Sonhos de Liberdade

Gael costumava se perder em pensamentos enquanto observava as estrelas pela janela da sua casa improvisada. À noite, quando a cidade dormia, ele sonhava com um futuro diferente, onde as sombras da miséria não o seguiam. Em sua imaginação, ele e Lia viviam em um lugar repleto de luz e cores, longe das preocupações diárias. Ele via campos verdes e vastos, árvores frondosas e um céu azul limpo.

Nesses sonhos, Gael se via como um herói, alguém que poderia mudar o destino não apenas dele, mas de todos que, como ele, eram esquecidos pela sociedade. Ele se imaginava enfrentando monstros e salvando pessoas em perigo, sempre com Lia ao seu lado, sorrindo e livre. Esses pensamentos eram seu refúgio, um lugar onde a esperança florescia, mesmo em meio ao desespero.

Em uma dessas noites, enquanto sonhava acordado, um barulho distante o tirou de seu devaneio. Ouvindo gritos e sons de luta, Gael se levantou e decidiu investigar. Ao se aproximar, seu coração acelerou. Ele viu uma cena que o deixou em choque: um grupo de jogadores, armados e agressivos, cercava uma jovem elfa, sua beleza iridescente ofuscada pela tensão do momento.

A jovem elfa tentava se defender, seus movimentos graciosos, mas os jogadores eram brutais, movidos pela ganância. A visão a tocou profundamente; aquela criatura mágica, que parecia tão à parte do mundo sombrio de Gael, estava em perigo. Ele não sabia o que fazer, mas a determinação dentro dele cresceu. O instinto de proteger tomou conta.

Lembrando-se dos sonhos em que era um herói, Gael decidiu agir. Ele não tinha armas, apenas uma coragem nascida da necessidade de fazer a diferença. Com um grito inesperado, ele saltou para frente, interrompendo o confronto.

— Soltem ela! — bradou, sua voz ressoando com uma força que ele não sabia que possuía.

Os jogadores se voltaram, surpresos com a ousadia do garoto. Um deles, um homem alto e corpulento, riu, zombando de Gael.

— Olhem só, um ratinho se atreve a latir! — disse, avançando em direção ao garoto.

Mas algo dentro de Gael se acendeu. Ele não recuaria. A jovem elfa, ao ouvir o chamado de ajuda, olhou para ele, seus olhos cheios de gratidão e esperança. Essa conexão deu a Gael a força que ele precisava.

Ele se lançou sobre o jogador mais próximo, usando todo o seu peso para derrubá-lo. A luta não era fácil, e ele rapidamente percebeu que a força bruta dos jogadores era formidável. Porém, ele se movia com agilidade, esquivando-se e buscando oportunidades.

Em meio ao tumulto, a elfa, com um brilho intenso em seus olhos, invocou uma magia poderosa. Uma luz radiante envolveu Gael, e ele sentiu uma onda de energia pulsar através dele, amplificando sua coragem e determinação.

Juntos, eles lutaram contra os jogadores. A combinação da força de Gael e da magia da elfa criou uma sinergia inesperada. A cada golpe, a cada feitiço, a luta se tornava mais equilibrada. Finalmente, os jogadores, percebendo que estavam em desvantagem, recuaram, desaparecendo nas sombras da noite.

Exausto, mas triunfante, Gael se virou para a elfa, que agora o observava com uma expressão de admiração.

— Obrigada — disse ela, a voz suave e melodiosa. — Você foi muito corajoso.

— Eu só fiz o que tinha que fazer — respondeu Gael, ainda tentando recuperar o fôlego. — Não podia deixá-la sozinha.

Ela sorriu, e nesse momento, Gael sentiu algo que nunca havia experimentado antes: um laço profundo, um reconhecimento de que ele não estava sozinho. Ela se apresentou como Sofi, uma viajante que havia sido capturada enquanto explorava o mundo humano.

— Você tem um grande futuro à sua frente, Gael. Sua coragem é admirável, e seu coração é puro — disse ela, olhando diretamente em seus olhos.

Aquelas palavras ressoaram dentro dele. Ali, sob as estrelas, Gael percebeu que seus sonhos de um futuro melhor não eram apenas fantasias. Eles poderiam se tornar realidade, se ele continuasse a lutar e a acreditar.

E assim, naquele instante mágico, o destino de Gael se entrelaçou com o da elfa, e a jornada que se seguiria seria cheia de desafios, mas também de possibilidades. Ele havia encontrado um novo propósito, e agora, mais do que nunca, estava determinado a mudar não apenas a própria vida, mas o mundo ao seu redor.