...Wong Jiho...
Mas que merda!
Meu corpo inteiro dói, não tenho a mínima ideia de há quantos dias estou aqui, amarrado nessa maldita cadeira, comendo essa lavagem que meu carcereiro particular me traz. Já nem sinto mais as minhas pernas de tão dormentes por ficar dias e dias aqui sentado.
Faria qualquer coisa pra poder ao menos esticar as pernas.
— Olá doutor! — Reconheço a voz do meu carcereiro.
— Olá! — Respondo sem ânimo. — Pode ao menos me dizer há quantos dias estou aqui?
— Sabe que não posso te dizer absolutamente nada, doutor. — Ele arranca o capuz do meu rosto e sinto o incômodo da claridade.
— Poderia ao menos desligar as luzes quando for retirar o capuz, vou acabar tendo problemas na visão. — Reclamei e ele riu como se eu tivesse contado uma piada. — Qual a graça?
— O doutor ainda não entendeu que vai morrer aqui? — Ele falou ainda rindo. — Não se preocupe com a sua visão e sim em continuar vivo enquanto der.
— Não entendo porque estão fazendo isso. — Falei refletindo. — Impedindo bebês de sobreviverem. — Olhei para ele tentando trazer alguma lucidez. — Não entende que apenas estamos fazendo o bem, salvando vidas? O senhor tem filhos?
— Não tenho filhos, nem pretendo ter. — Ele falou revirando os olhos. — E ninguém aqui liga pra essas vidas, tudo que importa é o dinheiro, doutor. — Ele falou sério. — Agora cala a boca e come.
Percebi que argumentar com ele seria o mesmo que argumentar com uma parede. Esse infeliz não liga pra nada além de dinheiro, é um abutre em cima da carcaça.
Me sinto cada vez mais perdido. Será que esse é realmente o meu fim? Vou morrer aqui, junto com meu pai e enterrar a pesquisa de nossas vidas?
Termino de comer e volto a minha condição inicial, amarrado nesse inferno de cadeira com o capuz na cara.
Algum tempo se passa, não sei se são horas ou dias, até que a porta se abre novamente.
— Já era hora, estou faminto! — Reclamei.
— Me perdoe, doutor Wong Jiho! — Não era a voz do meu carcereiro e sim do infeliz Yuko Namin.
— Namin! — Resmunguei.
— Você se lembra da minha voz? Impressionante doutor. — Ele retira o meu capuz. — Vim te levar para dar um passeio.
Vejo que há outros dois homens com ele, eles me desamarraram e me colocaram de pé. Tive muita dificuldade para me equilibrar, minhas pernas fraquejaram e quase caí no chão, mas eles me seguraram.
— Consegue andar doutor? — Namin falou com aquele maldito sorriso na cara. — Não temos a pretensão de te carregar.
— Eu consigo, só preciso de um apoio. — Minhas pernas doíam muito, eu parecia um bebê aprendendo a dar os primeiros passinhos, mas eu precisava disso, meu corpo precisava se movimentar.
— Ajudem ele! — Namin ordenou, e eles me seguraram pelos braços e me ajudaram a andar.
— Para onde estamos indo? — Fiquei com medo de que meu pai já estivesse aqui para morrer.
— Apenas andar um pouco. — Ele falou de costas para mim. — Quero que conheça meu trabalho, doutor. O trabalho que a sua mãe recusou.
Andamos pelo local que parecia ser um laboratório clandestino, porém bem equipado.
— É aqui que você produz os medicamentos e vacinas da Farmacêutica Namin? — Falei abismado.
— É claro que não! — Ele sorriu. — Não sou tão estúpido. Aqui é onde produzimos os nossos ilícitos.
— Ilícitos?
— Drogas, doutor. — Ele me olhou sério dessa vez. — Ópio principalmente.
Minha nossa, era um laboratório clandestino de drogas. O Namin é pior do que eu imaginava.
— Então fornece drogas para a máfia? — Eu já tinha ouvido meu pai falar da máfia na Urba do Sul, são numerosas e algumas são muito poderosas, principalmente as de Leung.
— Exatamente!
— Onde estamos? — Olhei ao redor, não dava pra ver muita coisa do lado de fora, porém me parecia ser um local afastado da cidade, ao longe dava pra ouvir sons da natureza, deveríamos estar em alguma floresta.
Não há florestas em Leung, ao menos não tão densas a ponto de esconder um laboratório desse porte. Então devo supor que estamos muito distantes da capital, talvez aqui seja uma das cidades pobres e pouco tecnológicas da Urba do Sul.
— De que importa saber onde estamos, doutor? — Namin parou de frente para mim. — Não é como se pudesse fugir, ou contar para alguém. Apenas aproveite o passeio e fique calado. Se você se comportar bem, podemos fazer esses passeios com frequência até que seu querido pai se junte a nós.
— Eu não entendo, Namin. A erradicação do Koron não vai te deixar pobre. — Tentei argumentar novamente. — Vocês têm outros medicamentos e vacinas, além dessas drogas.
— Verdade! — Ele voltou a sorrir. — Mas eu quero o fim dessa pesquisa idiota. Pois eu quero muito me vingar da sua mãe.
— Minha mãe? — Parei para refletir e ele disse que ela havia se recusado a trabalhar para ele. — O que você tem com a minha mãe?
— Isso não é da sua conta. — Ele sorria com sarcasmo. — Mas saiba que eu a odeio e por tanto odeio a pesquisa que ela desenvolveu até o dia da sua morte.
— Tem algo muito doentio em você Namin. — Falei com desprezo.
— É, tem sim! — Ele parou de falar e deu uma gargalhada. — E eu adoro ser assim, louco, doentio e perverso. Agora vamos voltar para sua cela, doutor.
Voltamos para a maldita cela, e novamente estou amarrado a essa cadeira e com o capuz na cara.
Não tem nada que eu possa fazer, então eu rezo para que os deuses me enviem uma luz no fim do túnel.
Eu não vou morrer aqui!
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Letícia Silva
terceiro livro q leio seu autora, é muito difícil eu achar uma autora q eu gosto de ler seus livros, mas os seus estou gostando bastante 👏👏
2025-02-05
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