O casamento

Hugo

Sabia que Marco, não iria rejeitar essa oportunidade, estou aqui com o juíz de paz na fazenda Montana 1, para casar a filha de Marco, esse acordo será um sucesso.

_ Senhor, Hugo tem um carro na entrada da fazenda, Marco Andrade. Podemos liberar a passagem ?

_ pode sim, André! Traga eles até o escritório, tire os pertences da moça e deixe na minha caminhonete. Antes que me esqueça, ligue na Fontana 3 e avise Luiz que estamos chegando, prepare um quarto. E mesa para mais uma pessoa.

_ Sim, senhor!

André saiu e direcionou Marco ate o escritório, quando bati os olhos na moça, fiquei encantado com tamanha beleza, ela tinha um cabelo cumprido, preto. Tinha cerca de 1,75 de altura, magra com uma rosto angelical, mas que carregava uma tristeza enorme no olhar.

_Meu amigo, então essa é sua filha? Prazer em conhecê-la.

_ Hugo essa é Liz, nossa querida filha.

Liz em nenhum momento direcionou o olhar a mim até o seu pai, segurar firme em seu braço.

_ Bom dia, senhor!

_ Oh minha querida, me chame de Hugo. Iremos nos casar agora.

Então o juíz de paz se aproximou, dei a ordem pra realizar o casamento.

Liz

Quando eu olhei aquele velho, meu estômago revirou, ele tinha uma boa aparência, mas eu não podia me casar daquela forma, eu nem o amava, como seria nossa convivência. Essa fazenda é longe de tudo e de todos. O que seria de mim, ninguém viria me resgatar. Sou puxada dos meus pensamentos, quando o juíz de paz começou:

_ Senhora Liz Andrade, aceita casar com o representante Hugo Fontana?

Olhei de relance para os meus pais, não perceberam nada, mas eu me atentei aquelas palavras, o senhor Hugo era representante de alguém, mas quem? Fiquei em silêncio. E o meu pai segurou o meu braço então respondi.

_ Sim!

Então aos direitos a mim invertido, declaro casados. as minhas lágrimas caiam involuntariamente, não conseguia freia-las.

Meu pai e minha mãe, aplaudiram. Com um sorriso sínico no rosto e me abraçaram, não consegui me mover, era sufocante aquela situação. Hugo é o juíz de paz, saiu nos deixando sozinhos.

_ Pai, eu não quero ficar aqui, por favor. Se eu sou um problema pra vocês, eu mudo pra outro lugar, e vocês nunca mais vão me achar.

_ Minha filha, infelizmente isso não é uma opção. Se você ousar fugir ou algo do tipo, causar qualquer problema, se considere uma pessoa morta. O senhor Fontana, é muito poderoso, pode ser considerado até um mafioso. Ele pode ser muito cruel com você, cuide-se.

_ você casou super bem, não conseguiria alguém como o Fontana, nunca.

Saíram me deixando ali, sem chão. De uma hora pra outra, tudo desabou. Será que eu nasci pra sofrer. Chorei por um tempo, não sei quanto tempo, estava exausta até que adormeci, sentada em uma cadeira, escorada com a cabeça na mesa do escritório.

Acordei com o senhor Fontana , me chamando:

_ vamos, garota! O carro está te esperando.

_ para onde estamos indo?

_ Nós? Não!Você vai conhecer seu marido, querida.

_ meu marido? Não seria o senhor ?

_ não, você se casou com o meu filho, Luiz Fontana. Eu era apenas um representante. Seu pai mal sabe sobre esse detalhe, por isso aceitou. ele mal sabe que pior que eu só o meu filho.

Minha cabeça estava girando, não sei onde me meti, não sei o que me espera, aquele turbilhão de sentimentos estava dentro de mim, ecoando por todo o meu corpo, me deixando zonza, sem saber o que fazer. Tudo tinha perdido o sentido, minha visão estava embaçada, meu corpo trêmulo.

_ toma essa água, você parece muito abatida. Não quer conhecer seu marido nessa situação né ?

_ Senhor, houve um mal entendido, eu não posso me casar com seu filho, eu não sei que acordo você tem com o meu pai, mas eu sei de uma coisa, não tenho nada haver com isso.

Falava em meio as lágrimas, com a voz embargada.

_ Você não sabe ? Seu pai, minha linda deve muito, no meu cassino, você é o pagamento da dívida. Agora vamos, temos que chegar antes do jantar.

Meu estômago estava pesado, como se tivesse com uma pedra, meu pai me vendeu. Nunca fizeram seu papel de família, nunca me protegeu, tudo que eu conquistei foi com muita batalha. Eu custei me formar, eu me esforcei, e agora estou aqui a mercê. Isso não é justo, não tenho o direito de ser feliz. Em meios a esses pensamentos, Hugo, abriu a porta da caminhonete, entrei colocando o sinto. A primeira coisa que percebi foi uma arma bem no painel, era pequena. Mas fiquei apreensiva; então um rapaz entrou sentando ao volante.

_ Liz, esse é o André ele te levará até Luiz. Boa viagem, e não ouse nenhuma gracinha, seus pais estão na minha mira, sua amiga Suzana também

Quando ele falou dos meus pais, não senti nada, mas quando falou de Suzana me senti ameaçada, tive medo. olhei pra André, tinha uma cara de poucos amigos; de propósito ele deixou a arma que estava na sua cintura visível. Fiquei parada, não tinha forças para argumentar, só vi o senhor Fontana, ficando para trás. Bateu um cansaço, mas tinha medo de dormir e esse cara fazer alguma coisa comigo. Eu tinha que lutar, tinha que fazer algo. Talvez não tivesse oportunidade de fazer isso quando chegasse, não sabia qual seria a minha vida lá.

Após horas de viagem, passando no meio de uma lavoura de milho ou soja, não conseguia identificar, estava pequena as mudas, ficava imaginando todos os cenários, pedir pra fazer xixi e tentar correr, mas não dava pra esconder em meio a plantação.

Passamos por um povoado, tinha mercado, até mesmo sorveteria. Quando vi um grupo de pessoas na rua, parecia algum festival tinha muitas crianças e adultos também. Não tive muito tempo para pensar em um rompante apenas abri a porta, mas quando ia pular, ouvi um click, a arma estava apontada para mim, não tinha como escapar, fechei a porta.

_ não ouse inventar nenhuma gracinha, você agora pertence ao senhor Luiz, se você pedisse ajuda pra qualquer pessoa aqui, não adiantaria nada. Aqui quem manda é os Fontana, então se poupe, de qualquer ideia para fugir, aqui você sai quando eles permitirem, você vendeu sua alma para o diabo mocinha, sinto muito.

Chorei, chorei muito, não tinha o que fazer essa família era muito poderosa, chorei até adormecer. Acordei com André me chamando, já tinha chegado, era uma fazenda muito bonita tinha uma casa, não tão grande, mas se não fosse nesse cenário acharia bonito.

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