CAPÍTULO 2

Miami, fevereiro de 2023.

Eu já estava ficando impaciente. John me pediu para esperar dentro da biblioteca da mansão, e já fazem dez minutos que estou aqui dentro. Quando penso em sair, ele entra.

— Cara, já viu que horas são? Eu preciso ir para a empresa! — Tentei passar por ele, mas ele me impediu e me entregou uma folha. — E isso?

— A lista que me pediu das moças de Miami que poderiam ser sua esposa…

Eu o encaro por alguns segundos e me recordo de ter pedido isso a ele na semana passada.

— Ah, claro… Obrigado! — Coloco a folha dentro da minha pasta e sigo para fora da mansão rapidamente, a fim de entrar no carro. — Preciso de uma assistente pessoal para me ajudar com isso do casamento.

Engulo seco com a última palavra.

— Assistente? Seria uma secretária pessoal, não?

— E qual é a diferença? — Ele me olha entrar no carro. — Não me importa o título que você dê a ela, desde que a pessoa seja discreta, não se intrometa nas minhas escolhas e que fique de boca fechada… Não quero minha vida nos jornais novamente!

Ligo o carro e vou em direção à empresa.

Já haviam se passado quase quatro anos desde o pior dia da minha vida. Depois do enterro da minha família, fui para Orlando, vendi minhas coisas e me demiti do meu trabalho. Naquele mesmo mês, o posto de presidente da empresa foi passado para mim e eu aumentei os negócios da família.

Dentro desses anos, transformei radicalmente a herança que fiquei tomando conta. Meu avô tinha vinte plantações de flores que valiam mais de cinquenta bilhões de dólares. Ele fornecia para grandes marcas de perfumaria e também adquiri várias marcas de produtos de limpeza.

Meu trabalho triplicou e eu não estava mais com cabeça para nada, ainda mais com o John me pressionando para me casar, já que meu pai ainda não acordou do coma.

Após deixar o carro no estacionamento da empresa, sigo para a minha sala. Depois de subir os oito andares, vou passando pelos corredores e sou cumprimentado com "bom dia" pelos funcionários; apenas sigo acenando com a cabeça.

Entro na minha sala e, após fechar a porta, sinto paz.

Eu prefiro ficar sozinho.

Deixo minha pasta em cima da minha mesa e me sento. Quando olho para a parede que há em frente à minha mesa, encaro a pintura que cura a minha alma todos os dias.

Quando eu estava no campo de girassol há quatro anos, tentei me aproximar da linda moça que brincava no meio das flores, mas fui interrompido por um dos funcionários e depois disso nunca mais a vi.

Para continuar com aquela imagem na minha mente, mandei pintar ela numa tela. A menina ruiva de olhos verdes ficou ainda mais bela na minha parede.

Tomo um susto quando a porta da minha sala é aberta bruscamente.

— De novo suspirando alto com essa pintura? — John perguntou irônico. — Acho que essa menina não existe, já te falei isso.

— Ela existe sim! E já te falei para bater na porta antes, qual é o seu problema?

Eu me levanto e vou até a cafeteira pegar um café.

— Sei que já falei sobre isso mais cedo, mas preciso que você decida logo sobre quem será sua esposa. Se não, já sabe o que vai acontecer com sua herança…

Eu o observo ainda parado ao lado da cafeteira.

— Marque uma entrevista para hoje à tarde, na mansão mesmo, e contrate a minha assistente pessoal! — Peguei a xícara e a levei para a mesa.

— Secretária pessoal… — ele me corrige.

Dane-se.

— Como quiser!

O observei sair e fechar a porta.

Será que ele me seguiu? Chegou rápido demais aqui…

Eu queria poder estar com essa garota ruiva que não sai da minha cabeça, mas precisava me casar e com alguém… real.

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