoviária.

— Vai dar tudo certo minha querida, minha irmã estará te esperando na rodoviária, me mande notícias quando chegar e não se esqueça Deus está sempre cuidando de tudo filha, ele sempre vai está com você.

— Obrigado Irmã Anastácia, sentirei muita sua falta.

— Eu também minha querida, seja feliz, amo você.

— Eu também amo muito a senhora.

Entrei no táxi, agora terei que ser forte, que Deus me ajude, cheguei na rodoviária, paguei o taxi com dinheiro que dona Anastácia tinha me dado, fui até o local onde os ônibus que vai para capital ficam, irmã Anastácia já tinha comprado a minha passagem para 8:00 hs da manhã.

Logo entro no ônibus, chegarei lá umas 17:00 hs da tarde, depois de longas horas finalmente chego, olho para todos os lados até que vejo dona Abigail, eu já tinha visto ela algumas vezes, pois ela sempre ia visitar a irmã Anastácia, ela me vê e diz:

— Seja bem vinda minha querida— Fala dona Abigail.

— Muito obrigado dona Abigail, não sei nem como agradecer a senhora, prometo que será por pouco tempo.

— Não se preocupe com isso minha querida, vamos depois conversamos sobre isso, deve estar cansada da viagem.

Pegamos outro taxi, até que chegamos em uma linda casa, meu novo lar temporário, obrigado Senhor, espero que dona Abigail goste de mim, ela me pareceu uma pessoa amável e tranquila, seja o que Deus quiser.

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