#5 - Corações em Conflito

...Colin...

Não sei ao certo o que estava pensando quando decidi segui-la. Talvez tenha sido um impulso, uma reação momentânea. Ou talvez tenha sido aquele olhar, o olhar que ela lançou para mim assim que viu minha aliança. Não entendo o motivo de ainda carregá-la, sinceramente.

Bufo em frustração.

"Quem você está tentando enganar, Colin Bass?"

Você sabe a razão, sabe sim.

Digo a mim mesmo, com um tom de tristeza, como se fosse uma verdade incômoda.

Esse é o seu lembrete diário, a maldita lembrança de sua maldição. Tiro os olhos do telefone e tento forçar minha mente a esquecer tudo o que aconteceu naquela noite. A dama misteriosa já se foi, de qualquer forma. E, por mais que isso me deixe com um sentimento estranho no peito, uma sensação que não consigo entender nem explicar, acho que foi o melhor.

Digo a mim mesmo, mais uma vez, com uma voz tensa, enquanto me apoio no banco do carro. A aliança ainda em minhas mãos, vejo-a brilhar na luz suave do carro, mas não sinto mais a felicidade que ela já representou. Só sinto um vazio, um eco de algo que poderia ter sido, mas nunca será.

"Foi o melhor."

Digo, mais uma vez, sem ter certeza. Só querendo que isso acabe. Que as coisas voltem ao lugar que nunca deveriam ter saído.

Eu devia ao menos tentar encontrá-la para devolver isso, certo?

Mas a resposta vem rápida, quase automática, uma negação que se forma no fundo da minha mente.

Não. Eu posso muito bem mandar alguém fazer isso. Nada de reencontros. Ela tem que continuar acreditando que sou um cretino, um traidor.

Olho mais uma vez para a aliança no meu dedo. Minha mente viaja para um passado de lembranças que deveriam ter sido felizes, mas agora parecem distantes, embaçadas pela dor da perda.

Ela precisa continuar pensando isso.

Ligo o carro e acelero, a noite já consumindo minhas lembranças.

...☆☆☆☆☆☆☆☆...

...Aria...

Fabíola - Aria? — Escuto a voz de minha amiga, surpresa, quando ela esbarra em mim na entrada do bar.

— Antes de mais nada, sinto muito pelo atraso. Apareceu um paciente de última hora, um lindo Shih-tzu. A dona o levou desesperada até a clínica, depois que o coitado comeu chocolate.

Aria - É... — Respondo mecanicamente, sem muito ânimo, olhando por cima do ombro, para ver se o homem me seguiu. Mas ao perceber que não é o caso, a tensão nos meus ombros diminui um pouco.

- Podemos ir a outro lugar? - Pergunto, com certo desespero na voz.

Fabíola - Você só pode estar brincando! Eu acabei de chegar e este bar é um dos melhores do Rio. Me dê um bom motivo para irmos embora...

Aria - Paxton está aqui. - É tudo o que consigo dizer, na verdade, é a única desculpa que consigo inventar. Não que a presença de Paxton tenha alguma relevância para mim, ok? Talvez tenha um pouco, já que, por causa dele, eu fui capaz de beijar um completo estranho. Mas eu só o fiz por impulso, já que não imaginava que ele tivesse a audácia de tentar se aproximar, e realmente já faziam anos que não o via.

Fazem exatos quatro anos desde a última vez que o vi em nossa fracassada festa de casamento, quando eu não passava de uma garota imatura em seu décimo nono aniversário, que não sabia de nada da vida, que não vivera nada.

Olhando para trás agora, consigo perceber o quão ingênua fui em acreditar que príncipes de contos de fadas realmente existiam, e que Paxton seria o meu perfeito príncipe, o cavalheiro que sempre sonhei. Ele sempre foi compreensivo, respeitoso, carinhoso, nunca me forçou a fazer algo que eu não quisesse. Ele sempre respeitou os meus limites e foi sensível quando eu o afastava, quando as coisas entre nós começavam a esquentar.

E sim, eu, Aria Torres, ainda sou virgem. Dá para acreditar?

Após nosso rompimento, eu não fui capaz de ficar com mais ninguém. Não consegui confiar novamente, não consegui me entregar ao amor, e nem mesmo quando minhas amigas sugeriram que a melhor forma de vingança seria me entregar ao primeiro cara que surgisse, eu não consegui. O que eu fiz foi construir uma enorme torre de gelo ao redor do meu coração, uma fortaleza de dor e desilusão. Só que aquele homem, aquele completo estranho, conseguiu derreter essa torre, mesmo que por um breve momento.

Fabíola - Eu conheço um ótimo lugar na zona sul. Não fica muito distante. Vamos, tenho certeza que você vai gostar.

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