O filho bastardo

...Capítulo 3...

- Talvez a gente se vê por aí. – Wesley se despediu da moça com quem conversara no avião.

Não costumava flertar moças dentro do avião, mas a moça era bonita e lhe chamava a atenção. Precisava de uma distração naquele momento, estava tão ocupado com o trabalho que esquecera que tinha uma vida pessoal.

Odiava ao pensar na palavra família e odiava mais ainda quando tinha que estar no natal na casa de seu pai. Havia trabalhado muito nesses últimos dias para tentar conseguir estar em casa no fim de ano.

Se pudesse pelo menos arrumar um jeito de não ter que ir lá e bancar o filho querido do sr. Walter para os amigos de seu pai. Era terrível ter que bancar de idiota na frente de tanta gente que sabia muito bem que ele era apenas um filho bastardo, pelo menos era assim que seu meio-irmão dizia.

Não poderia reclamar por ter nascido num berço de ouro e que estudara em boas escolas, uma vida ótima. Mas desde que começara a entender sobre a vida idiota que sua mãe escolhera ao lado do poderoso Walter, passara a ignorar desde então. Nada que fizesse trazeria sua mãe de volta, sua mãe havia falecido há uns dez anos com um tumor no cérebro.

Sentia falta dela todos os dias, e era uma pena ela não poder ver o filho ser alguém na vida. Ele chegara aquela vida sem ajuda de ninguém, seu pai fora contra o que ele queria, mas nada o fizera mudar de ideia.

Passava a maior parte longe daquela casa e só ia lá porque seu pai lhe obrigava há ir nos feriados – ele dizia que era tradição de família. Era a tradição mais idiota que tinha.

Sabia que seu meio-irmão Jonathan não gostava que ele fosse à casa de seu pai, afinal ele morava lá. Ele dizia que a casa era dele, por ser o irmão mais velho e que nasceu de uma família muito bem construída e que seus pais só não estavam hoje juntos por causa da sua mãe caçadora de recompensas. Odiava ter que escutar isso pelo resto de sua vida pelo seu irmão idiota.

Ele não pediu para nascer e muito menos não tinha culpa se sua mãe fora uma jovem tola que cairá nas conquistas baratas do sr. Walter.

Havia passado a vida toda escutando isso, até mesmo quando sua mãe estava viva. Jonathan não o aceitava de maneira nenhuma e a mãe dele, muito menos, ela sempre aparecia na casa para ficar vigiando os passos do ex-marido, para vê se ele não aparecia com outra mulher. Pelo que soube seu pai não estava afim de se prender novamente depois da morte da esposa. Ele sabia que seu pai amara sua mãe muito mais que a do primeiro casamento, e ficava feliz por saber que pelo menos sua mãe tinha sido o amor da vida dele.

Ele sorriu ao lembrar de sua mãe. Ela fora uma mulher encantadora, conquistava todos a sua volta com seu sorriso, sua beleza e suas histórias que normalmente era contada nos livros em que ela mesma escrevia.  

Mas agora ela não existia mais, apenas lembranças boas que ficaram para ele sempre recordar.

Ele parou um táxi e entrou. Estava na hora de ir para casa, estava cansado demais para ficar perambulando por aí. Havia vindo de Dublin depois de conseguir fazer uma negociação por lá e estava doido para uma noite de sono. Já eram quase oito horas da noite e precisava realmente deitar e descansar.

Assim que chegou em seu apartamento num edifício anos 30 na esquina sul da Eaton Place e com fácil acesso a lojas individuais e bons restaurantes, ambos Elizabeth Street perto e Orange Square, Sloane Square e Victoria Mainline fácil acesso. Apartamento com sala ampla com duas janelas, cozinha, banheiro e quarto com roupeiros, pisos de madeira. Era uma pena que aquele apartamento ficava mais vazio, do que com ele dentro.

Colocou seu celular para carregar, pois ficara o dia todo sem bateria. Havia varias ligações de seu pai, e ficou feliz por saber que não poderá atender nenhuma, mas também ficou preocupado se tivesse acontecido algo com o velho. Assim que tomasse um banho ligaria para lá para saber o que havia acontecido.

Wesley passou meia hora tomando banho e quando terminou, pôs a sua calça de pijama e pegou uma bebida e encheu seu copo com uísque e só então ligou para a casa do pai. José que atendeu e em segundos a ligação foi transferida para o seu pai que provavelmente estaria no escritório.

- Wes, onde você estava?

Sempre direto ao assunto. Nunca perguntava se ele estava bem.

- Estou bem... meu celular estava sem bateria. – Ele explicou. – Aconteceu alguma coisa?

- Não. Quero dizer, só queria saber se você teria uma vaga na sua empresa para uma... moça?

Ele hesitou.

- Não. Isso é só com o setor de RH. – Ele pausou. – Quem é a moça?

- É a irmã da Raquel.

- A Raquel tem irmã?

- Sim. Elas vieram para Londres ontem e precisam de emprego, achei que você pudesse arranjar alguma coisa para uma delas.

- Pera, deixa eu vê se entendi. Raquel tem duas irmãs, que vieram para Londres arrumar emprego. – Ele riu sarcástico. – Está querendo ser caridoso com duas moças?

- Quero apenas ajudar. Raquel é uma ótima mulher e devo muito há ela e o marido. Só estou querendo ser gentil, mas se você não quer ajudar... tudo bem.

- Pai... não quero ser rude. Mas não posso fazer isso, o setor de RH que resolve essas coisas. – Ele tentou enrolar. Sabia que poderia muito bem fazer alguma coisa, mas não estava afim de resolver nada no momento.

Gostava muito de Raquel, ela realmente era uma mulher encantadora. Ele a tratava como da família, e ela sabia disso e com certeza a ajudaria quando precisasse. Mas não estava afim de fazer isso agora, era de noite e só queria deitar para pensar com mais clareza no dia seguinte.

- Desculpa, pai. Mas hoje não estou afim de ter essa conversa com o senhor. Acabei de chegar de viagem e preciso descansar.

- Ok. Qualquer coisa se mudar de ideia, dá uma passada por aqui amanhã. – Seu pai falou.

- Ok.

Ele desligou o telefone e ficou olhando para o nada. Era surpreendente como as coisas eram, seu pai sendo caridoso.

 

 

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Comments

Zete Campos

Zete Campos

vai se apaixonar por uma das duas irmãs da Raquel .Qual delas.

2025-07-27

0

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