Após sair do hospital, uma sensação de desconforto e desconcerto tomava conta de mim. Eu ainda não havia me acostumado com a ideia de estar indo para a casa de Dante, muito menos com a proposta que ele fizera. Ele tinha sido gentil, mas sua gentileza parecia carregada de intenções e acordos que eu ainda não compreendia completamente. No entanto, era a única oportunidade que eu tinha para começar uma nova vida, mesmo que fosse com alguém tão distante de mim.
O carro deslizou pela cidade enquanto eu observava as ruas movimentadas lá fora. A vida seguia em seu ritmo apressado, mas para mim, tudo parecia desacelerado, como se o mundo estivesse à parte de mim. Dante estava ao meu lado, em silêncio, com sua postura impassível e seu olhar fixo no horizonte. Eu poderia sentir a tensão no ar, como se algo importante estivesse prestes a acontecer, mas ninguém estava disposto a falar sobre isso.
Chegamos em um prédio imponente, de concreto e vidro, refletindo as luzes da cidade. A garagem subterrânea era um labirinto de carros luxuosos, com um cheiro de novo e de limpeza. O motorista, um homem de aparência séria e discreta, estacionou o carro em uma vaga bem iluminada. Ele saiu rapidamente do carro para abrir a porta para mim. Dante me ajudou a sair, a mão firme e protetora em minha cintura, enquanto me assegurava que fosse com calma. Os médicos haviam sido claros: eu precisava ter cuidado com o resguardo pós-parto, principalmente por ter dado à luz prematuramente.
— Você está bem? — Dante perguntou, com um tom de preocupação que me pegou de surpresa. Ele não parecia do tipo que se preocupava com qualquer coisa além de suas próprias questões, mas, naquele momento, ele estava atento a cada movimento meu.
— Sim, estou bem. Só um pouco cansada. — Respondi, forçando um sorriso para tentar aliviar a tensão no ambiente.
O elevador do prédio era um espetáculo à parte, feito de vidro e aço polido, com painéis que mudavam de cor dependendo da luz do ambiente. Dante me guiou para dentro, e ele digitou a senha com precisão, como se aquele fosse um movimento mecânico, algo que ele já fazia inúmeras vezes. A porta do elevador se fechou suavemente, e o movimento de subida me deixou um pouco tonta. Eu nunca tinha estado em um lugar tão luxuoso e imponente. A cidade lá embaixo parecia pequena e distante, como se estivéssemos flutuando no topo do mundo.
Quando o elevador finalmente parou, a porta se abriu, revelando um hall espaçoso, iluminado por lustres brilhantes. O ambiente tinha um estilo moderno, mas acolhedor, com móveis de design minimalista e detalhes que exalavam sofisticação. O contraste entre a simplicidade e a riqueza era marcante, e tudo parecia estar ali para impressionar, mas sem parecer excessivo. Dante me conduziu até a porta que dava para um enorme espaço, onde uma sala ampla se estendia diante de mim, com paredes de vidro que proporcionavam uma vista deslumbrante da cidade.
— Bem-vinda à minha casa. — A voz de Dante cortou o silêncio, e eu não soube se deveria me sentir confortável ou deslocada. Era a primeira vez que pisava em um lugar como aquele, e a imensidão da casa só fazia minha insegurança crescer.
Na sala, duas mulheres estavam aguardando, e, assim que me viram, ambas se levantaram rapidamente. A primeira, uma mulher alta e magra, de pele clara e cabelo loiro platinado, vestia um uniforme impecável de governanta. Seus olhos eram penetrantes, mas ela sorriu com uma cordialidade educada. A outra mulher, mais baixa e com cabelos castanhos curtos, usava um jaleco branco e tinha uma postura firme e profissional. Eu podia sentir o olhar atento dela, mas seu sorriso não era tão caloroso quanto o da governanta.
— Aurora, estas são Marta e Clara. — Dante me apresentou com uma suavidade rara em sua voz. — Marta é a minha governanta, e Clara é a enfermeira que vai cuidar de você enquanto se recupera do parto.
Eu sorri timidamente, ainda atordoada com a quantidade de informações novas. Ambas as mulheres me cumprimentaram educadamente, mas o olhar de Marta era como se estivesse analisando cada detalhe meu, como se quisesse me encaixar em algum tipo de categoria ou função na casa.
— É um prazer conhecê-la, senhora Valmort. — Marta disse com um sorriso formal, que não me passou muita confiança. A maneira como ela me chamou de “senhora” me fez sentir como se fosse parte de algo que não entendia completamente.
— O prazer é meu. — Respondi com um sorriso tenso, sem saber o que mais dizer.
Clara, por outro lado, parecia mais relaxada e humana. Ela se aproximou de mim com um sorriso gentil e me avaliou com um olhar mais carinhoso.
— Você deve estar cansada, não é? Posso preparar um banho relaxante para você e te ajudar a se acomodar. — Ela sugeriu com um tom calmo, como se estivesse acostumada a lidar com situações como aquela.
— Sim, por favor. Isso seria ótimo. — Agradeci, aliviada por saber que alguém se importava com meu bem-estar físico e emocional naquele momento.
Dante observou a interação, mas não disse nada. Ele estava quieto, e a única coisa que pude ouvir de sua parte foi um leve suspiro, como se estivesse ponderando algo.
— Eu vou te deixar em boas mãos. — Ele disse, antes de se virar para Marta. — Se precisar de algo, me avise.
Marta acenou com a cabeça em sinal de entendimento, e Dante se retirou da sala, desaparecendo pelo corredor silencioso. Eu não sabia o que ele estava pensando ou fazendo, mas naquele momento, tudo o que eu queria era um pouco de paz.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 85
Comments
Claucris
Até ao momento a estória está boa. Só sinto falta de duas coisas, a foto dos personagens e a visão do Dante. Mas de resto até ao momento não há o que reclamar.😁
2025-03-08
47
Denise
Por mais que DANTE já tenha dito à AURORA que ele não prioriza as emoções, etc, ele poderia se esforçar pelo menos um pouco para exibir um mísero sorriso, pois ela acabou de parir e teve que deixar seus bebês na UTI, além de estar sozinha no mundo, ou seja, ela está sensível. Tomara que CLARA seja um amorzinho de Enfermeira para tentar compensar a frieza do DANTE e as desconfianças de MARTA, a Governanta.
2025-03-29
1
Ana Parodi
como será que ele vai ver os pais de Aurora,por que pelo que conta a história, ela não e pobre
2025-05-01
0