Capítulo 2

Quando ficou sozinho na casa se sentiu à vontade. Explorou a casa toda sem ninguém olhando para ele como se fosse um idiota da cidade grande. Mesmo ainda não acreditando que aquela casa era dele, a única coisa agora era o que fazer com tudo aquilo. Não podia abandonar o que mais gostava de fazer e seu apartamento sentiria falta de tudo em Londres.

Vinte e nove anos, em todos esses anos seus pais nunca disseram nada há ele sobre a família. Não sabia o que tinha acontecido para eles saírem dali e viverem a vida como se só ambos importassem.  Estranho. Confuso e intrigante.

Estava olhando um quarto que gostou e aproveitou para olhar a propriedade da janela e pelo que viu era mesmo grande e maravilhoso. Foi quando seu celular tocou. Era sua mãe.

- Estou bem. – Ele respondeu assim que ela perguntou se havia chegado bem. – Só estou confuso.

- O que o meu pai lhe deixou?

Christopher suspirou.

- A propriedade toda e a vinícola.

- Sério?

- E sim mãe. Por que nunca me contou nada?

- Querido, eu só queria viver a minha vida e seu avô não estava aceitando minhas decisões.

- Mãe, eu não sei cuida disso.

- Então, volte para casa. Seu lugar é a aqui, querido.

- Eu não sei. Vou ficar alguns dias por aqui e conhecer um pouco, não posso abandonar assim. – suspirou. – Pessoas podem ficar desempregadas.

- Chris... você sabe que não precisa fazer isso. Você tem um excelente emprego, um ótimo apartamento e um na vida muito boa. Não precisa disso.

- Eu sei, mãe. Mas isso aqui agora é meu. Já decidi que vou ficar alguns dias por aqui, se não der certo eu volto para Londres.

Pode ouvir suspiros de sua mãe inconformada. Mas ele era adulto e sabia o que estava fazendo e não era sua mãe que o faria mudar de ideia.

- Mãe...

- Sim. Chris, só me prometa que não fará nada que não queira. – Ela disse. – Qualquer coisa você me liga se tiver algum problema, ok.

- Ok.

- Eu te amo, querido.

- Eu também te amo, mãe.

Se despediu de sua mãe e só então reparou que o Sr. Vasconcellos estava ali novamente e com uma moça, que presumiu ser a filha adolescente.

Desceu até o andar de baixo e mesmo que tudo fosse recente não gostaria de ninguém entrando na casa sem sua permissão.  Teria que conversa sobre aquilo com o Sr. Vasconcellos.

 Só agora descendo a escada reparou que havia quadros e fotos por todo lado, mas notou que tinha fotos, presumiu ser sua mãe quando criança, pois parecia muito com sua irmã.

Assim que o Sr. Vasconcellos o viu forçou um sorriso.

- Vim só perguntar se não quer jantar lá em casa essa noite, já que estará sozinho?

- Ah obrigado pelo convite.  Mas vou... descansar.

- Ah sim claro. Ei, quero lhe apresentar minha filha mais nova Annabel. – Sorriu. – Querida esse é o Sr. Christopher Pellegrini o neto de Marcus.

- Prazer em conhecê-lo, Sr. Pellegrini.

- Igualmente.

A moça era pequena, de pele branca e o cabelo preso num rabo de cavalo, parecia ter quase a mesma idade da sua irmã.

- Pai, eu já vou indo. Tenho que ajudar a fazer a janta... – Annabel beijou o pai no rosto e se despediu com um sorriso e saiu.

- Essa garota está crescendo muito rápido, desde que minha mulher morreu aprendeu a cuidar de si mesma. Só que quando chega nessa idade todas começam a dar trabalho, mas graças a Deus Kiara vem me ajudando.

Chris hesitou e mudou de assunto.

- Aproveitando que o senhor está aqui, amanhã eu gostaria de ir dar uma olhada lá na plantação e no barracão se for possível.

- Claro. Isso seria ótimo mesmo.

- Sabe quantas pessoas mais ou menos trabalha por lá?

- Não sei exatamente quantas, mas no barracão tem umas vinte e na plantação umas trinta, aí tem o químico, minha filha que vem fazendo o trabalho de Marcus e eu que venho colocando ordem até o senhor vim.

Ele forçou um sorriso.

- Certo. Vou precisar falar com a sua filha, mas antes preciso dar uma olhada no local.

- Vai ficar com a herança?

- Estou primeiro só analisando as coisas antes de tomar a decisão certa.

- Certo. Você se parece com sua mãe, exceto os olhos.

- É mesmo?

- Sim.

Christopher assentiu e só olhou no relógio de pulso.

- Bem, não quero incomodar. Mais já vou indo... amanhã eu passo aqui para lhe levar até o barracão.

- Ok.

 

- Será que dá para você falar um pouco menos Annabel. – pediu Kiara que tentava procurar o seu boné dentro do guarda-roupa bagunçado e resmungou consigo mesma. – Aí preciso dar um jeito nesse guarda roupa... achei!

Kiara virou-se para a irmã mais nova e sorriu colocando o boné na cabeça.

- Quando você voltar do colégio arrume a casa e se precisar de alguma coisa sabe onde me encontrar.

Annabel cruzou os braços toda seria.

- Não vou arrumar o seu quarto, Kiara. Não sou sua escrava.

- Não lembro de ter citado o meu quarto... enfim preciso trabalhar e me obedeça.

Kiara sabia que estava sendo rígida com sua irmã mais nova, mas aquela garota não parava de falar sobre garotos e mesmo que quisesse o bem dela, a única coisa que sabia dizer era que ela deveria aproveitar a vida e não se enroscar a qualquer garoto por aí. Sabia que não seria fácil lidar com uma adolescente, pois ela mesma não fora tão fácil assim, apesar de ter sido forçada a amadurecer antes assim que sua mãe falecera e cuidará de Annabel desde que ela tinha cinco anos, então acabara se prendendo demais em casa e não teve muito tempo para festas e namorados quando tinha a idade de sua irmã.

Sentia falta de poder sair e se divertir, mas sabia que tinha responsabilidade para cumprir e seu pai precisava dela, pois não sabia lidar com aquilo tudo.

No momento, ela estava mais interessada em saber quem era o neto do Sr. Mancini que viera de Londres receber a herança. Seu pai havia falado dele o jantar todo e mesmo que não tivesse interessada em saber nada daquele homem, mas infelizmente teve que ouvir todo o blá blá blá do seu pai na noite anterior e agora estava nervosa por ir trabalhar e que com certeza iria conhecê-lo.

Não estava muito a fim de trabalhar naquele dia e sabia que surtaria a qualquer hora se acabasse não gostando do sujeito. Havia crescido com aquele velho e a única coisa que havia ganhado dele foi apenas mais trabalho, desde que o Sr. Mancini falecera ela vinha trabalhando bastante, tanto com a parte de venda quanto ali no barracão e plantação. Por mais que gostasse de fazer inúmeras tarefas, ela estava começando a ficar esgotada e claro que ficará decepcionada com a herança do velho.

Tinha sido uma neta para o velho em todos esses anos, havia escutado histórias perambulantes a vida toda, a filha do Sr. Mancini havia ido embora de casa por causa do namorado e nunca mais dera notícias para o pai, pelo menos era a única coisa que sabia por Marcus ter ficado tão deprimente e ela fora a única que deixará os dias dele se iluminar novamente, ele havia cuidado dela e a tratado como filha até os seus últimos dias de vida, para só então deixar tudo aquilo para alguém que nem ao menos conhecia.

Não era orgulhosa e muito menos gananciosa, mas pela alguma coisa ele deveria ter deixado para ela, nem que fosse uma pequena quantia em dinheiro para ela cair fora daquele lugar. A sua vida toda se prendera naquele lugar e gostaria muito de sair e conhecer o mundo. Mas sabia que a grana andava curta e o trabalho continuava intenso.

Conforme se aproximava do barracão andou devagar e estava cada vez nervosa cada vez que se aproximava mais. Sabia que não o aceitaria como patrão, mas precisava do emprego e não queria ter que ser mandada embora por não o querer ali. Seu pai já havia avisado que o tal sujeito parecia ser uma boa pessoa e que lembrava muito a filha do Sr. Mancini, o que para ela não era grande coisa, não conhecerá a mulher que fizera o seu querido velho morrer de desgosto.

Encontrou com Pedro conversando com o senhor que trazia a turma da plantação e assim que seus olhares se encontraram, ela sorriu e foi para o banheiro. Pedro era seu amigo de infância e claro seu primeiro caso adolescente, e mesmo que tenha tentado gostar dele de outra forma, só conseguia vê-lo como um grande amigo.

Havia se vestido como sempre, calça jeans muito velha, camiseta e uma blusa de moletom cinza, botas que se encontravam muito gastas, ajeitou o cabelo dentro do boné verde e saiu do banheiro.

Muito determinada para trabalhar naquele dia e foi procurar Pedro e encontrou-o se preparando para subir no trator.

- Bom dia, Pedro.

- Bom dia Kiara. Como está se sentindo hoje?

Só então lembrou que no dia anterior estivera com enxaqueca e nem trabalhará direito indo embora mais cedo que o normal.

- Bem. Pelo menos acho que estou bem. – Ela forçou um sorriso. – Será que poderia me dar uma carona?

Pedro sorriu.

- Claro.

- Soube da novidade? – Ela perguntou subindo no trator depois do amigo.

- Sim, então é verdade?

- Meu pai o trouxe.

- Já conheceu o sujeito?

- Não. Aposto que deve ser um cara chato e playboy... parece que veio de Londres.

Pedro riu. Kiara adorava ouvir a risada do amigo, era tão contagiante. Era uma pena não sentir nada por ele, Pedro era tão bonito, atraente quando estava bem arrumado, era alto, moreno, forte e muito divertido. Sabia que Pedro ainda gostava dela, mas não poderia ficar tirando aproveito de tudo por causa disso e já deixará claro que não haveria nada entre ambos.

Assim que chegaram ela desceu do trator e já foi logo andando e cumprimentando as pessoas que já estavam trabalhando. Nos últimos dois meses haviam sido difíceis, pois estava com o serviço atrasado lá no escritório, quando chegava em casa tentava fazer um pouco do serviço do escritório, mesmo que Marcus havia ensinado ela ainda apanhava um pouco com a parte de contabilidade, aliás não era formada nessas coisas.

Mesmo que não quisesse aquele cara por ali, e teria que aceitá-lo por causa do emprego, gostaria que as coisas de agora em diante melhorasse. Todos precisavam disso.

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Comments

Rosangela Andrade de Oliveira

Rosangela Andrade de Oliveira

vai pegar fogo no parreiral kkkkkk

2024-12-24

0

Alessandra Almeida

Alessandra Almeida

A herança que ele te deixou foi o neto dele, consequentemente vem os bens materiais no pacote, já que o que é dele também será seu🤭😅🥰❤

2024-12-25

2

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