A terra sob o vilarejo tremia violentamente, como se o próprio núcleo do planeta estivesse sendo sacudido. O ar estava denso, saturado de uma energia tão pesada que parecia impossível respirar. Shawdon sentia o calor vindo do solo rachado, como se algo colossal estivesse prestes a emergir das profundezas. Seus sentidos aguçados captavam o mal que estava se desenrolando bem diante dele, e uma raiva fria crescia dentro de seu peito. Não importava o que fosse, ele não deixaria aquilo tomar forma. Ele tinha uma missão e um propósito, e nada – absolutamente nada – impediria o seu avanço.
— Sombra da Morte, não é? — Elara sussurrou ao lado dele, seu tom baixo, mas com um leve tremor de medo.
Shawdon a olhou por um segundo, sem dizer uma palavra, mas seus olhos negros e profundos mostravam a dureza e a determinação que ele carregava. A entidade, que se soltava das profundezas, não era algo simples. Ela não era um monstro, nem uma besta imortal. Não, isso era algo muito mais antigo e mais perigoso. Algo que jamais deveria ser libertado.
— Fique alerta, Elara. Se o que eu estou sentindo for real, o selo que prendeu essa coisa é apenas a ponta do iceberg — ele disse, sem desviar o olhar do centro do vilarejo, onde uma fissura enorme havia se aberto no chão. Daquela rachadura, uma luz intensa começou a emanar, cortando a escuridão como uma lâmina afiada.
Ao fundo, Caden e Ava chegaram correndo, ambos visivelmente exaustos, mas com os sentidos alerta. A batalha na floresta havia sido mais intensa do que o esperado. As criaturas não paravam de surgir, como se fossem invocadas pela própria entidade que agora se manifestava.
— O que é isso? — Caden perguntou, observando a rachadura no chão. — Isso… não parece normal.
Ava, ao seu lado, olhava fixamente para o buraco no chão, seu rosto pálido, mas determinado. A energia pulsante de dentro parecia ser um chamado para ela, como se alguma força maior estivesse tentando conectá-la com aquilo.
— Não podemos deixar isso sair — ela disse, com a voz trêmula, mas cheia de firmeza. — Se isso se libertar, será o fim de tudo. Eu… eu posso sentir o chamado. É uma força sobrenatural, algo que transcende tudo o que já enfrentamos.
Shawdon assentiu com um gesto imperceptível. Ele sabia o que estava em jogo, sabia que, se aquela entidade fosse solta, nenhum de seus poderes seria capaz de detê-la por completo. Mesmo com sua força, ele sabia que não seria o suficiente. Eles precisavam agir rápido, juntos.
— Vamos fechar essa rachadura agora, antes que se torne incontrolável — Shawdon ordenou, sua voz grave, como um comando. Seus olhos brilharam com uma intensidade gelada enquanto ele avançava para o centro do vilarejo.
Elara, com sua habilidade de manipulação de energia, se preparou para ajudar. Ela sabia que enfrentariam algo muito além das capacidades normais de seus poderes. O que estava por vir não era apenas uma entidade física, mas algo que transcendeu os limites da realidade.
Mas, antes que pudessem dar o próximo passo, uma presença terrível se fez sentir. O ar congelou ao redor deles, e uma voz baixa, profunda e cheia de poder ecoou das profundezas.
— Vocês não podem impedir o que está vindo. — A voz parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo, como se o próprio chão estivesse falando. Era uma ameaça direta à sua existência, um aviso de que qualquer tentativa de resistência seria fútil.
Shawdon parou por um instante. O peso daquela voz, combinada com a energia que emanava da rachadura, fez até mesmo sua determinação vacilar por um momento. Isso não era apenas uma entidade. Era algo que havia esperado milênios para sair de seu cárcere, e agora, finalmente, estava livre.
— Não é só uma ameaça — Elara disse, com os olhos fixos na fissura. — Esse… ser. Ele é a encarnação do caos.
Ava e Caden também estavam preparados para agir, seus corpos tensos e prontos para a batalha que se aproximava. Mas, como sempre, a verdade era que não havia apenas uma batalha à vista. Eles não estavam apenas lutando contra um ser físico. Eles estavam desafiando o próprio destino, a própria estrutura do universo.
De dentro da rachadura, algo começou a se materializar. Uma forma enorme, nebulosa, com formas de tentáculos e olhos incandescentes, se ergueu lentamente. A energia ao redor era quase insuportável. Cada segundo que passava, a sensação de destruição iminente crescia.
— Seja bem-vindo ao fim — a voz continuou, agora mais audível, como se o ser estivesse mais próximo. A presença daquela entidade parecia capaz de destruir não apenas corpos, mas a própria alma.
Shawdon deu um passo à frente, ignorando a pressão esmagadora. Ele sentia a vibração das suas habilidades se expandindo, preparando-se para liberar o poder contido em sua essência. Era um risco enorme, mas ele não tinha escolha. A batalha contra aquilo exigiria tudo o que ele tivesse. Ele se virou para os outros, com a expressão séria.
— Fiquem prontos. Isso vai ser diferente de tudo o que já enfrentamos.
Enquanto isso, Dante e Seraphine estavam mais distantes, mas também sentiam a tensão crescente. Dante, com seu olhar calculista, estava atento a cada movimento, analisando as sombras que se moviam ao redor deles. Seraphine estava quieta, sua mente concentrada na percepção de todo o ambiente ao seu redor. Ambos sabiam que o que estava prestes a acontecer não era algo que poderiam simplesmente ignorar.
Dante olhou para Seraphine, seu rosto agora mais sombrio do que nunca.
— Está vindo de lá, não está? — ele perguntou, sabendo a resposta antes mesmo de ouvir.
Seraphine fechou os olhos por um momento, sentindo a energia distante, mas crescente. Ela assentiu, um fio de preocupação passando por sua expressão.
— Sim. Está perto. Mais perto do que eu gostaria.
A tensão no ar se intensificou. O tempo estava se esgotando, e os dois sabiam que precisavam voltar para o vilarejo, para ajudar os outros a combater a força que agora começava a se libertar.
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Atualizado até capítulo 43
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