...Aylme...
Caminhei pelo corredor com passos apressados, quase tropeçando no salto que não estava acostumada a usar. Meu coração batia como um tambor descompassado, mais pela confusão mental do que pela pressa. Apertei o botão do elevador com força, como se isso fosse me ajudar a escapar mais rápido daquela situação surreal. Quando a porta finalmente se abriu, entrei e apertei o botão para o térreo.
O silêncio do elevador me deu espaço para pensar. Ele realmente disse aquilo? “Preciso de uma esposa.” O eco da voz calma e autoritária de Isaac Castellani ainda ressoava na minha cabeça. Não era possível que aquilo fosse real. Pessoas normais não fazem propostas assim. Mas, claro, Isaac Castellani não era uma pessoa normal.
Quando as portas do elevador se abriram, eu praticamente corri até a saída do prédio e acenei para o primeiro táxi que passou.
— Para a Rua Clemente, 208, por favor — disse ao motorista, enquanto me acomodava no banco traseiro.
Enquanto o carro avançava pelas ruas movimentadas, eu tentava organizar os pensamentos. A proposta de Isaac tinha me pegado totalmente de surpresa. Eu tinha ido àquela entrevista esperando uma vaga simples, algo para me dar estabilidade. No entanto, saí de lá com uma oferta absurda, quase impossível de acreditar.
Eu sabia quem ele era, claro. Era impossível viver nesta cidade e não saber. Isaac Castellani era o tipo de homem que parecia inalcançável, quase mítico. Dono de uma das maiores empresas do país, ele era constantemente visto em eventos de gala, fotografado ao lado de celebridades, empresários e até políticos. Não apenas isso, ele também era, por falta de uma palavra melhor, lindo.
E não era só beleza comum. Era o tipo de beleza que você vê em capas de revistas. Aliás, literalmente em capas de revistas. Ainda me lembro de quando o vi em uma campanha para a Calvin Klein. O anúncio estava em todos os outdoors da cidade, mostrando Isaac vestido apenas com uma cueca preta e um olhar intenso que parecia perfurar a alma. Não que eu tenha ficado muito tempo olhando, mas… quem não olharia? Seu corpo era a definição de perfeição esculpida na academia.
Mas agora, o homem das capas de revista e das reuniões milionárias estava me pedindo para ser sua esposa. Não por amor, claro. Ele havia deixado isso bem claro. Era tudo uma questão de negócios, um contrato.
O que mais me incomodava era que ele sabia exatamente onde tocar para me fazer considerar. Ele sabia da falência do restaurante, sabia da minha situação financeira. Como? Não faço ideia, mas homens como ele têm acesso a informações que pessoas comuns como eu só posso imaginar.
O táxi parou em frente ao meu prédio, um edifício modesto e antigo em uma rua tranquila. Paguei o motorista e desci, notando que as primeiras gotas de chuva começavam a cair. Acelerei o passo, mas, antes de alcançar a porta, o céu desabou em uma tempestade inesperada.
Subi as escadas molhada e irritada, mas minha mente ainda estava presa na proposta de Isaac. Ele ofereceu exatamente o que eu precisava: dinheiro suficiente para reerguer o Casa de Alma, o restaurante que era o coração da minha família. Minha avó sempre dizia que aquele lugar tinha uma alma própria, que não era apenas um restaurante, mas um lar para quem precisava. Quando fechei as portas, senti como se tivesse falhado com ela, como eu já disse. Não posso deixar de pensar nisso.
E agora? Agora eu tinha uma chance de trazer tudo de volta. Mas a que custo?
Deixei minha bolsa no sofá e caminhei até a janela, observando a chuva escorrendo pelo vidro. Era uma solução. Uma solução louca, impensada e completamente fora da minha zona de conforto, mas ainda assim, uma solução.
Minha mente vagava entre as imagens da cozinha vazia do restaurante e a frieza nos olhos de Isaac enquanto explicava sua proposta. Ele era um homem prático, direto. Não havia hesitação ou emoção em suas palavras. Era como se ele estivesse me oferecendo um acordo comercial, não um casamento.
Mas era disso que se tratava, não era? Um acordo. Ele não queria amor, nem mesmo uma conexão verdadeira. Ele queria alguém que preenchesse um papel. E, aparentemente, ele achava que eu era a pessoa perfeita para isso.
Por outro lado, eu não o conhecia. Não além do que já tinha lido ou ouvido. Sabia que era um empresário brilhante, alguém que transformou a Castellani Enterprises em um império. Também sabia que ele tinha fama de ser exigente, frio e perfeccionista. O tipo de homem que espera que tudo e todos ao seu redor funcionem como engrenagens de um relógio.
Mesmo assim, ele não parecia ser do tipo que faz algo sem pensar em cada detalhe. Se ele me escolheu para essa proposta, era porque tinha certeza de que eu poderia cumprir o papel. Isso deveria me assustar mais do que me impressionar, mas, de alguma forma, senti um estranho senso de validação.
Sentei-me no sofá, abraçando uma almofada enquanto a chuva continuava a cair lá fora. Minha mente estava um caos. Aceitar significava renunciar a qualquer ideia romântica de casamento que eu pudesse ter. Não que eu fosse muito sonhadora nesse sentido, mas ainda havia um fio de esperança de que um dia encontraria alguém por amor, e não por contrato.
Por outro lado, dizer não significava continuar na luta diária para pagar contas, talvez nunca conseguir reabrir o restaurante.
Fechei os olhos e respirei fundo.
Eu não confiava em Isaac. Como poderia? Ele era o tipo de homem que controla tudo ao seu redor, e eu não queria ser mais um elemento no tabuleiro dele. Mas, ao mesmo tempo, ele estava oferecendo algo que ninguém mais podia: uma chance de recomeçar.
A chuva pareceu intensificar-se, como se o universo refletisse a tempestade dentro de mim.
Eu sabia que não podia decidir naquela noite. Precisava de mais tempo, mais informações. Mas uma coisa era certa: Isaac Castellani não era um homem que aceitava “não” facilmente. E se eu dissesse sim, minha vida nunca mais seria a mesma.
Enquanto observava a chuva pela janela, senti que estava à beira de algo grande. Algo que poderia me salvar ou me destruir.
E, de alguma forma, eu sabia que Isaac não seria paciente por muito tempo. Então, eu precisaria pensar rápido e com lógica.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Fatima Maria
MINHA LINDA AYLMA VC ESTÁ ENTRE A CRUZ E A ESPADA. QUAL DAS DUAS VC VAI ACEITAR?¿ MINHA LINDA COM AQUELE HOMEM EU FARIA UM SUCO LIMÃO 🍋 ESPREMIA ATÉ NÃO TER SUCO MAIS.😉
2025-03-15
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Claudia
destruir porque??? vc tem muito a ganhar com esse contrato e nada a perder!! qual a dúvida?? saber mais o que e pra que? não tem sentimentos envolvidos.... eu hein....
2025-03-09
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Anonyamor
Uma situação delicada difícil de ser decidida rapidamente, tem que ser muito bem pensado avaliando os prós e contras
2025-03-21
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