Capítulo 4 - O Jantar que Mudou Tudo

O jantar estava quase pronto quando Eduardo entrou na cozinha novamente. Dessa vez, não havia como evitá-lo. Ele se aproximou devagar, observando Júlia enquanto ela mexia a panela.

— O cheiro está incrível — elogiou.

Júlia sorriu timidamente, sem tirar os olhos da comida.

— Espero que gostem.

— Eu tenho certeza que sim — disse ele, a voz baixa, quase um sussurro.

Ela sentiu o coração acelerar, mas manteve o foco no risoto. Eduardo permaneceu ao seu lado por alguns segundos, e então se afastou. Assim que saiu, Júlia soltou um suspiro pesado, tentando recuperar o controle sobre suas emoções.

Na sala de jantar, Cris e Emily já estavam à mesa, animados com alguma conversa sobre um jogo recente. Eduardo sentou-se na cabeceira, e Júlia serviu os pratos, evitando contato visual com ele.

Durante o jantar, Emily lançou um olhar divertido para Júlia.

— Você sabe que meu pai não costuma elogiar a comida de ninguém, né? Só faz isso quando realmente gosta.

Júlia riu, tentando disfarçar o nervosismo.

— Fico feliz que tenha gostado, então.

Eduardo apenas sorriu de canto, mas seu olhar fixo nela fez Júlia corar.

Após o jantar, enquanto lavava a louça, Eduardo apareceu novamente.

— Eu posso ajudar — ofereceu.

— Não precisa — disse Júlia rapidamente.

— Eu insisto.

Ele pegou um pano e começou a secar os pratos ao lado dela. O silêncio entre os dois era carregado de tensão, até que Eduardo quebrou o clima:

— Júlia…

Ela virou-se para ele, e antes que pudesse reagir, Eduardo tocou seu rosto com delicadeza.

— Isso está me matando — confessou ele.

Júlia sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

— Eduardo, nós não podemos…

— Eu sei — interrompeu ele. — Mas me diz que você não sente o mesmo, e eu paro.

Ela abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Seu olhar se encontrou com o dele, e naquele momento, a razão desapareceu. O desejo tomou conta.

E então, como se o tempo tivesse parado, Eduardo inclinou-se, e seus lábios roçaram os dela.

Era suave, hesitante, mas carregado de emoções contidas por tempo demais.

Júlia sentiu um turbilhão dentro de si. Sabia que aquilo era errado, mas também sabia que não queria que parasse.

O beijo se aprofundou, e por alguns instantes, nada mais importava além daquele momento.

Mas então, um barulho na sala fez os dois se afastarem abruptamente.

O coração de Júlia batia descompassado. Eduardo passou a mão pelos cabelos, respirando fundo.

— Isso… não pode acontecer de novo — disse ela, a voz tremendo.

Eduardo a observou por um instante antes de assentir lentamente.

— Se é isso que você quer…

Mas eles sabiam que era mentira.

E que aquilo estava longe de acabar.

A tensão entre eles permaneceu no ar pelo restante da noite. Júlia tentava se ocupar com qualquer coisa, mas seu corpo ainda sentia o toque de Eduardo. Ela subiu para o quarto mais cedo do que o normal, mas, ao passar pelo corredor, sentiu o olhar dele a acompanhando.

Trancou-se no quarto e encostou-se à porta, respirando fundo. Como poderia continuar morando ali sem se entregar ao que sentia? A cada dia ficava mais difícil resistir.

Na manhã seguinte, desceu para preparar o café da manhã. Enquanto cortava algumas frutas, Eduardo entrou na cozinha, vestindo uma camisa de algodão clara e os cabelos ainda um pouco úmidos do banho. O perfume amadeirado que exalava atingiu Júlia como um golpe.

— Bom dia — ele disse, a voz rouca.

— Bom dia — respondeu ela, sem olhá-lo diretamente.

Ele se aproximou, pegando uma xícara de café. O silêncio entre eles era quase palpável. Júlia sentiu quando ele parou atrás dela, tão perto que podia sentir o calor de seu corpo.

— Sobre ontem… — Eduardo começou, mas Júlia se virou rapidamente.

— Precisamos esquecer — disse ela, firme. — Eu trabalho aqui. Você é o pai dos meus melhores amigos. Isso nunca deveria ter acontecido.

Eduardo encarou-a por um momento antes de dar um passo para trás.

— Se é assim que você quer…

Mas Júlia viu em seus olhos que ele não pretendia desistir tão facilmente

Nos dias seguintes, Eduardo manteve distância, mas a tensão entre os dois se intensificava. Olhares discretos trocados no café da manhã, toques acidentais ao passar um prato… tudo se acumulava como uma tempestade prestes a desabar.

Uma noite, enquanto Júlia saía para tomar um ar no jardim, encontrou Eduardo encostado na varanda, observando o céu estrelado. Ele olhou para ela e sorriu, mas havia algo diferente em seu olhar.

— Não consigo parar de pensar em você — ele confessou, a voz baixa.

O coração de Júlia disparou. Ela queria negar, fingir que aquilo não a afetava, mas já não conseguia lutar contra si mesma.

— Eduardo…

Ele se aproximou, tomando seu rosto entre as mãos.

— Me diga para ir embora e eu vou — sussurrou ele.

Júlia engoliu em seco. Sentia a respiração quente dele contra sua pele. Seu corpo inteiro tremia com a proximidade.

Mas as palavras não saíram.

E naquele momento, tudo mudou para sempre.

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Comments

Ana Rosa Oliver

Ana Rosa Oliver

A mostra as fotos deles pofavo obrigada e bom guando os personagens a parecem

2025-02-13

0

LMCF

LMCF

Impossível resistir..

2025-02-15

0

Ver todos

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