...Capítulo 2...
Odiava deixar conversas pendentes com a sua irmã, mas não estava muito boa para conversa com ela agora. Precisava chegar em seu trabalho em meia hora, trabalhava no Dulce Ristor & Enoteca. Para quem está hospedado entre a estação Victoria e a Pimlico ou está passeando nessas imediações, o restaurante Dulce é uma excelente opção para uma refeição típica italiana, com ingredientes frescos, pratos bem servidos, excelente carta de vinhos, sobremesas maravilhosas, e num local aconchegante e charmoso.
Suspirou ofegante ao conseguir pegar o ônibus, ainda bem que dera tempo para pegar no horário. Odiava chegar atrasada no serviço, e por mais cansativo que fosse tinha que manter a cabeça erguida e trabalhar todos os dias, pelo menos aos domingos não se abria.
Ao chegar lá em cima da hora, correu para o banheiro onde trocou de roupa e cumprimentou todos os seus colegas de trabalho e se aproximou de sua amiga, pelo menos achava que Jenna fosse sua amiga. Jenna era um ano mais velha que ela, era mãe solteira e estava tentando manter a vida longe de problemas, já que sua filha ficava com a mãe enquanto trabalhava. Era muito bonita com seus cabelos ruivos e olhos esverdeados, magra e alta, nem parecia que já era mãe.
- E aí, como estão as coisas? – indagou assim que se aproximou de Jenna, colocando o avental preto.
Jenna deu uma olhada para ela e fez careta.
- Oi, precisa ajeitar o seu cabelo. Mas está tudo bem por aqui, e amanhã vou precisar que você venha no meu horário, preciso fazer algumas coisas.
- Mas eu tenho que...
- Por favor... amanhã tem reunião cedo na escola da Rafa e não vai dar tempo de chegar a tempo e preciso ir resolver outra coisa.
Caroline hesitou e assentiu. Ela entendia que Jenna tinha problemas com o pai da filha dela, ele raramente pegava a menina e muito menos pagava a pensão. E poucas vezes que o viu indo ali atrás de Jenna tinha vontade de socar a cara do infeliz. Era tão chato ver sua amiga passando por essas dificuldades, que às vezes pensava que seus problemas não chegavam nem perto do de Jenna.
- Ok. Eu vou tentar mudar o que eu ia fazer.
- Obrigada.
Jenna a abraçou toda sorrindo.
- Você é um amor. Então... vamos trabalhar.
Caroline sorriu após ter arrumado o seu cabelo de novo. Arrumou algumas mesas, pois já havia acabado com o horário do café e precisava colocar tudo no lugar. Ela ficava na parte da entrega dos pratos, pois preferia ficar por ali do que servindo os pratos, mas às vezes tinha que sair do seu posto e indo ajudar a servir as mesas. O bom que sempre lotava e as horas passavam muito rápido e sem contar que se divertia com os rapazes da cozinha que sempre estavam contando algo engraçado.
Assim que teve o primeiro pedido, um dos ajudantes da cozinha veio falar com ela sobre saírem todos juntos depois do serviço. Não estava a fim de sair, ainda mais com os caras de onde trabalhava. Era meio que estranho sair com quem trabalhava, sempre soube que não pegava bem esse tipo de coisa.
- Quem sabe algum dia..., mas hoje não.
- Amanhã é sexta, Caroline. Todos aqui vamos sair para beber...
- Vocês não trabalham não? – Indagou enquanto pegava um prato.
- Claro. Mas se divertir não mata ninguém não.
Ela sorriu e concordou.
- Vou pensar.
Era umas oito e pouco quando Jenna veio pegar um pedido toda sorridente. Sempre que ela vinha pegar algo sorrindo era porque tinha visto um homem bonito.
- Ele veio de novo.
- Ele quem? – perguntou ajeitando o prato.
- O cara de óculos... que te falei. Ele é tão charmoso.
- Vai trabalhar e parar de ficar olhando para os homens.
Jenna riu antes de pegar o prato e se afastar. Há duas semanas Jenna havia se encantado com um cara que vinha sempre o mesmo horário todas as quinta-feira e desde então ela sorria o tempo todo. Era uma pena não poder ver o cara, pois era tão corrido que mal dava tempo de respirar.
No fim da noite, como não tinha o hábito de sair para descansar, beliscou algo na cozinha quando o seu chefe chegou dizendo que sábado iria conversar com todos antes de abrir o local. Será que haviam feito algo errado?
Esperava que não. Haviam trabalhado como sempre fazia todos os dias. Saiu do restaurante e teve que correr para pegar o último ônibus de volta para casa e conseguiu pegar assim que chegou no ponto. Mal chegou em casa e viu que tinha mensagens de Susan, não muito a fim de dar uma olhada, foi direto para a cama. Não estava interessada em conversar àquela hora da noite, estava mais querendo descansar.
No dia seguinte, levantou-se cedo e foi direto tomar banho, colocou alguma roupa confortável e viu que chovia Estavam no mês de abril, o mês em que tudo voltou a florescer na terra da rainha graças à primavera que já chegou. As temperaturas costumam variar entre 7 e 16oC. O pôr-do-sol começa entre 19:30h e 20:30h com dias mais longos de luz devido ao horário britânico. Nesta época ainda deve incluir um pequeno guarda-chuva de mão para evitar surpresas, além de casacos de inverno e alguns mais leves. Como as temperaturas em Londres são por vezes imprevisíveis, recomendamos sempre conferir a previsão atualizada do clima em Londres.
A dica da época é abusar dos passeios nos parques. O Kew Gardens , Hyde Park e Regents Park são boas pedidas. Mercados de rua e atividades ao ar livre já podem ser exploradas sem muita preocupação com o clima.
Já estava se acostumando com aquele clima todo, pois sabia que não mudava muita coisa de Nova York. Naquele dia achou melhor usar uma calça jeans, uma blusa de tricô de seda listrada e botas. Como o seu cabelo estava num corte Chanel longo, deixou-o solto. Ao descer as escadas seu tio Richard lhe deu um bom dia e nem perdeu tempo em falar com ela.
- Bom dia!! Susan está atrás de você.
- Eu sei. Ela me mandou mensagens ontem, mas estava cansada demais para falar com ela. – contou servindo-se de café antes de sentar-se. – Eu não tenho como fazer nada hoje por ela, vou entrar no lugar da Jenna hoje.
- Aconteceu alguma coisa com ela?
- Não. Ela só tem que ir a uma reunião de escola. – mordeu a bolacha que comia.
Seu tio a encarou. Parecia preocupado, mas não iria fazer perguntas, pois sabia que ele não andava muito bem de saúde e sua tia estava tentando o máximo para mantê-lo bem.
- Vocês já resolveram muitas coisas?
- Algumas... semana que vem vamos ver os vestidos. – ela falou. – Estou quase infartando para Susan não escolher algo caro.
Richard sorriu.
- Não acho que ela faria isso. Mas o noivo dela pode pagar pelo seu vestido.
- Não quero... abusar disso, tio.
- Tem razão.
- Não se preocupe, já venho juntando dinheiro para pagar o vestido. – contou e levantou-se colocando a xícara na mesa. – Bem tenho coisas para fazer antes de ir trabalhar.
Assim que subiu e entrou no quarto, seu celular estava piscando. Já imaginou quem era e quando viu era Susan. Sua irmã já estava passando dos limites mandando mensagens demais há ela. Não tinha nenhum dia de paz se quer, nem para ir ao shopping podia ir mais porque tinha que estar sempre com ela ajudando para o casamento.
Invés de responder por mensagens, ligou para ela. Foi coisa de segundos, Susan atendeu parecendo aliviada.
- Oi.
- Bom dia. Nossa, por que não me respondeu?
- Cheguei cansada ontem e fui direto para cama. E infelizmente hoje não posso sair com você. Vou entrar cedo para trabalhar... troquei o horário com a Jenna hoje.
- Hum... você leu as mensagens? Bem, não importa, o pai de Wesley quer mesmo que o casamento seja lá. Conversamos muito sobre isso e decidimos aceitar, afinal o lugar é maravilhoso e foi onde nós nos conhecemos. – Susan tagarelou. – Na terça feira iremos ver os vestidos, já falei com a mulher e está tudo certo.
- Ah sim.
- E amanhã iremos fazer um jantar com os padrinhos aqui em casa... você vem né?
- Mas amanhã eu trabalho, Susan.
- Você dá um jeito.
- Como se fosse fácil fazer isso.
Pode ouvir um suspiro do outro lado. Sabia que sua irmã não estava muito satisfeita com que vinha dizendo.
- Você não quer conhecer o seu parceiro?
- Acho que ele é uma das minhas menores preocupação no momento. Amanhã tenho uma reunião lá no serviço e não sei no que vai dar.
- Entendi. Bem, qualquer coisa você me avisa... beijos.
Caroline fez careta ao afastar o celular e ver que sua irmã havia sido bem mesquinha desligando na cara dela, só porque havia dito que não poderia ir no jantar. Sem se importar, ajeitou suas coisas e pegou sua bolsa antes de descer e sair, por sua sorte não encontrou com nenhum dos seus tios.
Correu para pegar o ônibus para ir até o centro, precisava dar uma olhada em algumas coisas. Ainda não havia comprado nenhum presente de casamento para a sua irmã e precisava fazer isso quando não tivesse Susan do seu lado. Decidiu ir a uma loja para decoração e meio que indecisa para escolher, apenas deu uma olhada em algumas lojas.
Quando foi umas nove e pouco começou a sentir fome, como estava próxima do serviço decidiu ir comprar alguma coisa numa lanchonete ali perto. Sentou-se numa mesa e pediu alguma coisa simples como um lanche e suco.
Susan estava mandando mensagens para saber se já havia resolvido. Respondeu que ainda iria ver isso e só amanhã iria dar uma resposta. Terminou de comer e entrou na fila para pagar, tinha um cara de terno que não parava de falar ao celular e ao mesmo tempo com a moça que fazia o café.
Fez careta por ver que o negócio ia demorar, mas esperou pacientemente. Até que a moça sorriu para ela e entregou o café ao cara, que tentava tirar o cartão de dentro da carteira com uma mão só, foi quando ele percebeu que estava atrapalhando os demais e desligou o celular e pagou a moça todo sorridente e ao se virar bruscamente esbarrou nela fazendo com que o café dele derramasse em cima dela.
Constrangido, começou a pedir desculpas há ela.
- Nossa, me desculpe, moça.
- Tudo bem...
Ela dizia toda nervosa e pegando guardanapos para limpar a sua blusa.
- Sinto muito. – ele falou e virou-se pedindo outro café para a moça, depois se dirigiu há ela. – Não tive a intenção... sinto muito mesmo.
Caroline teve que forçar um sorriso.
- Não se preocupe... – ela não iria discutir com o cara num lugar que estava cheio de pessoas observando a catástrofe que ele havia causado, foi aí que uma outra moça a chamou para acertar a sua conta.
Assim que pagou viu que ele também pagava pela conta e forçou um sorriso ao vê-la passar ao seu lado. Engoliu em seco, toda envergonhada por ter que andar com a roupa suja e cheirando a café. Para a sua sorte que trocaria de roupa quando chegasse no serviço, mas na hora de ir embora seria obrigada a vestir aquilo de novo.
- Moça...
Caroline fingiu não escutar e apertou o passo. Estava triste por saber que estava suja, odiava andar daquele jeito pelas ruas e as pessoas olhavam para ela. Mas não durou muito, alguém agarrou o seu braço.
- Moça...
- Não precisava vir atrás de mim.
Seus olhares se encontraram. Não havia percebido antes, mas ele tinha olhos enigmáticos e um azul tão claro que pensou estar vendo o céu, a boca ampla perfeita que deve enlouquecer qualquer mulher e o cabelo castanho curto meio bagunçado. Sempre pensará que caras como ele deveriam se manter longe, afinal homens que ficavam incrivelmente de terno, boas pessoas não eram.
- Eu sinto muito... de verdade.
- Ok.
Toda sem graça por ver que estava começando a ficar nervosa, quando observou-o tirar a carteira e tirar uma nota.
- Peço desculpas e você pode ir comprar algo para tirar isso. Uma moça assim não pode andar na rua... assim.
- Não precisa se incomodar. Estou indo trabalhar...
- Mas não pode...
- Já disse que está tudo bem. – ela ia se virar para ir embora, quando viu que ele não iria deixá-la em paz. – Senhor...
- Olha compra algo para vestir ok. – ele pegou na mão dela e entregou a nota e se afastou.
Caroline se paralisou ao ver a atitude do cara. Quem fazia isso? Nunca na sua vida havia passado por esse momento constrangedor e para completar o idiota achou que ela fosse alguém sem importância e que não podia ter o que se vestir e lhe dar dinheiro.
Ohh dinheiro! Foi aí que se deu conta que segurava uma nota na mão. Olhou para o papel e paralisou novamente chocada ao ver que ele havia dado uma nota de cinquenta.
Uau! Dava para ela comprar umas duas blusas ou várias naquelas lojinhas simples ali em Londres. Mas não iria ficar com aquele dinheiro, não seria certo. Mas como que iria devolver se nem o conhecia, afinal Londres era uma cidade grande. Onde iria encontrar um cara daquele para falar que não era uma sem teto e que não precisava do dinheiro dele.
Caroline guardou o dinheiro e foi para o restaurante. Chegando lá os rapazes já olharam para ela e suas roupas. Explicou o que aconteceu e foi trocar de roupa, quando voltou fez tudo o que tinha que fazer antes que abrissem o local. Pelo menos naquele dia ela iria embora mais cedo.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Adriane Alvarenga
Estou gostando da história....Parabéns autora!!!!👏👏👏👏👏👏❤💖
2025-01-27
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