Ele entrou em casa quase derrubando a porta, o peito tomado por uma mistura sufocante de raiva e medo. Ao se virar, deu de cara com a mãe, que o olhou, claramente preocupada.
“Você está bem?” ela perguntou, hesitante.
Sem responder, ele desviou o olhar, tentando controlar o turbilhão que se formava dentro de si. Durante toda a vida, a avó lhe ensinara que ser ômega era desprezível, uma fraqueza a ser evitada a todo custo. Aquilo ficou gravado em sua mente, e ele passou a agir como se os ômegas fossem inferiores. A verdade é que, convencido de que era um alfa, ele até fazia mal às pessoas que julgava serem ômegas, tratando-as com desprezo e arrogância.
Ele se gabava, certo de que seu diagnóstico confirmaria sua suposta superioridade. Como seus pais eram ambos alfas, ele nunca cogitou outra possibilidade. Mas agora, com o diagnóstico de ômega puro e dominante martelando em sua cabeça, o pânico crescia. Tudo aquilo que sempre desprezou, tudo o que ele acreditava estar acima, agora se aplicava a ele.
O rosto começou a esquentar de raiva, mas também de vergonha. Como ele lidaria com isso? O medo de ser o que tanto criticou o sufocava, e a ironia amarga da situação pesava sobre ele como uma sentença. Não conseguiu olhar para a mãe por muito tempo, e tudo o que ele queria era fugir dessa realidade que o esmagava.
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