A manhã seguinte foi marcada por uma calma inquietante. Isabela acordou cedo, como se algo a estivesse chamando. O sol ainda estava tímido no horizonte, mas o mar, sempre presente, chamava-a de volta, como se soubesse que ela ainda tinha perguntas a serem respondidas. Ela não conseguia mais ignorar a sensação crescente de que havia algo além de simples coincidências em seu encontro com Ricardo. Algo que estava além da razão, além do que os olhos podiam ver.
Ela se levantou, vestiu-se sem hesitar e se dirigiu à praia, como se aquela fosse a única opção possível, a única maneira de encontrar o que procurava. O vento estava suave, e a brisa fresca do mar acariciava sua pele, trazendo um leve alívio à tensão que ela sentia. O cenário era o mesmo de sempre: o vasto horizonte, a imensidão das ondas, a areia fria que se estendia até onde os olhos podiam alcançar. Mas, para Isabela, tudo parecia diferente agora. O mar, que antes era apenas uma paisagem, agora parecia ser o palco de algo muito maior, algo que ela ainda não compreendia.
Ao chegar à beira da água, Isabela não o viu de imediato. O som das ondas e o cheiro salgado do oceano preenchiam seus sentidos, mas ela não conseguia afastar a sensação de que Ricardo estava ali, de alguma forma, esperando por ela. Ela andou lentamente pela orla, seus pensamentos agitados e sua mente cheia de incertezas. O que estava acontecendo entre eles? Por que ela não conseguia se livrar da ideia de que havia algo profundo ali, algo que precisava ser desvendado?
Foi então que ela o viu. Ricardo estava sentado sobre uma pedra, com os pés descalços na areia, olhando para o horizonte. Seus cabelos estavam desarrumados pelo vento, e seu rosto, sempre imerso em uma expressão serena, parecia mais distante do que da última vez. Quando ele a viu, levantou-se lentamente e caminhou até ela, seu olhar ainda tão penetrante quanto antes.
— Oi, Isabela. — Ele falou, e sua voz parecia mais suave, como se ele estivesse tentando medir as palavras. — Não esperava te ver tão cedo.
Isabela sentiu uma pontada de ansiedade, mas não sabia o motivo exato. A proximidade dele sempre causava essa sensação, como se ele fosse um mistério que ela não podia resolver. Ela tentou sorrir, mas seu sorriso estava carregado de perguntas não respondidas.
— Eu também não esperava, mas o mar… — Ela pausou, tentando encontrar as palavras certas. — O mar tem essa capacidade de nos chamar, não é?
Ricardo assentiu, seu olhar fixo nela, como se estivesse vendo algo além de suas palavras.
— O mar é, de fato, um lugar especial. Ele tem um jeito de nos puxar para dentro de nós mesmos, como se nos mostrasse o que precisamos ver, mesmo que não queiramos. — Ele falou com uma calma que parecia carregar um peso que Isabela não sabia de onde vinha.
Eles ficaram em silêncio por um momento, os olhos de Ricardo fixos em Isabela, como se ele estivesse esperando que ela falasse mais, que se abrisse para algo que ambos sabiam estar ali, mas que ainda não haviam tocado. Isabela sentiu o peso daquelas palavras, como se tivesse de algum modo adentrado um território desconhecido, um lugar onde seus próprios medos e desejos se misturavam ao som das ondas.
— Eu sei que há algo entre nós, Ricardo, — disse ela, por fim, a voz trêmula. — Algo que não consigo entender. Não é só o mar, não é só o destino. É… mais. Mas o que é? O que estamos fazendo aqui?
Ricardo a observou com atenção, e um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios. Havia uma sabedoria silenciosa em sua expressão, como se ele soubesse o que ela estava tentando entender, mas não queria apressar as coisas. Como se estivesse aguardando que ela mesma chegasse à conclusão, que ela mesma descobrisse as respostas que ele já parecia ter.
— O que estamos fazendo aqui, Isabela? — Ele repetiu a pergunta dela, como se fosse uma chave para algo maior. — Talvez o mais importante seja perguntar o que você está procurando. O que você quer encontrar, não no mar, mas em você mesma.
Isabela ficou em silêncio. Não sabia como responder. A verdade era que ela estava perdida. Seu trabalho, suas relações, sua vida em geral, estavam em um ponto de interrogação. Ela se via em um vazio, em um lugar onde não sabia para onde ir, nem o que fazer com as emoções que surgiam dentro dela. Ricardo parecia ser a única pessoa capaz de entender o turbilhão que se passava em sua mente. Ele tinha uma maneira de falar que fazia com que tudo se fizesse sentido, mas ao mesmo tempo, fazia com que ela se sentisse mais confusa do que antes.
— Eu não sei o que estou procurando, Ricardo, — disse ela, com sinceridade. — Eu… eu acho que estou tentando me encontrar. Mas, ao mesmo tempo, tenho medo do que posso descobrir.
Ricardo deu um passo à frente, e agora estavam mais próximos, a energia entre eles quase palpável. Ele a observava como se estivesse vendo além das palavras, além daquilo que ela dizia. Como se estivesse percebendo uma verdade que ela ainda não sabia, mas que logo seria revelada.
— O medo é natural, Isabela. Todos nós temos medo de nos ver como realmente somos. Porque, muitas vezes, o que vemos não é o que esperamos. — Ele fez uma pausa, como se ponderasse as palavras. — Mas é preciso enfrentá-lo, caso contrário, continuaremos presos a uma versão de nós mesmos que nunca existiu de verdade.
Isabela sentiu um calafrio percorrer sua espinha. As palavras de Ricardo ressoavam dentro dela, como se ele estivesse tocando em algo profundo, algo que ela nunca soubera como nomear. O que ele dizia tinha uma verdade inquietante, uma verdade que ela não podia ignorar. O medo que ela sentia era real, e a sensação de que ela estava se perdendo era ainda mais real. Mas ele também falava de algo que ela não conseguia compreender completamente: a necessidade de se encarar, de enfrentar seus próprios demônios.
— E você, Ricardo? — perguntou ela, finalmente, sua voz agora firme, como se finalmente tivesse encontrado a coragem de se lançar naquela conversa. — O que você está procurando?
Ricardo olhou para ela, e por um momento, seus olhos brilharam com uma intensidade que a fez estremecer. Ele não respondeu imediatamente, mas seu silêncio carregava um peso que fazia o coração de Isabela bater mais rápido. Ela sentiu que estava prestes a ouvir algo que mudaria tudo, algo que ela não estava certa de querer saber.
Ele respirou fundo, olhando para o mar, como se estivesse reunindo forças para falar.
— Eu estou tentando entender o que o destino realmente quer de mim. — Ele falou, sua voz mais baixa agora, como se estivesse se abrindo de uma maneira que raramente fazia. — Às vezes, parece que estamos seguindo um caminho que já foi traçado, mas não conseguimos ver o final. Não sei se estou pronto para enfrentar o que o destino tem reservado para mim, mas sei que estou aqui, com você, e que isso não é acidental.
Isabela sentiu a tensão aumentar entre eles. Ela não sabia o que as palavras de Ricardo significavam, mas sentia que elas tinham um peso imenso, algo que ela não podia ignorar. Havia algo entre eles, algo muito mais profundo do que simples coincidência ou acaso. Era como se o destino estivesse agindo ali, tecendo uma história que ainda estava por ser revelada.
— Então, o que fazemos agora? — Perguntou ela, seu olhar fixo no dele, tentando entender o que estava acontecendo.
Ricardo sorriu, mas havia algo mais sombro no sorriso. Como se ele soubesse que o caminho deles ainda estava apenas começando, e que muitas respostas ainda estavam por vir. Respostas que talvez nem ele mesmo estivesse pronto para aceitar.
— Agora, Isabela, — ele disse, com uma suavidade no tom, — agora, seguimos o que o mar nos disser. Porque é o mar que sabe. O destino, ele… ele já começou a se mover.
E assim, com essas palavras, Isabela soube que a jornada deles estava apenas começando. Que os segredos à beira-mar eram apenas o início de algo muito maior, algo que ela ainda não podia compreender, mas que estava destinada a enfrentar, de uma forma ou de outra.
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Mar Briyith ER
Obrigada, autora, por me fazer perder horas de sono, mas valeu a pena cada minuto! 😍
2024-12-15
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