Capítulo 5: Jogos de Poder
Sofia entrou na sala de reuniões com passos firmes, tentando ignorar o leve tremor em suas mãos. Tinha passado a última noite revisando o relatório que defendia a viabilidade do projeto da sua equipe, decidida a não deixar Carlos interferir em algo pelo qual trabalhou tanto. O ambiente na sala era frio, com luzes brancas e paredes de vidro que deixavam à vista a agitação do escritório. No centro da mesa, uma jarra de água e copos alinhados impecavelmente.
Carlos já estava lá, sentado em uma das pontas da longa mesa de carvalho escuro. Ao vê-la, ele sorriu de leve, um sorriso enigmático que Sofia não conseguia decifrar, e isso a irritava profundamente. Ele estava impecavelmente vestido, como sempre, em um terno azul-marinho que destacava a sua presença dominadora. Seu olhar era afiado, focado nela com uma intensidade que a fazia sentir como se ele pudesse enxergar todos os seus pensamentos.
“Bom dia, Sofia,” ele disse, com um leve aceno de cabeça. A voz dele tinha um tom grave, controlado, que parecia ecoar pela sala.
Ela retribuiu o cumprimento, sentando-se na outra ponta da mesa, mantendo a postura impecável. Respirou fundo, lembrando-se de que estava ali para lutar pelo trabalho de sua equipe, não para ceder ao jogo de olhares de Carlos.
“Vamos direto ao ponto,” ela começou, abrindo seu laptop e exibindo os slides na tela ao lado. “Meu relatório mostra que o projeto atual trará resultados a longo prazo. Os números estão claros: a sustentabilidade e o impacto positivo na marca são inegáveis.”
Carlos se inclinou para frente, estudando os gráficos com um olhar crítico. Por um momento, ele ficou em silêncio, o que só aumentou a tensão no ar. Sofia percebeu que todos os olhares estavam sobre ele. Então, finalmente, ele sorriu. Era um sorriso afiado, quase desafiador.
“Sofia, admiro seu empenho,” disse ele, pousando as mãos na mesa, entrelaçando os dedos. “Mas precisamos pensar no agora. Sustentabilidade é importante, claro, mas também precisamos de resultados imediatos.”
Ela sabia que ele ia contestar. Carlos era conhecido por valorizar lucros rápidos e estratégicos, enquanto ela sempre acreditou na importância de construir algo sólido e duradouro. A troca de palavras começou a ganhar um ritmo próprio, cada um defendendo suas ideias com firmeza. A tensão entre eles não era apenas profissional; havia algo pessoal, algo que ambos pareciam sentir, mas que não admitiriam.
Conforme os minutos passavam, Sofia sentiu o calor subir em seu rosto. Estava começando a se irritar com o tom persuasivo e quase arrogante de Carlos, mas não poderia dar o gosto de deixar isso transparecer. Seu olhar se fixou no dele, e, por um momento, ela percebeu que estavam sozinhos em um duelo silencioso, alheios aos outros presentes na sala.
“Eu entendo sua posição, Carlos,” disse ela, com um sorriso forçado. “Mas estou aqui para defender o futuro da nossa empresa, e não apenas uma vitória temporária.”
Ele a encarou em silêncio, e seus olhos escureceram, como se suas palavras tivessem tocado algo dentro dele. Então, inclinou-se um pouco mais na direção dela, quebrando a distância.
“Eu admiro sua paixão, Sofia,” ele respondeu, num tom baixo e intenso, quase íntimo. “Mas o mundo dos negócios não é feito só de convicções. Às vezes, é preciso fazer escolhas difíceis.”
Sofia segurou o ar. Não sabia dizer se estava mais irritada com o tom dele ou com o jeito que sua presença fazia seu coração bater mais rápido. Como ele conseguia ser tão frio e, ao mesmo tempo, fazer seu coração quase sair pela boca?
Antes que ela pudesse responder, ele levantou-se, pegando sua pasta com a calma de alguém que sabe que deixou sua marca. Ele lançou um último olhar a ela, um misto de desafio e algo que ela não conseguia decifrar.
“Vamos continuar essa conversa na próxima reunião,” ele disse, com um tom que parecia mais uma promessa. E saiu, deixando-a sozinha na sala.
Quando a porta se fechou, Sofia finalmente soltou o ar que havia prendido. Sentiu o peso da troca de palavras, a tensão que aquele homem lhe causava. Carlos era muito mais que um rival no trabalho – ele era alguém que mexia com tudo dentro dela, alguém que trazia à tona uma versão de si mesma que ela não conhecia.
Ela fechou o laptop e se permitiu um momento de silêncio. Sabia que, naquele jogo de poder, havia mais que simples divergências de opiniões. E, por mais que tentasse negar, algo dentro dela a fazia querer enfrentar Carlos novamente. Mas será que ela conseguiria manter o controle sobre o que sentia quando ele estava por perto?
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Atualizado até capítulo 82
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