Darkify: Debaixo da Pele {Vol.1}
— DARKIFY —
ISAAC
Em um quarto sombrio, onde o cheiro de vinho pairava no ar, Isaac se espreguiçou languidamente. A moça ao seu lado, com suas coxas sedutoras, se mexeu apenas para se encolher mais um pouco, e o colchão afundou sob seu peso. A sensação de estar sendo engolido era quase hipnótica.
Isaac olhou para o feixe de luz que atravessava as persianas, a claridade o incomodou. Inspirou profundamente, o cheiro de vinho se intensificou. Pela sua experiência com bebidas alcoólicas, poderia afirmar que ali havia uma boa concentração de uva com toques leves de rosas adocicadas.
Piscou rapidamente quando um peso agradável ficou sobre ele e os cabelos negros da moça cobriram seu rosto. Ela acordara, distribuindo beijos em seu pescoço até seu peitoral. A moça perguntou, com uma voz suave, como fora sua noite anterior. Isaac sorriu, e a moça esboçou uma expressão prazerosa.
A porta do quarto foi arrombada por um ogro, que arfou e cambaleou com sua pança. Ele estendeu a mão para mostrar uma sacola marrom, que fazia um barulho que só dinheiro poderia fazer. Isaac saltou da cama, e um sorriso descarado se espalhou por seu rosto.
— Chega de vagabundagem, garoto — disse o homem. — Sua missão o espera lá fora com dois pares de chifres!
Isaac agarrou o dinheiro e o prendeu na cintura com força. Ele se virou para se despedir da moça, dizendo um "até mais, Samara". A garota gritou algo sobre o nome dela não ser "Samara", mas Isaac a ignorou. Ao sair do quarto, Isaac encontrou seu segundo ogro da manhã, mas também encontrou seu primeiro objetivo: um barbudo alto com uma careca suja que o encarou com uma expressão raivosa.
— Você é Isaac, o assassino de aluguel das favelas, não é? — disse o barbudo.
Isaac sorriu, e uma sombra se espalhou sob seus olhos. Ele se preparou para enfrentar o desafio que se apresentava diante dele.
— Já tenho admiradores sendo tão novo? — Isaac perguntou, com um sorriso irônico.
O barbudo não respondeu, apenas ergueu os punhos e lançou um gancho que pegou Isaac de surpresa. O jovem cambaleou, sentindo a dor e a tontura se espalharem por seu corpo. Mas Isaac não era um adversário fácil de vencer. Ele recuperou-se rapidamente e sacou sua faca, uma lâmina torta que brilhava ao sol. Com um movimento rápido e preciso, ele a enterrou nas costas do barbudo, que urrou de dor e agarrou-se às próprias costas.
— Seu... pivete — o barbudo conseguiu dizer, antes de cair no chão, contorcendo de dor.
Isaac limpou a faca na própria jaqueta, adicionando mais uma mancha de sangue à sua coleção. Ele olhou em volta, notando o silêncio que havia se abatido sobre a cena.
O gordo, que havia contratado Isaac para o serviço, apareceu à porta, uma sacola marrom na mão.
— Agora desapareça, garoto — disse ele, jogando a sacola para Isaac. — Nunca fizemos nenhum acordo, fui claro?
Isaac pegou a sacola e a abriu, revelando um monte de moedas que tilintavam alegremente. Ele sorriu, satisfeito com o pagamento, e enfiou a sacola no bolso.
Com um aceno de cabeça, Isaac se despediu do gordo e começou a caminhar pela rua deserta e empoeirada. As casinhas aos pedaços se estendiam ao longo da estrada, e o matagal tomava quase toda a borda da estrada de terra. Isaac caminhou por algum tempo, até chegar ao ponto mais movimentado da cidadezinha. Uma carreira de feirantes honestos e golpistas com boa lábia se estendia diante dele, o garoto sorriu ao ver a atividade frenética.
Ele se misturou à multidão, desaparecendo na anonimidade da cidade. Mais um serviço concluído, mais um pagamento recebido. A vida de um assassino de aluguel não era fácil, mas Isaac havia se adaptado a ela. O velho vendedor de frutas, com seus óculos fundo de garrafa, sorriu gentilmente para Isaac e lhe ofereceu uma maçã cintilante e saborosa. O gesto simples, mas sincero, foi um contraponto à atmosfera tensa que se seguiu.
As moças que conversavam com o provável golpista não conseguiram conter os olhares maliciosos e as risadinhas quando Isaac passou. Ele, no entanto, parecia não notar, ou não se importar, com a atenção indesejada.
Foi então que uma mulher de cabelos grisalhos e olhos inchados bloqueou seu caminho. Ela apertava o vestido esfarrapado, e sua fúria angustiante era palpável.
— Você aproveitou bem o dinheiro que lhe pagaram para dar fim em meu esposo? — ela perguntou, sua voz tremendo de raiva e dor.
Isaac a encarou de cima, mostrando sua virilidade para aquela alma fraca e patética.
— Eu gosto de economizar, entende? — ele disse, com uma mordida na maçã, mastigando e fazendo barulho.
A mulher histérica começou a socá-lo no peito, chamando toda a atenção para si.
— Nada te impede de cravar uma lâmina na minha garganta, filho de uma puta! — ela gritou.
Isaac agarrou grosseiramente os ombros dela e a chacoalhou para que ficasse quieta.
— Se não há dinheiro envolvido, então não tem por que eu sujar minha arma com seu sangue imundo — ele disse, com uma sombra embaixo dos olhos.
A mulher se ajoelhou, aos prantos, soluçando e pedindo perdão ao amante... necessariamente ao cadáver dele. A adúltera havia quebrado as leis de seu próprio casamento e o marido dela procurou os serviços de Isaac para dar um fim no homem que estava trepando com sua esposa.
Isaac começou a andar novamente, sentindo os olhos de reprovação da metade das pessoas ali presentes, pesando em seu ombro, formigando em suas costas.
Sossegado como o vento, ele sorriu, acariciou as sacolas presas na cintura e continuou em frente, deixando para trás a cena de dor e vingança. Seu trabalho era seu orgulho, e ele sabia que sempre haveria um próximo serviço, um próximo pagamento. E era isso que importava.
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Atualizado até capítulo 31
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