O caos havia terminado, foi exaustivo e frustrante lidar com toda essa gente irritante, no final não pudemos alojar a todos, mas nos demos à tarefa de contatá-los com outros hotéis e lhes dar transporte a seus novos destinos.
- Você é admirável - me diz Márquez enquanto se esparrama ao meu lado em um sofá na recepção, os dois precisamos de um respiro.
- Alguém devia resolver isto - lhe respondo fechando um momento meus olhos.
Escuto um grande suspiro, depois a voz de Márquez.
- Não perguntarei o óbvio, só quero lembrá-la de que não está sozinha, aqui tem um monte de pessoas que a apreciam e fariam qualquer coisa para ajudá-la e apoiá-la -
Suas palavras chegaram até o fundo do coração, fazendo com que recordasse tudo o que escutei no apartamento de Abraham, meus olhos começavam a arder avisando que as lágrimas sairiam de novo; e como se fosse um chamado, o imbecil apareceu na nossa frente.
- Olá linda - escutar sua voz fez com que o sangue dentro de mim começasse a ferver - escutei o do outro hotel, espero que os beneficie a vocês - apertei as mãos tão forte que senti minhas unhas quase se cravar na pele - está bem, querida? - e isso foi suficiente.
Abri os olhos devagar e os sentia quentes, de seguro os tinha completamente vermelhos da raiva, me levantei devagar sem deixar de olhá-lo, queria pô-lo três metros abaixo da terra e de boca para baixo, esse pedaço de animal não poderia se considerar um homem.
- Zary, o que te sucede? - sua voz e olhar denotavam medo, seu pomo de Adão subia e baixava.
- O que me sucede Abraham, em sério quer saber? - de soslaio reconheci Camila, chegava justo a tempo para que escutasse tudo o que ia dizer a esse estúpido.
- Sabe - comecei devagar - hoje pela manhã tive consulta com Camila -
- Claro, querida, hoje fariam as provas para ver se a inseminação teve resultado, devia avisar-me, com gosto te acompanho...
Levantei a mão evitando que seguisse com sua lengalenga, não pude evitar o tremor que se refletiu nela, de fato todo meu corpo o sentia assim.
- Foi negativo, não deu resultado -
- Oh, querida, quanto sinto - o tom amável em sua voz me obrigou a mover-me de lugar, as lágrimas já banhavam meu rosto, de golpe as limpei com a manga da minha blusa.
- Mas isso você já sabia!! - gritei sacando a frustração acumulada - ao sair do consultório fui direto a seu apartamento, necessitava urgente estar ao seu lado, te necessitava!!! -
Abraham foi perdendo cor no rosto, tinha os olhos por completo abertos, o sabia, ele sabia que eu sabia tudo.
- Amiga, do que fala? - comenta Camila
- Zary, por favor - dizia o idiota - falemos, explicarei tudo, só me dê a oport...
- Cale-se!!?, não tem direito a pronunciar nem uma palavra, já disse e fez infinidade de barbaridades - volto e observo a minha amiga - este idiota me mentiu desde o princípio, não é estéril, realizou-se a vasectomia porque não deseja ser pai, odeia as crianças e chamou meu bebê não forjado um bastardo!! - estava fora de mim, na verdade nem eu mesma me reconhecia, mas era tanta a dor que sentia que não me importou explodir no meio do recebimento.
- Além disso, sabotou cada tentativa de gravidez, me deu a pílula do dia seguinte disfarçando-a de vitaminas, por isso não funcionou, por sua culpa maldito desgraçado, tudo por sua culpa - me atirei sobre ele e comecei a golpeá-lo, não sei como nem em que momento terminei sobre seu corpo golpeando fortemente seu rosto, a única coisa que recordo é que alguém me segurou pela cintura e me levantou como se fosse uma boneca de pano, eu esperneava e amaldiçoava sem cessar ao pedaço de merda que foi meu noivo.
- Está louca!!! - gritou ele enquanto limpava o sangue que saía de seu lábio roto - está completamente louca e por isso jamais ninguém te tomará a sério, só é uma cara bonita de onde se podem sacar milhões, porque crê que não pode ter um bebê, porque não o merece!!! -
- Cale-se!!! - gritava e me retorcia tentando soltar-me desses enormes e fortes braços que me seguravam - te demandarei, te tirarei tudo, de minha conta corre que fique na rua, escutou imbecil, ficará na rua!! -
Márquez sacou Abraham enquanto eu seguia gritando, assim que saiu da minha vista não pude mais, minhas pernas perderam toda força e comecei a deslizar-me até o chão, os braços que me seguravam soltaram sua pegada ao me ver sobre o chão e com as mãos no rosto, não podia com tudo isto.
- Zary - agora era Camila quem me abraçava, sua voz era suave, demasiado - amiga vamos, vamos ao seu quarto -
- Estará bem? - uma voz grave, masculina e sedutora falou às minhas costas, não tive o valor de olhá-lo, mas escutei Camila responder de forma tímida
- Sim, sim senhor - o que acontecia a minha amiga?
Escutei passos fortes se afastando e depois ao senhor Márquez e Camila incitando a levantar-me, com sua ajuda me pus de pé e me levaram ao meu quarto.
- Qualquer coisa pode chamar-me - disse Márquez antes de fechar a porta
- Zary? - Camila se situou na minha frente e pegou minhas mãos - amiga, tudo o que disse é verdade? - eu só assenti - Oh Zary - seus braços rodearam meu corpo e segui chorando, chorei tanto que meus olhos e garganta doíam, de forma dura me dei conta que a decepção é o mais doloroso que pode viver.
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Atualizado até capítulo 62
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