Alguma vez receberam um tapa do seu melhor amigo? Eu sim e não é nada suave. Deixa-me a bochecha doendo o dia todo. Ele não é de raciocinar. Vai direto à ação, sempre foi assim e acho que já é um hábito.
Para contar seus tapas, teria que ter mais de cem mãos. Mas vamos aumentar mais um. Por quê? Bom, vejo um Paul bravo caminhando rapidamente em minha direção. Está soltando fumaça da cabeça. Nem sequer me dá a oportunidade de falar.
Na minha bochecha há uma mão estampada que veio com força.
— Auch! — Lamento, esfregando minha pobre bochecha.
— Agora mesmo me explica por que desapareceste ontem à noite — Ordena bravo. Tinha as sobrancelhas franzidas e com os braços cruzados sobre o peito.
— Eu... — Vamos, cabeça. Funciona só por hoje. — Me perdi — Juro que agora mesmo quero dar um tiro na cabeça. Mas o que me impede é que não tenho pistola ou uma corda para me enforcar na árvore.
— Claro, e minha avó é Mamã Coco — Respondeu sarcasticamente e com um tom bravo.
— Já cospe o caroço, Emil! — Exigiu e se aproximou de mim ameaçador. Claro que não ia acreditar. Nem sequer eu acreditaria sendo idiota.
— Bom... O que aconteceu... — Não sabia como explicar. O que podia dizer? Que um velho me comeu essa noite? Que perdi minha primeira vez e com um violador?
— Não sou paciente, Emil — Apressou-me. E eu estava nervoso. Mas antes que dissesse algo começou a me cheirar. Que diabos se passava?
— Que fazes, Paul? — Perguntei olhando-o.
— Por que cheiras a alfa? — Cheirar a alfa? Bom, ao menos a cadela essa não estava louca. Mas por que cheirava a isso?... Ah, a não ser... — Transaste com um alfa! —
Antes que me desse a bronca da minha vida, fugi correndo. Só há uma razão para que o cheiro não desapareça... Por favor, Deus, diga-me que não é o que penso.
Cheguei ao banheiro de ômegas masculinos e revisei o pescoço. Senti meu mundo destruir-se pela segunda vez... Esse alfa me havia marcado... E não era temporário. Era permanente, me havia ligado... A ele...
Passei uma mão pelo cabelo e saí do banheiro. Isto deve ser uma má brincadeira. Uma piada sem humor... Alguém diga-me que é um pesadelo. Que ainda sigo dormindo.
Meus olhos se humedeceram e pequenas lágrimas começaram a sair dos meus olhos. Tinha a cabeça abaixada para o chão enquanto caminhava para a saída. Não tinha nenhuma vontade de estar ali.
Não queria que Paul me visse de novo assim. Já sinto que sou um redemoinho de problemas que se enrola nele. Não quero que carregue meus problemas. Estava mergulhado em meus pensamentos que não me dei conta que choquei com alguém. Senti o cheiro familiar. Já sabia quem era e não tinha nem vontade de ver sua cara de imbecil.
Desta vez nem me desculpei pelo acidente e fui-me sem mais. Só queria trancar-me no meu quarto e chorar pelo meu problema que eu mesmo criei. Ao estar fora, peguei um táxi, me cobrava a mais, mas nem vontade de discutir tinha. Aceitei e entrei no carro.
Meu celular vibrou, tirei-o do bolso e liguei. Era uma mensagem de Paul, desliguei meu celular e voltei a guardá-lo. Alguns pensarão que sou dramático. Mas uma marca de união não é algo que se tome levianamente. Não é um jogo. Algumas pessoas se conectam sem saber se é ou não a pessoa indicada.
Pessoas morreram por isto. Quando um alfa marca o ômega por engano, estes ficam ressentidos e se separam. Mas seu corpo não suporta estar longe de seu parceiro e morre de solidão. Nem sequer sei uma merda do alfa que me marcou. Não sei nada, nem seu nome, rosto ou algo.
A vida me odeia, não há dúvida dessa merda. Quer ver-me morto e conseguirá sem dúvida. O táxi parou indicando que cheguei ao meu destino. Desci e paguei o que era. Acho que vir à minha casa para chorar livremente não era boa ideia...
Girei a maçaneta e entrei no meu lar. Bom, acho que nem lar é. É uma cova, uma prisão ou minha própria tumba.
— Onde merda estiveste ontem à noite? — Uma reclamação e uma voz que odeio desde que a ouvi chegou aos meus ouvidos.
Não tinha vontade de nada. Já havia recalcado muito, não? Quis passar de lado, mas recebi um tapa. E não tomei nada bem. Se não me irritava pelos tapas de Paul é porque se preocupava comigo, como ninguém na minha podre vida havia feito.
— Garoto desrespeitoso! — Gritou bravo. Olhei-a com ódio e isso a fez enojar-se mais, tentou esbofetear-me uma vez mais. Mas agarrei seu pulso antes que me golpeasse.
— Não quero que voltes a pôr uma mão em cima de mim — Rosnei ameaçador. Odiava à morte minha madrasta desde que a conheci. Não posso nem vê-la. Nem a ela nem a sua filha.
— Como te atreves — Soltou-se da minha agarra. Estava prestes a soltar-me. Mas notou como meu pai chegava e mudou totalmente seu rosto e atitude.
— Nicol. O que está acontecendo aqui? — Perguntou aproximando-se de nós. Meu dia não podia arruinar-se mais.
— Querido... Perguntei a Emil por que não chegou ontem à noite e ele tomou mal. Faltou-me ao respeito e tentou levantar-me a mão.... Eu só me preocupei... — Maldita raposa, só sai veneno quando fala.
— Emil. Pede perdão já mesmo — Ordenou olhando-me com raiva. Não me surpreende que prefira acreditar na sua palavra que na minha.
— Não vou desculpar-me por algo que não fiz
Pude ver como Nicol me olhava com depreciação total. Claro que me odiava. Se papá chegar a morrer, toda sua fortuna será minha por ser seu legítimo filho.
Não quis discutir mais e subi escadas acima até chegar ao meu quarto e trancar-me ali. Arremessei algumas coisas da raiva que tenho e lágrimas acumuladas saíram disparadas.
Deitei-me na minha cama e encolhi-me em mim mesmo. Lágrimas não paravam de sair enquanto houvessem preferido que me tivessem abortado ou mandado para um orfanato. Minha vida seria muito melhor... Quero morrer. A sério quero fazê-lo...
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Elizabete B Botelho
não estou entendendo nada são animais ou gente
2025-09-06
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