James
Cheguei à casa de Laura naquela tarde com a intenção de passar um tempo tranquilo, como fazíamos de vez em quando. Ela era uma das poucas pessoas com quem eu podia realmente relaxar e ser eu mesmo, sem máscaras. Estacionei o carro e toquei a campainha, sentindo a familiaridade do lugar. Em poucos segundos, a porta se abriu, revelando o sorriso caloroso de Laura.
— Você chegou na hora certa! Estou terminando de fazer um café. Quer um pouco? — ela perguntou, me dando espaço para entrar.
— Com certeza. Um café seria ótimo — respondi, seguindo-a até a cozinha.
Enquanto ela preparava as xícaras, me sentei à mesa, observando a naturalidade com que ela se movia pela cozinha. Laura sempre teve essa energia contagiante, o que me fazia sentir bem ao seu redor. Mas havia algo diferente em seu semblante hoje. Algo que me dizia que essa visita não seria apenas para relaxar.
Depois de servir o café, ela se sentou à minha frente, tomando um gole antes de me encarar com aquele olhar que sempre precedia uma conversa séria.
— James. — ela começou, escolhendo cuidadosamente as palavras. — Queria falar sobre algo que tenho notado.
— Claro, pode falar — respondi, tentando manter o tom casual, mas já sentindo uma leve tensão no ar.
— É sobre você e Elina. — Laura fez uma pausa, como se estivesse ponderando o que dizer a seguir. — Tenho percebido que vocês estão se tornando bem próximos.
Sorri, mas logo percebi que ela não estava brincando. — Somos apenas amigos, Laura. Não há nada além disso.
— Eu sei que você acha que é só isso. — ela disse, inclinando-se um pouco para frente, — Mas eu conheço você, James. E conheço a Elina também. Sinto que algo está mudando. Talvez você mesmo ainda não tenha percebido.
Fiquei em silêncio por um momento, refletindo sobre suas palavras. Sabia que Laura tinha um jeito de enxergar além do que estava na superfície, e isso sempre me deixou um pouco desconfortável.
— Laura, eu... eu gosto da companhia dela, sim. Ela é uma pessoa incrível, mas não é nada além disso. Eu estou apenas... ajudando-a a sair um pouco daquele ambiente sufocante.
Laura suspirou, como se soubesse que eu estava evitando o verdadeiro assunto.
— James, você sabe que eu só quero o seu bem, certo? E o bem dela também. Mas preciso perguntar: você tem certeza de que isso é só amizade?
Essa pergunta me pegou de surpresa. Por um instante, todos os pensamentos que tentei enterrar começaram a emergir. A imagem de Elina sorrindo, o som da sua risada, a maneira como ela falava com paixão sobre as pequenas coisas que lhe davam prazer. E, mais recentemente, a preocupação nos seus olhos, a forma como ela procurava por uma fuga, um alívio, uma amizade... ou talvez algo mais.
Eu desviei o olhar, tentando organizar meus pensamentos.
— Eu... acho que sim, Laura. Quero dizer, eu a admiro muito, e ela é... linda, é claro. Mas isso não significa que eu queira algo a mais. Não agora.
— James, eu te conheço desde sempre. Sei que você não se envolve com ninguém facilmente. E eu entendo por que, depois de tudo o que aconteceu com você e, ela. — Ela evitou dizer o nome da minha ex-namorada, e eu agradeci por isso. — Mas eu também sei que você merece ser feliz. E se você está começando a sentir algo por Elina, talvez seja algo para se prestar atenção, não para evitar.
Meu estômago se apertou com as palavras de Laura. Ela estava certa. Depois de ser traído de forma tão cruel, eu construí uma barreira em torno de mim, uma fortaleza para me proteger de qualquer dor futura. Passei por meses de depressão, lutando contra meus próprios demônios, e jurei nunca mais me deixar ser machucado assim. Mas agora, aqui estava eu, talvez baixando minha guarda para alguém que mal conhecia, mas que já significava tanto.
— Laura. — comecei, minha voz mais baixa agora. — Eu realmente não sei o que estou sentindo. Sim, eu me preocupo com a Elina. Sim, eu admiro a força dela, a maneira como ela lida com tudo, apesar das dificuldades. E eu admito que sinto uma atração, mas não quero que isso interfira na nossa amizade. Não quero machucá-la, ou me machucar novamente.
Laura assentiu, compreensiva.
— Entendo, James. Mas você precisa ser honesto consigo mesmo. Se essa amizade começar a se tornar algo mais para você, você terá que decidir o que fazer antes que seja tarde demais. E há outra coisa que me preocupa...
— Sobre o quê? — perguntei, um pouco apreensivo.
— Sobre Heitor. Ele é um homem controlador, James. Você sabe disso. Elina pode não falar muito sobre isso, mas ela está claramente lutando com a pressão que ele coloca sobre ela, especialmente agora que ele quer ter filhos.
Minha expressão endureceu ao ouvir aquilo. A ideia de Elina presa em um casamento sem amor, forçada a ter filhos com um homem que a via mais como uma posse do que como uma parceira, me enojava.
— Ela não deveria ter que passar por isso. — murmurei, mais para mim mesmo do que para Laura.
— E ela não passaria. — Laura disse, sua voz suave, mas firme. — Se tivesse alguém em quem confiar. Alguém que a ajudasse a ver que merece mais do que isso.
Olhei para o meu café, que já esfriara. As palavras de Laura ecoavam na minha mente, junto com a imagem de Elina, tão vulnerável, mas ao mesmo tempo tão forte. Eu sabia que precisava estar lá para ela, mas sem deixar que meus sentimentos complicassem as coisas.
— Eu não vou deixá-la sozinha, Laura. — disse finalmente. — Mas também não vou forçar nada. Se ela precisar de mim, estarei lá. Mas serei cuidadoso. Não quero que ela pense que espero algo em troca.
Laura sorriu, satisfeita com minha resposta.
— Isso é o que eu esperava ouvir. E, James, só mais uma coisa... não tenha medo de sentir. Não deixe que o que aconteceu no passado te impeça de viver o presente.
Fiquei em silêncio, refletindo sobre suas palavras. Sabia que ela estava certa. Não podia continuar vivendo com medo de ser machucado novamente. Mas também sabia que precisava ser cauteloso. Não apenas por mim, mas por Elina. Ela merecia alguém que pudesse ser forte por ela, que pudesse oferecer mais do que apenas uma amizade... se fosse isso o que ela quisesse.
Quando saí da casa de Laura, meus pensamentos estavam um turbilhão. Enquanto dirigia de volta para casa, a imagem de Elina continuava a me assombrar. Eu não podia negar o que estava sentindo, mas também não podia deixar que isso me dominasse. Não podia me permitir ser vulnerável novamente, não podia correr o risco de ser ferido. E, o mais importante, não podia fazer nada que pudesse prejudicar Elina. Ela precisava de um amigo, não de mais complicações em sua vida já tão conturbada.
Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que estava em um caminho perigoso. Porque, por mais que eu quisesse, não poderia simplesmente ignorar o que estava começando a sentir. E isso me assustava mais do que qualquer coisa.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Brennda Germany's
eu lendo duas histórias sua, autora, que acabo me confundindo sobre qual história tô lendo e do nada começo a misturar uma coisa na outra.... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk /Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/
2024-10-13
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