...atualmente......
Eu cresci em Chicago, mas minhas raízes são italianas. Desde pequeno, ouvia histórias sobre honra, tradição e família, mas a verdade por trás dessas palavras eu só entendi aos oito anos. Foi nessa idade que descobri o que minha família realmente era.
Julian Salvatore, meu pai — se é que mereço chamá-lo assim —, era um mafioso. E não daqueles romantizados em filmes, com ternos caros e discursos sobre respeito. Ele era cruel, um homem de gelo. Tão cruel que, aos meus oito anos, matou uma pessoa bem na minha frente. Sem hesitar, sem demonstrar um pingo de remorso. O motivo? Porque eu não o obedeci.
Julian foi um péssimo pai em todos os sentidos. Bateria de ouro nos dedos, mas punho de ferro em casa. Batia na minha mãe sempre que algo o irritava, e eu era pequeno demais para fazer qualquer coisa. Até que não aguentei mais.
Crescer vendo minha mãe sofrer e os gritos ecoando na casa com quatro crianças pequenas foi o suficiente para me quebrar. Quando fiz dez anos, comecei a enfrentá-lo. Sabia que ia apanhar, mas preferia ser eu a levar as pancadas no lugar dela.
Quando ele morreu, eu tinha 22 anos. Ele foi assassinado em circunstâncias que ninguém conseguiu explicar direito, mas o impacto foi direto: seu trono caiu sobre os meus ombros. A partir dali, eu me tornei o novo Julian Salvatore, o líder.
Não foi por escolha. Ele tinha me treinado para isso desde cedo, todos os dias, assim que eu chegava da escola. Ele dizia que era necessário "preparar o herdeiro", mas, na verdade, estava moldando uma arma. E eu permiti que isso acontecesse, mas não pelo motivo que ele esperava.
Vocês podem estar se perguntando: por que não mudei meu destino? Por que não larguei tudo e recomecei de outra forma? A resposta é simples. Vingança.
Eu só ia descansar quando acabasse com toda a máfia italiana. Eles mataram os meus avós, destruíram minha família, e o peso disso nunca saiu das minhas costas. Assumi o império que meu pai construiu apenas para desmontá-lo peça por peça, até que não sobrasse mais nada. E só então, talvez, eu encontrasse paz.
Mas eu confesso: comecei a gostar dessa vida. Fazer justiça com as próprias mãos tinha um sabor único, algo que eu não conseguia abandonar. Era visceral, direto, e me dava uma sensação de controle que eu nunca tive enquanto Julian estava vivo. Com o tempo, me acostumei com isso.
Mas manter as aparências era essencial. Então, meus irmãos e eu criamos a Salvatore’s, uma empresa de bebidas que rapidamente ganhou fama internacional. Produzimos bourbon, tequila e uísque dos mais sofisticados possíveis, e nossa marca se tornou um símbolo de luxo e exclusividade. Era o disfarce perfeito.
Minha família é formada por cinco peças-chave, cada uma desempenhando um papel vital nesse jogo de poder. Tenho quatro irmãos:
Michel, o médico da máfia. Ele é o responsável por manter nossos aliados vivos — ou silenciar nossos inimigos sem deixar rastros.
Nathalie, uma empresária brilhante e uma verdadeira estrategista social. Ela consegue qualquer contato que precisamos, viajando pelo mundo com charme e eficiência.
Fabrizio, o arquiteto. Ele projeta não apenas nossos imóveis, mas também rotas de fuga, esconderijos e tudo o que precisamos para operar na sombra.
Victtoria, a advogada da máfia. Inteligente e implacável, ela é a personificação de uma arma disfarçada de terninho. Mas sua delicadeza me incomoda. Odeio vê-la nesse mundo, porque sei o quão cruel ele pode ser.
E, por último, minha mãe, Donatella. Ela vive à margem de tudo isso, mantendo a fachada de uma viúva socialite bilionária. Sua elegância e habilidade para manipular as pessoas garantem que ninguém jamais desconfie do que realmente acontece nos bastidores da nossa família.
A verdade é que nossa família vive em constante guerra com a máfia italiana pelo controle. Um jogo de xadrez perigoso, onde cada movimento pode ser o último. Para o mundo, somos os Salvatore, donos de uma marca de bebidas de renome e perfeitos exemplos de sucesso. Mas, na sombra, somos algo completamente diferente: sobreviventes, estrategistas e, acima de tudo, inimigos declarados de quem ousa ameaçar nosso legado.
— Eu só quero dormir por umas doze horas seguidas — choramingou Victtoria assim que passou pela porta, largando a bolsa no sofá.
— Seu quarto é no segundo andar, à direita — respondeu Michel, entrando logo atrás dela, com aquele tom prático de sempre.
Olhei para os dois, franzindo a sobrancelha.
— Vieram juntos? — perguntei, estranhando. Cada um tinha seu carro e seu próprio grupo de seguranças, então aquilo era, no mínimo, inusitado.
— Viemos. Esqueceu que a mamãe organizou uma festa? — Michel respondeu com um ar de obviedade que só me deixou mais desconfiado.
Levantei a sobrancelha, cruzando os braços.
— Que festa? Eu não tô sabendo de porra nenhuma.
— Ele tá brincando com a sua cara, Dom — interveio Victtoria, enquanto tirava os saltos com um suspiro de alívio. — Viemos juntos porque meu carro deu problema, e eu me sinto desconfortável dentro de um carro com cinco guarda-costas.
A maneira como ela falou, com aquela mistura de exaustão e irritação, me fez soltar um riso baixo.
— Você? Desconfortável com guarda-costas? Achei que você adorasse mandar nos coitados.
— Só quando eu tô com paciência — rebateu ela, jogando um olhar fulminante na minha direção antes de subir as escadas. — Hoje eu não tô.
Michel deu de ombros e me lançou um olhar cúmplice.
— Melhor deixar ela quieta, Dom. Você sabe como ela fica quando tá cansada.
Eu sabia. Victtoria exausta era praticamente uma tempestade prestes a explodir, e eu não estava no clima para lidar com isso.
No fundo, momentos como esses me lembravam que, por trás de todo o caos e poder que nos cercavam, ainda éramos uma família. Mesmo que a dinâmica fosse um pouco... peculiar.
O rosto de Nathalie apareceu na tela, iluminado pelas luzes neon ao fundo. Ela estava no meio de uma avenida, provavelmente em Tóquio. O som abafado de buzinas e passos apressados misturava-se ao ruído do vídeo, mas isso não parecia incomodá-la.
Nat: Oi, Dom — ela disse, o tom casual, mas direto.
— Oi, Nat. Como vai o contrato com os japoneses? — perguntei, já sabendo que ela tinha tudo sob controle.
Ela ergueu uma sobrancelha, como se minha pergunta fosse desnecessária.
Nat: Claro que vai tudo bem. Eu sou a sua COO, Dom, e cuido disso como ninguém.
Não pude deixar de sorrir. Era típico da Nathalie: objetiva, sem paciência para dúvidas ou perguntas redundantes. Minha irmã era praticamente minha versão feminina. Impulsiva, afiada, com respostas prontas para tudo e uma incapacidade quase genética de aceitar desaforos.
Ela tinha ido para Tóquio na semana passada para fechar um acordo importante, e, claro, mandei os guarda-costas junto. A segurança da minha família sempre vinha em primeiro lugar. Nathalie sabia disso, mas nunca deixava de reclamar.
Nat: Sabe que eu não precisava deles, né? — ela comentou virando a câmera para os seguranças ao longe. — Eu manuseio uma arma melhor que qualquer um desses brutamontes que você manda atrás de mim.
Eu ri baixo, mas meu tom era firme.
— Eu sei que você sabe se cuidar, Nat. Mas não é só sobre isso. Você é importante demais para eu deixar qualquer coisa ao acaso.
Ela bufou, mas não insistiu. Sabia que, por mais que fosse capaz de se defender, eu não correria riscos desnecessários com nenhum dos meus irmãos.
Nat: Você é um exagerado, Dom — ela disse, mas havia um traço de ternura em sua voz.
— Só fazendo o meu trabalho, irmãzinha.
Ela revirou os olhos, mas sorriu antes de desligar. Por trás daquela fachada impenetrável, Nathalie tinha um coração leal, e eu sabia que, mesmo a quilômetros de distância, ela sempre seria uma das minhas maiores aliadas.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Marly G Vieira
que lindo uma família inteira mafiosa tô amando a história.
2025-02-05
1
Ana clara Lima
Amo esse círculo vicioso 🕸️
2024-12-11
1
Cirene Bandeira
eu amo história de mafioso 😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍
2025-04-29
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