Carter
Ligo para o meu irmão que não responde. Deixo mensagem e nada. Não é possível que ele tenha ido se encontrar com aquela mulher. Ela nunca ligou para nós! Nesses dezoito anos nunca deu um telefonema ou mandou um cartão de aniversário. Deve estar na miséria. E veio atrás de dinheiro. Se o Oliver for atrás dela, eu vou tirar tudo dele. O apartamento, o carro, e os cartões. Vai ficar na miséria junto com ela até completar 25 anos daqui a dez meses e poder mexer na sua parte da herança, quero ver qual dos dois vai aguentar essa situação.
Ele está completamente sem rumo desde que o papai morreu. Só se mete em confusão. Gastando dinheiro como se fosse água. Não termina essa faculdade de jeito nenhum. Um curso de três anos, que vem se arrastando há seis anos. Mês passado tive que mandar o advogado a Las Vegas, resolver uma dívida de jogo. Depois foi o quarto de hotel que ele quebrou em San Diego. Já estou sem ideias do que fazer para que ele entre no rumo certo. Vou pedir ao meu padrinho para conversar com ele. Vê se ele consegue colocar um pouco de juízo naquela cabeça.
Perdido do jeito que está vai ser um prato cheio para aquela mulher fazer a cabeça dele. O meu telefone toca e eu vejo que é ele.
📱Criou juízo?
📱Irmão? Por favor me ajude! Eu acho que matei um menino.
📱Como assim? O que você fez?
📱Eu atropelei um menino. Ele foi levado para o hospital Jackson Memorial.
📱Você está no hospital? Eu estou indo pra lá.
📱Eu não fui para lá! A polícia deve estar me procurando.
Ele desliga antes que eu fale mais alguma coisa. Quanta irresponsabilidade! Estava na cara que ia acabar acontecendo uma tragédia. Só espero que o garoto sobreviva, não perca a vida por causa do irresponsável do meu irmão. Corro para o hospital.
Assim que chego procuro informações sobre a criança e me mostram a parente mais próxima do menino eu a reconheço de imediato. É a recepcionista da festa, a mulher que quase foi violentada hoje. Está vestida simplesmente sem maquiagem e o lindo cabelo escondido em uma trança. Mas continua belíssima.
Vou falar com ela que já vem com cinco pedras na mão. Quando finalmente a minha ficha cai. O meu irmão mandou o advogado para oferecer dinheiro a ela. O médico nos interrompe e diz que o garoto precisa de sangue e o meu é compatível. Imediatamente vou fazer a coleta.
Enquanto retiram o meu sangue, fico imaginando o que o meu irmão fez. E no fundo o responsável por ele ter agido assim, sou eu. Ele contraiu dívida de jogo eu fui lá e paguei. Quebrou o quarto do hotel, completamente bêbado, eu paguei. Quando foi detido por dirigir embriagado eu também paguei. Agora ele acha que tudo pode ser resolvido com dinheiro. Ele nem veio saber se o garoto estava vivo ou morto. Mandou logo o advogado oferecer dinheiro. A culpa é minha!
E porque será que ela não aceitou? Só de ouvir o sobrenome, sabe que trinta mil é pouco. Deve querer mais dinheiro. Dependendo do que o irmão dela falar, quanto será que ela vai pedir para não levar o caso à justiça?
Preciso mandar investigar a vida dela. A minha vontade é deixar que ele arque com as consequências. Quem sabe assim aprende! Mas eu prometi ao meu pai que ia cuidar dele.
Vou até a enfermaria onde o garoto foi transferido. É uma enfermaria para adultos masculino e ela está sentada à cabeceira do irmão cochilando e acorda com qualquer barulho.
Me aperta o peito vê-la assim, eu entendo o que é ficar na cabeceira de quem você ama, não sabendo se a pessoa vai sobreviver ou não. E olha que nós tínhamos recursos e os melhores médicos para atender ao meu irmão. Saio de lá e tomo as providências para a transferência dele para um quarto particular, afinal é o mínimo que eu posso fazer.
O advogado finalmente me liga e eu lhe dou uma bronca e ele me fala que o meu irmão estava participando de um racha quando atropelou o garoto. Me diz que precisamos nos precaver com a irmã do garoto. Eu tenho a ideia de ir até a minha sala e pegar o aparelho que a secretaria plantou e colocar no quarto para onde ele será transferido pela manhã.
Planto tudo no quarto e vou embora. Chego em casa e desabo sobre a cama e durmo pesado pois o dia está quase amanhecendo. Sonho com ela sorrindo sobre mim com aqueles cabelos longos cobrindo seus seios. Quando o sorriso dela se transforma no sorriso da minha mãe eu acordo assustado.
Que isso seja um aviso. Todas as mulheres são iguais, não se deixe levar por um rostinho bonito. Tomo um banho e vou trabalhar que hoje não tenho nem tempo para o café da manhã.
Quando o detetive chega com o relatório sobre ela me dá até pena da garota. A mãe foi presa por matar o pai dela. Aqui diz que a mãe chegou em casa com o irmão e achou ela amarrada e amordaçada na cama, enquanto o pai a estuprava. Coitada! Ela estava com apenas quinze anos. E ela é o irmão foram colocados em um abrigo. Ela saiu com dezoito anos e conseguiu uma bolsa de estudos e faz faculdade de Direito. Está pedindo a guarda do irmão menor. Ele ainda está no abrigo.
A vida deles foi miserável e mesmo assim ela estuda de dia e trabalha a noite. Enquanto o meu irmão que teve uma vida boa, tirando o período da sua doença. Não quer nada com a vida.
Resolvo assistir o que foi gravado no quarto do hospital. Ela fala e gesticula com ele. E só então entendo que o menino deve ser surdo mudo. O meu coração se enternece quando ela lhe diz que ele é tudo na vida dela. Eu não sei linguagem de sinais, mas ela repete a parte dele e consigo entender que ele está falando para ela aceitar o dinheiro, mas ela diz que de jeito nenhum. Me chamou de babaca e escroto achando que fui eu que atropelei o seu irmão, que tenho que lidar com as consequências. Realmente parece que ela não quer o dinheiro e sim justiça.
Será que finalmente encontrei uma mulher de princípios?
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Atualizado até capítulo 114
Comments
Wilma Lima
o seu erro está aí 😕
2025-02-04
1
Zélia Tamanini
E isso mesmo Lyn. Justiça
2025-01-04
2
Marilia Carvalho Lima
coitada quanto sofrimento! 😞
2025-02-16
1