o Herdeiro das tumbas perdidas

Capítulo 2: Ecos do Passado

Kian avançava pelo corredor escuro da tumba, a tocha tremeluzindo em sua mão. As sombras dançavam nas paredes gravadas com símbolos antigos, e ele podia sentir o peso da história pairando no ar. Cada passo ecoava como se ele estivesse despertando algo muito mais antigo e perigoso do que qualquer artefato que já encontrara.

— Está muito quieto aqui... — murmurou para si mesmo, seu tom mais um aviso do que uma observação.

O silêncio não era um bom sinal. Tumbas como aquela eram protegidas por armadilhas ou criaturas guardiãs, e Kian sabia que nada que valesse a pena era deixado desprotegido.

Ele parou em frente a uma porta de pedra esculpida, suas mãos instintivamente buscando as alavancas escondidas nos relevos. As inscrições na porta contavam uma história, mas ele só conseguiu decifrar fragmentos: "Somente o verdadeiro herdeiro..." e "Aquele que carrega a marca...".

— Sempre tem que ter uma marca, não é? — zombou, tocando o medalhão em seu pescoço. Ele não sabia o que era mais irritante: o fato de que as tumbas pareciam reconhecê-lo, ou que ele nunca entendera o motivo.

Com um estalo seco, a porta começou a se abrir. Um vento frio escapou da câmara, trazendo consigo o cheiro de terra e algo mais metálico — sangue seco.

Kian puxou uma adaga da cintura e entrou devagar, mantendo a tocha erguida. O interior da sala era vasto, com colunas que se erguiam até um teto perdido na escuridão. No centro, havia um pedestal, e sobre ele repousava uma relíquia brilhante: uma coroa de prata com pedras vermelhas cintilando como fogo.

— Bem, olá, minha preciosa... — sussurrou Kian, seus olhos fixos na coroa.

Ele deu um passo em direção ao pedestal, mas parou abruptamente quando sentiu o chão tremer. Das sombras, uma figura enorme emergiu. Era um guerreiro esquelético, com uma armadura corroída pelo tempo, mas ainda imponente. Em uma mão, segurava uma espada cuja lâmina parecia pulsar com uma luz espectral.

— Claro que tem que ter um guardião... — Kian revirou os olhos, ajustando a empunhadura de sua adaga. — Vamos fazer isso rápido, ok?

O guardião não respondeu. Em vez disso, avançou com uma velocidade surpreendente, a espada descendo em um arco que quase arrancou a tocha das mãos de Kian. Ele rolou para o lado, sua adaga raspando contra a armadura do inimigo, mas sem causar dano.

— Isso vai ser complicado.

O combate se intensificou. Kian saltava entre as colunas, usando o terreno para evitar os golpes do guardião. Ele sabia que sua força física não seria suficiente; precisaria de algo mais... instintivo.

— Está na hora de brincar com fogo — murmurou, fechando os olhos por um momento enquanto segurava o medalhão.

Quando os abriu, suas pupilas brilhavam em um tom dourado. Uma energia sombria percorreu seu corpo, e ele ergueu a mão livre. Das sombras, figuras translúcidas começaram a se formar. Espíritos. Almas que Kian podia controlar.

— Vamos ver como você lida com isso.

Os espíritos atacaram o guardião, retardando seus movimentos enquanto Kian se aproximava do pedestal. Ele sabia que não tinha muito tempo; controlar tantas almas ao mesmo tempo drenava sua energia rapidamente.

Com um salto ágil, ele agarrou a coroa, sentindo uma onda de poder percorrer seu corpo. O guardião soltou um grito inumano e se desfez em poeira, como se sua existência estivesse ligada à relíquia.

— Sempre o drama — murmurou Kian, ofegante.

Ele colocou a coroa em sua bolsa e se virou para sair, mas algo o fez parar. Uma voz ecoou pela câmara, baixa e sussurrante, mas clara:

— Você é o herdeiro... ou o usurpador?

Kian olhou ao redor, mas não viu ninguém. O tom da voz era familiar, como se viesse de dentro de sua própria mente.

— Quem está aí? — perguntou, a mão indo instintivamente para sua adaga.

A voz não respondeu, mas ele sentiu um calafrio. Algo estava diferente; ele não estava sozinho na tumba, e isso era pior do que qualquer guardião ou armadilha que enfrentara antes.

Com passos rápidos, ele saiu da câmara, a sensação de ser observado o acompanhando até o exterior. Quando finalmente emergiu na luz do dia, soltou um suspiro de alívio, mas sabia que aquilo era apenas o começo.

Ele olhou para a coroa em sua bolsa, seus dedos traçando as pedras vermelhas.

— O que você é, exatamente? — sussurrou para o artefato, mas, claro, não recebeu resposta.

De volta ao acampamento, Kian tentou descansar, mas os sonhos o atormentaram. Ele viu imagens de um trono vazio, de uma guerra devastadora, e de si mesmo usando a coroa. Mas o mais perturbador foi o som da voz novamente:

— Escolha sabiamente, ou será consumido.

Quando acordou, o sol já estava alto, e ele sabia que não podia ignorar aquelas palavras. A coroa não era apenas uma relíquia; era algo muito mais perigoso. Algo que o conectava diretamente ao destino que ele passara a vida tentando evitar.

E agora, ele tinha que descobrir se era o herdeiro legítimo... ou apenas mais um tolo destinado a cair diante do verdadeiro poder das tumbas

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