O caminho até Eresmor era longo e traiçoeiro. Florestas densas se estendiam por quilômetros, as árvores imponentes lançando sombras alongadas sob a luz do entardecer. Montanhas recortavam o horizonte, e riachos cortavam a terra como cicatrizes, criando trilhas sinuosas que poucos ousavam percorrer sozinhos.
O grupo já havia marchado boa parte do dia sem incidentes, mas um silêncio incômodo pairava no ar. Não era o tipo de tranquilidade reconfortante, mas sim a que precedia uma tempestade.
Ethan caminhava à frente, a mão firme sobre o cabo da espada, olhos atentos ao ambiente ao redor. Isamara seguia a seu lado, a postura serena, mas pronta para reagir a qualquer ameaça. Darius, logo atrás, cantarolava baixinho uma melodia de guerra, um costume que ele dizia afastar o tédio e a tensão. Selene mantinha-se afastada do grupo, suas passadas silenciosas como as de um predador, o arco nas costas e a lança pronta para ser empunhada a qualquer instante.
Então, um galho se partiu.
A tensão se espalhou entre eles como um incêndio. Todos sabiam o que aquilo significava.
— Olhos atentos. — Isamara murmurou.
O ataque veio como uma onda. Bandidos emergiram da floresta, investindo contra eles com lâminas desembainhadas e gritos selvagens.
A lança de Selene foi a primeira a se mover, perfurando o peito de um inimigo antes mesmo que ele pudesse alcançar o grupo. Darius girou suas lâminas gêmeas com precisão mortal, dançando entre os inimigos como se estivesse em seu elemento. Ethan e Isamara lutavam lado a lado, espadas e escudo se movendo com fluidez, abrindo caminho no meio do caos.
Em poucos minutos, os atacantes estavam caídos ou fugindo para a escuridão da floresta.
— Não deixem escapar! — Isamara ordenou, os olhos fixos nos que fugiam.
O grupo os perseguiu, adentrando a mata. O farfalhar das folhas e o som apressado de passos guiavam sua caçada, até que chegaram a uma clareira.
Ali, uma cena inesperada os aguardava.
Dois homens duelavam no centro do espaço aberto, envoltos em um jogo de luz e trevas.
O primeiro, um homem corpulento envolto em vestes surradas, era claramente o líder dos bandidos. Faíscas dançavam em seus dedos enquanto ele conjurava chamas e relâmpagos contra seu oponente.
O segundo era um feiticeiro de manto escuro, a expressão desinteressada, como se estivesse lidando com uma mera inconveniência. Seus movimentos eram elegantes, esquivando-se dos ataques mágicos com facilidade quase insultante. Em volta dele, sombras tremulavam como se estivessem vivas, criando ilusões de seu corpo que confundiam o inimigo.
Kael.
O grupo hesitou à beira da clareira.
— Deveríamos intervir? — Darius perguntou, as lâminas prontas, mas o olhar hesitante.
Antes que alguém respondesse, Kael suspirou, como se estivesse cansado da demora do embate. Com um movimento ágil, ele o perfurou com uma adaga.
O chefe dos bandidos, distraído pelas ilusões ao seu redor, não viu o golpe até ser tarde demais. A lâmina se cravou em seu pescoço. Ele caiu, sua magia se dissipando no ar como fumaça ao vento.
O silêncio tomou conta da clareira.
Kael se aproximou do corpo sem pressa, puxando a lâmina de volta com um olhar desapontado.
Foi então que ele percebeu a presença do grupo. Seus olhos vagaram por cada um deles sem grande interesse, até que se fixaram em Isamara. Algo brilhou em seu olhar, um lampejo de reconhecimento.
Mas foi ao ver Ethan que sua expressão realmente mudou.
Seus olhos se estreitaram por um breve instante. Não era surpresa, mas sim algo mais profundo... uma lembrança, talvez.
— Ethan, não é? — Kael murmurou, quase como se estivesse falando consigo mesmo.
Ethan franziu a testa.
— Nos conhecemos?
Kael o encarou por um momento prolongado, então esboçou um meio sorriso enigmático.
— Agora faz sentido... Você é aquele que se escondeu atrás de seu escudeiro.
Um peso caiu sobre o peito de Ethan.
— O que quer dizer com isso? — Sua voz saiu mais dura do que pretendia.
Kael inclinou a cabeça de leve, avaliando-o.
— O que quero dizer é que há mais em você do que qualquer um imagina. Só espero que não se perca no meio do caminho.
Então, deu as costas, como se a conversa não tivesse importância alguma.
— Mas isso não é da minha conta.
Ele começou a se afastar, mas a sensação de que aquele encontro era mais do que um acaso ficou no ar.
Ethan, com os punhos cerrados, ficou observando enquanto o feiticeiro caminhava para as sombras.
Algo dizia que aquele não seria o último encontro entre eles.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Marta Iglesias 📚
Hummm..
Fiquei curiosa. 🤭
2025-03-09
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