Quando cheguei para a minha entrevista na casa de arenito castanho no centro da cidade, uma morena miudinha, de cabelo curto, vestida de fato de treino e descalça, abriu a porta com um sorriso.
– A Diane está ao telefone no escritório. Entra e espera um minuto. Eu sou a Julie.
Apertei-lhe a mão e apresentei-me. Presumi que estivéssemos a usar os nomes verdadeiros para fins de apresentação. Não sei que me levou a pensar isso. Nos clubes de striptease, usava sempre o meu nome artístico assim que transpunha a porta. Talvez fosse o facto de o nome Julie ser extremamente prosaico embora nunca se saiba qual a lógica que dita a faceta profissional de outra rapariga. Talvez a Julie estivesse a adotar a postura de uma rapariga de província embora o seu verdadeiro nome fosse Jezebel.
Segui-a por um curto corredor até uma sala de estar decorada com um esquema de cores monocromáticas em tons de gelado de baunilha, onde a Taylor e outra rapariga estavam sentadas. As paredes, as carpetes, os sofás, as almofadas e o móvel de parede em fórmica eram todos cor de baunilha. A única mancha de cor era o cartaz de uma papoila cor de laranja da Georgia O’Keeffe, pendurado na parede por cima do sofá. A minha avó tinha uma pequena imagem encaixilhada de uma papoila idêntica num corredor de casa. Por baixo do quadro havia uma citação de O’Keeffe: «No fundo, ninguém vê uma flor… ver leva tempo. Como ter um amigo leva tempo.» Pobres papoilas da Georgia, tornadas mais uma vez invisíveis, produzidas em massa e penduradas nas paredes de consultórios médicos do Midwest e de agências de acompanhantes do centro da cidade.
A Julie alapou-se ao lado de uma rapariga de cabelo escorrido, magra como uma modelo, com um leve sotaque da Europa de Leste. A modelo apresentou-se e de imediato voltou novamente a atenção para a série Sarilhos Com Elas. A sala cheirava a comida chinesa, embora não estivessem vestígios à vista. A Taylor levantou-se da cadeira em que estava sentada, aproximou-se de mim e abraçoume.
– Ainda bem que vieste – disse ela, virando-se para as raparigas no sofá. – Esta é a rapariga que conheci naquele filme em que entrei.
Elas olharam para ela sem perceber. As três raparigas estavam com roupa desportiva, mas tinham o cabelo muito bem arranjado e usavam maquilhagem e joias.
Fizeram-me lembrar patinadoras à espera em bastidores.
Do outro lado da sala de estar, havia uma sala de jantar formal organizada para funcionar como escritório. Uma mesa comprida com vários Rolodex e telefones em cima estava encostada a uma parede. Contra a outra estavam quatro armários de arquivo branco-sujo. Na ponta da sala, havia uma janela com vista sobre a cidade, um quadrado de veludo cintilante preto num infinito mar creme. Diante da mesa estavam duas cadeiras giratórias. Numa estava sentada uma mulher de faces rosadas e rosto redondo, com uma bandolete de xadrez com um laço. O posto de trabalho dela já estava decorado com uma rena empalhada de Natal. A mulher olhou para a Taylor e para mim e acenou, fazendo sinal para que esperássemos cinco minutos. Ao lado dela, virada para a janela e a falar ao telefone numa voz alta e irritada, estava uma figura de fato bege e com cabelo acobreado num penteado que se assemelhava a um cogumelo. Esta tinha um sotaque de Queens. Devia ser a Diane.
Taylor aproveitou os minutos seguintes para se ocupar da minha iniciação. Conduziu-me para um canto e falou num tom conspirativo.
Onde está a tua roupa?
Eu envergava um vestido muito curto em veludo amassado verde com mangas raglan que achava ser a peça com mais classe que possuía, juntamente com meias de rede e um par de sapatos com saltos de cinco centímetros que os meus pais me tinham comprado anos antes para ir ao templo. Eram os únicos sapatos de salto alto que tinha sem uma plataforma da altura do Oxford English Dictionary. Ainda estava com o meu casaco comprido preto no braço.
Estou com ela vestida.
Estás? Não tem mais nada?
A Taylor conduziu-me ao roupeiro e tirou três fatos de saia-casaco muito bem brunidos, com saias curtas mas de bom gosto e casacos de bom corte. Calculei que fosse a indumentária de trabalho das patinadoras.
Não convém teres ar de prostituta quando atravessas o átrio de um hotel. Saia-casaco ou vestido, sexy mas conservadores, saltos de sete centímetros e meio, meias de vidro pela coxa, lingerie cara.
Eu não possuía nenhuma destas coisas.
– Mas não estás nenhum susto – disse ela. – Já vi pior.
Neste momento, a Diane acabou o telefonema e fez-me sinal do escritório. O seu primeiro olhar na minha direção continha uma conversa inteira. A mulher não era nenhuma Candice Bergen. Beligerante e brusca, avaliou-me brutalmente como a mercadoria que eu estava destinada a tornar-me. Depois de algumas perguntas iniciais, disparou uma descrição minha à rapariga do telefone com a bandolete de xadrez que apresentou como Ellie. A Ellie anotou a informação ditada pela Diane numa ficha.
Cabelo: arruivado. Olhos: cor de avelã. Noventa e um, sessenta e um, noventa e… nove. Mais lhe vale tirar partido do rabo grande que tem. Dezoito anos, estudante de Teatro curvilínea, com uma cara tipo… Winona Ryder. Que é que vais fazer?
Que é que vou fazer, como?
– Fazes a fantasia da enfermeira?
– Hum… sim.
A cada resposta, a Ellie punha um visto na ficha.
– Dominadora?
– Claro?
– Rapariga com rapariga?
– Sim.
– Criada?
– Se não tiver de fazer limpeza.
Ela disse à Ellie: – Põe sim.
– Dança privada?
Diane virou-se para a Ellie e falou por cima da minha última resposta. – Faz tudo.
Ellie assentiu e introduziu um último visto. Havia uma casa para «tudo»?
«Fazer tudo» era bastante exato. Nos peep shows e clubes de striptease em que tinha trabalhado, cometera mais atos indecentes por dinheiro antes de chegar aos dezoito anos do que a maioria das mulheres alguma vez contemplaria em toda vida. Que diferença fazia mais um? Mas o trabalho de acompanhante era diferente, não era? Uma levíssima dúvida agitou-se algures dentro do meu peito. Chamem-lhe o eufemismo que quiserem; era de foder por dinheiro que estávamos a falar, certo? Até me ver no meio daquela sala, com o meu vestido foleiro, enquanto a Ellie punha o visto na casa do «tudo», tinha corporizado a autoconfiança. Mas fui então inundada por uma torrente de ansiedades. E se apanhasse uma doença? E se fosse repulsivo? E se me violassem? Me matassem? E se este próximo passo criasse uma fissura na paisagem do meu coração que nunca mais pudesse ser reparada?
Trouxeste o bilhete de identidade e o passaporte?
Tinham-me informado de que teria de apresentar na entrevista dois documentos de identificação. Entreguei-os.
Por sorte, o passaporte tinha sido um presente que eu dera a mim mesma ao fazer dezoito anos, alguns meses antes. Tinha ficado cativada com relatos sobre Paris nos anos vinte e alimentava grandes esperanças de fazer uma viagem até lá desse por onde desse. Sabia que a Paris de há setenta anos tinha desaparecido há muito. Mas a cidade continuava a exercer sobre mim um fascínio enorme. Só o nome era capaz de me pôr alegremente a fantasiar durante horas. Queria cair em pleno centro de Paris, onde beberia vinho e escreveria poesia e deixaria Paris imbuir a minha alma de urbanidade e sofisticação continentais. Tinha-me imaginado a entregar o passaporte a um funcionário aduaneiro no Aeroporto Internacional Charles de Gaulle. Em vez disso, estava a entregá-lo à Diane no Crown Club; mas disse a mim mesma que era apenas uma escala, um curto desvio.
A Diane passou-me o mesmo sermão que a Taylor a respeito da roupa e eu jurei a mim mesma que iria tratar do estilo assim que tivesse dinheiro. Num espaço de duas horas fui catapultada para o serviço. A Taylor informou-me que andava com sorte por ser chamada logo na primeira noite de trabalho. Garantiu-me que me ia sair bem, quanto mais não fosse graças à minha idade. Eu era a rapariga mais nova da equipa e sempre gozei da vantagem de uma aparência inocente. As minhas tentativas mais drásticas para ser punk e dura nunca enganaram ninguém – no fundo, sou boa rapariga, um traço que me prestou bons serviços nas minhas atividades menos recomendáveis.
Assim, nessa primeira noite, fui chamada ao apartamento de um famoso apresentador de rádio. A Ellie, que não era mais do que uma proxeneta adjunta gorducha, que fazia bolos e se vestia à Laura Ashley, ensinou-me a usar a minha pequena máquina para cartões de crédito e deu-me instruções específicas sobre como e quando a transação devia ter lugar (logo à chegada), assim como as regras para prestar contas posteriormente. Antes de partir para o meu primeiro «encontro», a Taylor levou-me para o quarto, sentoume na cama e deu-me algumas dicas. Tinha-me tomado sob a sua proteção.
O segredo é obteres o máximo e dares o mínimo, entendes? Deves transformar uma hora em duas e depois em três e fazer com que uma mamada pareça melhor do que sexo.
Como a Xerazade, tínhamos de inventar uma história que fosse tão irresistível que tinham de nos prender ali mais uma hora para ouvir o fim.
– Há noites horrorosas – disse ela. – Há noites em que ficamos aqui à espera e não recebemos chamadas, mas outras noites são extremamente rentáveis, saídas inesperadas de oito horas em limusinas com homens de negócios de fora da cidade, pedrados de coca e com pilas murchas. Uma coisa compensa a outra. Usa sempre, sempre preservativo. Põe-no com a boca que ele nem dá conta.
Escolhi o nome Elizabeth para o meu trabalho de acompanhante porque tinha uma conotação real e porque fora, juntamente com Janice e Eduardo, entre outros, um dos pseudónimos que eu tinha usado em criança nas brincadeiras de fazde-conta. Tinha sido Elizabeth, rainha de França, Elizabeth e os Três Ursinhos, Elizabeth, a sétima filha dos Brady, Elizabeth, a combatente da Resistência francesa.
Acrescente-se a este currículo Elizabeth, a call girl, Elizabeth, a impostora. Eu e o Sean não tínhamos um tipo de relação em que falássemos um com o outro de cinco em cinco minutos e, como tal, eu não lhe tinha mentido; esquecera-me simplesmente de mencionar onde estaria nessa noite. Mas, se continuasse ao serviço, mais cedo ou mais tarde haveria definitivamente mentira da grossa. A Taylor disse que as raparigas por vezes diziam aos namorados que tinham empregos temporários à noite. Empregada de mesa era uma mentira arriscada porque o namorado podia aparecer de surpresa no local de trabalho e aí não havia volta a dar-lhe. Suponho que podia deixar o Sean presumir que ainda dançava no clube. Mas, embora tivesse sido uma stripper, até esse momento não mentira muito. Aos meus pais, sim, mas não aos meus amigos. Não ao meu namorado, o meu simpático namorado com as suas mãos elegantes.
O Sean tinha-me dado a conhecer o Elvis Costello. Quando saí nessa noite para o meu primeiro serviço, a letra de «Almost Blue» estava na minha cabeça. There’s a part of me that’s always true. Always.3 O resto – a Elizabeth, estudante de Teatro de dezoito anos, curvilínea, com uma cara à Winona Ryder, que faz tudo – saiu para a rua sozinha e chamou um táxi para uma torre na alta da cidade.
Sentia-me como um filme com uma boa banda sonora de jazz. Como uma canção de amor em Nova Iorque à Woody Allen. Uma das personagens é uma atriz jovem e perdida que dá por si num táxi a caminho da zona alta da cidade para executar um servicinho com uma personalidade da rádio. Protagonizado pela Mariel Hemingway. Protagonizado por mim. O filme já estava a rolar. Não podia parar para reconsiderar.
Apeei-me do táxi, o meu bafo condensando-se na noite fria, e enfiei as mãos nos bolsos antes de passar por um porteiro que acenou educadamente com a cabeça. Subi no elevador para o apartamento quase no último andar e bati a uma porta. O apresentador de rádio apareceu instantaneamente à porta. Reconheci-lhe a cara de anúncios ao programa dele que vira afixados no interior de carruagens do metro. Estava com um copo embaciado, meio vazio, na mão e o roupão em estampado paisley estava aberto, com o cinto desapertado, revelando um par de boxers de seda por baixo.
Deves ser a Elizabeth. Tomas uma bebida, querida?
Aceitei prontamente a oferta de uma bebida, ignorando completamente a sugestão da Taylor para me manter sóbria. Queria ter a classe e o autocontrolo dela, mas teria de trabalhar para isso. Nada soava melhor do que a ardência reconfortante de uma bebida. Segui-o para o interior do apartamento, onde ele me pegou no casaco, que atirou para as costas de uma cadeira, e me indicou um sofá de couro preto. Sentei-me enquanto ele voltava a encher o copo dele de vodka com água tónica e me servia uma a mim.
Apartamento era uma habitação clássica de celibatário, com um complexo sistema de entretenimento doméstico, cinco torres de CD altas e uma vista panorâmica da cidade. Ainda de costas voltadas, o apresentador de rádio disparou-me uma série de perguntas. Hábito, imagino. Perguntou-me a idade e o que fazia quando não estava a fazer «isto». Disse-lhe que tinha dezoito anos e era estudante de Teatro na Universidade de Nova Iorque.
Tens mais de dezoito anos, querida. Vejo perfeitamente. É a minha função ler as pessoas. – Os seus olhos brilharam de autossatisfação e, sentando-se ao meu lado, passou-me a bebida deixando a mão sobre a minha coxa. – Não precisas de me mentir. Vá lá, que idade tens mesmo?
Parecia tão satisfeito com os seus poderes de intuição que achei melhor não objetar.
Tens razão. Tenho vinte anos. Acabo o curso no próximo ano.
Continuando a conversar, ocorreu-me que ia ter jeito para isto. Estava a descobrir um novo talento. Tinha passado este tempo todo nas aulas de Interpretação a tentar revelar a autenticidade de cada momento, a tentar desnudar a alma. Aqui, estava a praticar o artifício puro, o resultado exatamente contrário, mas estava a usar as mesmas capacidades para ouvir e improvisar.
Era uma boa stripper; toda a gente me dizia que possuía um talento inato. Nunca fui a rapariga mais bonita nem com o melhor corpo, mas possuía algo que levava as pessoas a quererem olhar para mim. Mais importante ainda, tinha o condão de fazer as pessoas sentirem-se notadas. Os tipos solitários choravam por mais. Para mim era muito fácil; era representação, o que era afinal de contas a minha especialidade. E desconfiava que ter o mesmo desempenho enquanto call girl. Um talento inato.
O apresentador de rádio ficou muito impressionado com o facto de eu ser estudante de Teatro, coisa que por sinal tinha deixado de ser seis meses antes.
Eu segui Arte Dramática em Yale – disse ele. – Devias considerar essa hipótese.
Boa ideia. Vou considerar definitivamente.
– Gostas do Sam Shepard?
– Adoro o Sam Shepard.
– Sou um grande amigo pessoal do Sam Shepard. Posso conseguir-te uma audição um dia.
Fez-me uma visita guiada à sua galeria no corredor que consistia em fotografias a preto e branco dele, em mais novo, em produções Off-Broadway. Estavam todas ligeiramente tortas como se alguém tivesse batido na parede com força suficiente para a abanar – possivelmente ele próprio, a cambalear do quarto para o bar.
Pegou-me na mão e conduziu-me para o quarto.
– Deixa-me mostrar-te aqui uma coisa muito fixe.
Oxalá não seja um frasco de clorofórmio e um conjunto de instrumentos cirúrgicos antigos, pensei. Comecei a pedir outra bebida, mas ele não me deu hipótese. Com um gesto floreado, abriu a porta de um dos roupeiros no quarto e empurrou-me lá para dentro. Era um quarto de vestir, repleto do chão ao teto de botas de cowboy de todas as formas e feitios.
– Boa!
Sou conhecido por usar botas de cowboy – disse ele. – É a minha imagem de marca. Queres despir-te?
Levei as mãos ao fecho-ecler nas costas e senti um arrepio pelas pernas acima, do género que se tem quando se é apanhado a fazer alguma asneira.
– Não, aqui – disse ele, indicando o quarto. O quarto tinha paredes cinzentas e uma alcatifa berbere cinzenta. A única mobília era uma cama num tom vermelho de granada e estava virada para um conjunto de portas espelhadas de um roupeiro. Ele sentou-se na ponta e observou-me a tirar o vestido e as meias e a dobrá-los, pousando-os numa pilha no canto. As meias de rede tinham deixado um desenho alveolar rosa nas minhas coxas. Voltei a calçar os sapatos altos e deixei-me estar com a tanga, tencionando mantê-la vestida até ao último momento possível.
Pus-me embaraçadamente à frente dele e ele olhou para mim por um breve momento, sem qualquer reação visível, pondo-se em seguida a vasculhar na gaveta da mesinha de cabeceira. Uma coisa era estar nua e meio bêbada em cena, com música e luzes cor-de-rosa e um público barulhento. Mas era outra completamente diferente estar de pé, debaixo de luzes de calha, em silêncio, no quarto de um estranho. Tinha a sensação de ter braços demasiado compridos e desajeitados. Não sabia onde pôr as mãos. Decidi pô-las nas ancas, com os pés em posição de concurso de beleza. Parecia um tanto teatral, mas não me ocorreu melhor.
Alguma vez tomaste Rush? – perguntou ele. Encontrou o que procurava. Era um frasco de poppers.
– Não estou com vontade, mas não te inibas.
Naquele momento, teria dado tudo por outra bebida mas também não queria perder os sentidos em serviço. Era a primeira vez que via nitrato de amilo fora da pista de dança de um clube gay. Às tantas este tipo era gay. Tinha ouvido fantasias suficientes reveladas por clientes no clube para saber que existem muitos tipos de gays.
O apresentador de rádio desembaraçou-se da roupa de seda e pediu-me sem rodeios para me pôr de gatas na cama, virada para a parede de roupeiros espelhados. Até aí só me tinha tocado na perna uma vez e agarrado na mão duas vezes, mas tornou-se claro que tinha uma aversão ao contacto da pele com pele. Era bastante diferente dos tipos no clube, que queriam sempre pegar-me na mão como se estivéssemos num encontro amoroso. Às vezes convidavam-me para ir ao cinema. Mas este tipo não. Ajoelhou-se na cama atrás de mim, com as minhas pernas entre as dele, sem me tocar sequer.
Espeta o cu no ar para eu olhar para ele, sim?
Obedeci mas ele não olhou para o meu rabo nem para mais nada em mim. Olhou antes para si mesmo ao espelho enquanto se masturbava. Passou a outra mão pelo cabelo fino e fletiu os músculos peitorais.
Lambe os lábios. Junta as mamas – disse ele, sem por um momento tirar os olhos dos seus próprios olhos no espelho.
Quando estava quase a vir-se, pegou no Rush na mesinha de cabeceira, inalou profundamente até revirar os olhos e caiu depois para o lado. Bastou-me mudar subtilmente de posição para ele se vir na colcha e não nas minhas costas. Desembaracei-me das pernas dele e tirei-lhe da mão o frasco em vias de virar e coloqueio na mesinha de cabeceira para que o líquido tóxico não se entornasse. Ele recuperou rapidamente a consciência e sorriu, limpando a baba do queixo.
Fantástico. Foi lindo.
Até me deu uma boa gorjeta quando eu ia a sair. Para ajudar com as propinas.
Passei pelo porteiro à saída e depareime com um remoinho de neve no céu, precoce para a estação, que me despertou algo no peito. Adoro as primeiras horas de neve em Nova Iorque antes de o inverno avançar e as ruas se transformarem num lodaçal cinzento. O primeiro nevão de um inverno nova-iorquino é mágico e, por um momento, a cidade inteira fica mergulhada em silêncio e pureza.
Há uma parte de mim que é sempre verdadeira. Sempre.
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Atualizado até capítulo 30
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