As Colinas de Sombra erguiam-se à frente como gigantes adormecidos, cobertas por uma neblina espessa e azulada que parecia vibrar com uma energia sombria. Eldrin e Arthur caminharam em silêncio, ambos absorvidos por seus próprios pensamentos enquanto se aproximavam do próximo desafio. O caminho até as colinas era íngreme e sinuoso, e cada passo parecia puxá-los mais fundo nas sombras que dominavam a paisagem.
Arthur sentia uma opressão crescente em seu peito, como se as próprias colinas estivessem tentando esmagar sua determinação. A marca em seu braço, que antes brilhava com uma luz suave, agora pulsava com uma intensidade inquietante, como se estivesse reagindo ao ambiente ao redor.
“Você está pronto para o que vem a seguir?” Eldrin perguntou, sem olhar para Arthur, sua voz baixa e carregada de gravidade.
Arthur hesitou por um momento antes de responder. “Eu não sei o que me espera, mas estou pronto para tentar. Não tenho outra escolha, não é?”
Eldrin deu um leve sorriso, ainda sem desviar o olhar da trilha à frente. “Sabia que você diria isso. As Colinas de Sombra são conhecidas por testar não apenas a força física, mas a força da vontade. Não é qualquer um que sobrevive às provações que aguardam lá dentro.”
Arthur sentiu um frio na espinha, mas ao mesmo tempo, uma faísca de desafio acendeu-se em seu coração. Ele não sabia o que encontraria nas colinas, mas já enfrentara seus próprios medos no teste anterior e sobrevivera. Isso lhe dava uma confiança frágil, mas necessária.
Enquanto avançavam, as árvores começaram a diminuir, dando lugar a rochas escarpadas e terrenos acidentados. O vento soprava mais forte, carregando consigo sussurros quase inaudíveis, como se vozes antigas tentassem comunicar algo. Arthur podia jurar que, em certos momentos, reconhecia palavras em meio ao vento, mas elas desapareciam tão rapidamente quanto surgiam.
Finalmente, chegaram à base das colinas. Eldrin parou e virou-se para Arthur, seus olhos sérios. “A partir daqui, o caminho se torna ainda mais perigoso. Precisamos subir até o cume da colina central, onde dizem que as Cinzas do Vento estão escondidas. O que quer que aconteça, mantenha-se focado no objetivo.”
Arthur assentiu, sentindo seu coração acelerar. O caminho à frente era íngreme e traiçoeiro, com pedras soltas e fendas que pareciam se abrir no solo sem aviso. Mas ele não tinha tempo para hesitar. Com uma última respiração profunda, começou a subida.
Cada passo era um desafio. A gravidade parecia puxá-lo para baixo com mais força do que o normal, e a neblina tornava difícil enxergar além de alguns metros à frente. O vento aumentava de intensidade à medida que subiam, agora uivando ao redor deles como uma criatura viva, tentando empurrá-los para fora da trilha.
Enquanto Arthur avançava, ele começou a sentir uma presença estranha ao seu redor, como se fosse observado. Olhando para trás, ele viu que Eldrin estava logo atrás dele, mas havia algo diferente no guerreiro. Seus olhos estavam fixos em algo mais adiante, e seu rosto, normalmente impenetrável, mostrava uma expressão de preocupação genuína.
“Cuidado com as ilusões,” Eldrin alertou, sua voz quase abafada pelo vento. “Essas colinas jogam com sua mente. O que você vê pode não ser real, mas o perigo é sempre verdadeiro.”
Arthur tentou focar-se na trilha, mas logo notou que as sombras ao seu redor pareciam se mover. De relance, ele via figuras vagando na neblina – formas humanóides indistintas, que se materializavam e desapareciam como espectros. Ele sabia que eram ilusões, mas a sensação de ser seguido, de ser cercado, era impossível de ignorar.
A certa altura, o caminho estreitou-se, levando-os a uma passagem entre duas grandes rochas. A neblina era tão densa ali que Arthur mal podia ver seus próprios pés. Mas ele continuou, sentindo a proximidade do cume.
De repente, uma figura surgiu na névoa, bloqueando seu caminho. Era um homem alto, vestindo uma armadura pesada, com um elmo que escondia suas feições. Arthur parou abruptamente, tentando discernir se era uma ilusão ou uma ameaça real.
“Quem é você?” Arthur chamou, tentando não deixar sua voz trêmula.
A figura não respondeu, apenas levantou sua espada, a lâmina brilhando com uma luz sinistra. Arthur instintivamente recuou, preparando-se para se defender, mas antes que pudesse reagir, Eldrin apareceu ao seu lado.
“É apenas uma sombra,” Eldrin disse, sua voz calma. “Mas as sombras aqui podem ferir tanto quanto qualquer outra coisa. Se prepare para lutar.”
Arthur mal teve tempo de processar as palavras antes que a figura avançasse, a espada cortando o ar em sua direção. Ele desviou por pouco, sentindo o frio do aço passar perto demais. Instintivamente, ele rolou para o lado e levantou-se, procurando por algo que pudesse usar como arma.
Eldrin, por outro lado, enfrentou a sombra de frente, sua própria espada cintilando enquanto ele bloqueava o próximo golpe. As lâminas se chocaram com um som metálico, e faíscas voaram no ar. Eldrin era rápido, seus movimentos precisos e implacáveis, e logo a sombra começou a recuar sob sua pressão.
Arthur, ainda sem arma, olhou em volta desesperadamente. Seus olhos pousaram em uma rocha afiada, quase como uma adaga improvisada, e ele a pegou. Enquanto Eldrin mantinha a sombra ocupada, Arthur aproveitou a oportunidade e atacou pelas costas, cravando a pedra na figura sombria.
Um grito gutural ecoou pela colina enquanto a sombra se dissolvia em fumaça, desaparecendo na neblina. Arthur ofegava, o coração disparado, mas sentiu um alívio ao ver que a ameaça havia passado. Eldrin baixou a espada e olhou para Arthur, dando-lhe um breve aceno de aprovação.
“Bom trabalho,” disse Eldrin, sua voz voltando ao tom habitual. “Mas isso foi apenas o começo. O cume está logo à frente.”
Arthur assentiu, ainda sentindo a adrenalina correr por seu corpo. Eles continuaram a subida, agora com um senso de urgência renovado. A cada passo, a neblina parecia diminuir, e a presença das sombras ficava menos opressiva, como se estivessem se aproximando de uma fonte de poder maior.
Finalmente, eles chegaram ao topo da colina. O cume era plano, um espaço circular cercado por pedras erguidas em posições que lembravam um antigo altar. No centro, havia uma urna de aparência antiga, feita de um metal escuro e coberta de runas que brilhavam com uma luz azulada.
“Lá estão as Cinzas do Vento,” Eldrin disse, aproximando-se com cautela. “Mas cuidado, Arthur. Este é o ponto onde a magia é mais forte. Qualquer erro pode ser fatal.”
Arthur aproximou-se da urna, sentindo a energia pulsante ao seu redor. A marca em seu braço estava agora vibrando intensamente, quase dolorosamente. Ele estendeu a mão, hesitante, mas determinado. Este era o momento pelo qual ele havia passado por tantos testes.
Com uma respiração profunda, Arthur tocou a urna. No mesmo instante, uma onda de poder o atravessou, fazendo-o sentir como se estivesse sendo puxado em todas as direções ao mesmo tempo. A neblina ao redor começou a girar, formando um vórtice que o cercava. Ele ouviu vozes sussurrando em uma língua antiga, e a sensação de ser observado voltou, mais intensa do que nunca.
Mas Arthur não recuou. Ele concentrou-se na marca em seu braço, na conexão que sentia com o mundo ao seu redor. Com um esforço tremendo, ele conseguiu abrir a urna, revelando um pó prateado brilhante em seu interior – as Cinzas do Vento.
Assim que a urna foi aberta, o vórtice ao seu redor desmoronou, e a neblina dissipou-se rapidamente, deixando o cume das colinas envolto em um silêncio profundo. Arthur segurou as Cinzas em suas mãos, sentindo a energia poderosa que emanava delas.
Eldrin aproximou-se, olhando para Arthur com algo que parecia admiração. “Você conseguiu, Viajante. As Cinzas do Vento são suas. Agora, nossa jornada continua. Há mais artefatos para encontrar, e muito mais perigos pela frente.”
Arthur assentiu, exausto, mas sentindo um orgulho que nunca havia experimentado antes. Ele sabia que havia muitos desafios pela frente, mas pela primeira vez, sentiu que estava preparado para enfrentá-los. Com as Cinzas do Vento em mãos, ele deu o primeiro passo de volta para a trilha, ao lado de Eldrin, pronto para o que quer que Etheria tivesse reservado para ele.
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Atualizado até capítulo 60
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