Capítulo 4

Cauã Narrando

Eu estou uma bagunça por dentro. Não consigo decidir entre viver o amor que eu e a Sofia sentimos ou abandonar tudo e viver o meu sonho, não sei o que pensar agora, não consigo me concentrar nas aulas, não consigo ficar perto dela e mentir sobre isso. Preciso encontrar uma forma de me decidir e contar isso a ela.

Passei a aula toda pensativo, não consegui me concentrar nas aulas e muito menos ficar com ela nos intervalos. Sei que ela deve estar pensando um monte de besteiras agora e me sinto culpado por isso, mas eu simplesmente não consegui ficar por perto, escondendo isso.

Não tenho muitos amigos na escola, considero eles apenas colegas, então esperei para chegar em casa e contar para os meus pais. Sei que eles têm os melhores conselhos sobre tudo e me sentirei mais leve ao falar com eles.

Adentro à minha casa e vejo os dois descendo as escadas, provavelmente para almoçar. O meu pai parecia estar mais bravo do que o normal e a minha mãe, mesmo séria, parecia tentar segurar uma risada. Provavelmente ela aprontou alguma coisa.

Deixo isso de lado por um momento, já que ambos vêm na minha direção e me abraçam. Os semblantes, agora, já eram de preocupação comigo. Admiro muito isso neles, mesmo com os seus problemas, colocam os filhos como máxima prioridade na vida.

Rick: O que aconteceu?

Cauã: Posso conversar com vocês depois do almoço?

Carol: Claro que sim! Vá lá tomar um banho e desça para comermos juntos. Estaremos aqui, esperando por você.

Apenas balanço a minha cabeça em confirmação e subo as escadas, ouvindo a minha mãe resmungando algo e o meu pai respondendo com raiva: "Não enche o saco com isso não, Carol. Não vou bater cabeça com você agora..." Sabia que ela havia aprontado alguma coisa, a minha mãe nunca perde a oportunidade de encher o meu pai.

Cheguei ao quarto e logo vi o nosso porta-retrato na minha cabeceira, logo atrás estava o coração de fotos, que eu não tive coragem de desmanchar até hoje. Ela está presente em tudo aqui dentro, tem até o seu perfume no meu travesseiro. Não sei o que fazer, estou confuso. Espero que essa conversa com os meus pais me ajude.

Após o meu banho, desci novamente e já observei que os meus pais estavam no maior amasso no sofá. Vai entender esses dois...

Chego já arranhando a garganta e o meu pai dá uma risadinha lateral nos lábios, cochichando alguma coisa no ouvido da minha mãe, que ficou claramente envergonhada. Esses dois não mudam nunca.

Cauã: Onde estão os meus irmãos?

Rick: Na casa dos seus avós. O que aconteceu? — Estende a mão na minha direção e me puxa para sentar no meio deles, onde me abraçam logo em seguida.

Cauã: Passei na faculdade dos EUA... — Falo triste e eles gritam na mesma hora em comemoração.

Carol: Parabéns, meu filho! Quando orgulho de você!

Rick: Parabéns, meu campeão! Sabia que passaria...

Eles estavam muito empolgados e eu consegui sentir alegria naquele momento, mesmo sabendo que o "mas" sempre existe e esse é o meu problema.

Carol: Mas... — Ela sugere que eu continue falando.

Cauã: O que eu vou falar para a Sofia? Não vou prometer voltar daqui a cinco anos e fingir que não ficamos distantes por todo esse tempo...

Rick: Isso é só um detalhe, meu filho. Ela também sairá para estudar, depende do desejo de vocês e da maturidade dos dois.

Carol: Namoro a distância pode dar certo. Só tem que haver muita confiança de ambas as partes.

Cauã: Não quero namorar a distância, sei que isso não dará certo. Já brigamos as vezes que ficamos separados por uns dois dias, imagina cinco anos. Eu mal poderei sair dos Estados Unidos, quem dirá vir namorar... Não, isso não vai dar certo.

Rick: Seja qual for a decisão que você tomar, que ela seja madura e esteja consciente das consequências. Vocês são novos, têm toda uma vida pela frente. Mas, dê a ela um tempo para assimilar tudo.

Cauã: Hoje eu vou lá contar para ela que fiz a minha inscrição e que passei, não adiarei por mais tempo...

Carol: Você não contou sobre ter feito a inscrição? — Balanço a cabeça em negativo. — Ok, isso pode ser um problema.

Rick: Por que não contou?

Cauã: Fiquei com medo da reação dela.

Rick: Pois agora, esteja preparado para a reação que ela terá, poderá ser ainda pior.

Conversamos por mais um tempo e fomos almoçar. Eles resolveram passar a tarde comigo em casa, e isso foi muito importante para mim. Quando chegou às 18h, eu comecei a me arrumar para ir até à casa da Sofia e imagino que essa conversa não será agradável, mas preciso comunicá-la sobre isso e chegar ao final desse namoro.

Um tempo depois... 🍃

Saio da casa dela, com muita dor no peito, as lágrimas apenas escorrem pelo meu rosto, sem pressa alguma de cessar. O meu coração está doendo, pesado, despedaçado, na verdade. Eu me arrependi de querer terminar, queria viver com ela esses últimos dias que ainda temos juntos, guardar ainda mais memórias e fazer tudo ser diferente, mas infelizmente eu tomei a decisão precipitada e fiz tudo errado.

Chego em casa e encontro os meus pais e os meus irmãos no sofá brincando, somente os cumprimento com boa noite e subo correndo para o meu quarto. Preciso ficar um pouco sozinho e assimilar tudo o que acabou de acontecer. Eu estraguei tudo e ela tem toda a razão de estar assim comigo.

Eu poderia ter contado antes sobre a minha inscrição na faculdade, mas eu me acovardei e agora estraguei tudo com ela. Poderíamos viver esses últimos dias juntos, mas eu mais uma vez, só estraguei as coisas...

Após um certo período, ouço o barulho na porta e observo a minha mãe passando por ela, com uma bandeja nas suas mãos. Sento-me na cama e observo-a trazendo o alimento até mim.

Carol: Você não desceu para jantar, mas não quero que durma sem comer.

Cauã: Não sinto fome.

Carol: Foi tão ruim assim?

Cauã: A reação dela não foi boa, mas eu já esperava. Ela me pediu um tempo para assimilar tudo. Eu terminei primeiro e me arrependi depois. Na verdade, eu não pensei direito.

Carol: Era sobre isso que eu e o seu pai falávamos mais cedo. Para tomar cuidado com as decisões precipitadas. Mas vocês ainda irão conversar, vai dar tudo certo. Ainda temos dois meses pela frente e eu acredito que até lá, tudo pode acontecer.

Cauã: Inclusive nada.

Carol: Sim, mas pense positivo. Daqui a pouco vocês conversarão novamente e se acertarão para viverem esse tempo juntos.

Após comer o sanduíche que ela me trouxe, o meu pai e os meus irmãos entraram no quarto e já vieram pular em cima de mim. O que a Eloah sabe fazer de melhor, é pular em cima de mim, mas amo esse jeitinho dela. Os gêmeos estão uma verdadeira fofura e cada vez mais espertos e grudados em mim. Só de pensar que perderei boa parte da infância deles morando fora, o meu coração dói ainda mais. Espero que o tempo passe rápido.

Ficamos esse período em família e isso foi muito importante para mim. Estou precisando passar mais tempo com eles também. Os meus irmãos...

Que saudade eu irei sentir!

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Comments

Gladis Detoni

Gladis Detoni

Isso é triste

2025-03-27

1

lua 🌙

lua 🌙

sei como dói esse amor de adolescência.

2024-12-06

2

Ver todos

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