Caminhamos até o casarão, um imponente edifício de tijolos envelhecidos e janelas arqueadas, situado nas colinas afastadas da cidade. O local tem um ar de mistério, com o tempo deixando marcas visíveis nas paredes e no jardim, que está tomado pela vegetação.
Chegamos e entro com Patrícia, passando pela entrada principal que range com o peso dos anos. O interior é escuro e empoeirado, com móveis cobertos por lençóis brancos e tapeçarias desbotadas nas paredes.
"Vamos explorar o andar de cima," digo, conduzindo Patrícia pela escada de madeira que parece estar prestes a ceder a qualquer momento.
Subimos e começamos a examinar os quartos e corredores, vasculhando cada canto. Em um dos quartos, encontramos uma parede que parece ter um espaço irregular. Observando de perto, percebo que algo não está certo com uma parte da parede.
"Patrícia, veja isso," digo, apontando para a área suspeita. "Acho que há algo escondido aqui."
Ela se aproxima e começamos a trabalhar juntos para remover as tábuas de madeira e revelar um compartimento secreto. Depois de alguns minutos de esforço, conseguimos abrir um pequeno compartimento embutido na parede. Dentro, encontramos um livro antigo com a capa desgastada, onde está gravado o nome "Zuchinali" em letras douradas.
Eu me perguntava porque o nome da minha família estava nesse livro.
"Uau," murmura Patrícia, "olha só isso."
Eu pego o livro com cuidado e começo a folheá-lo. As páginas estão repletas de anotações, diários e registros que parecem conter segredos antigos da minha família.
"Isso é incrível," digo, tentando esconder meu entusiasmo. "Encontramos algo realmente significativo aqui."
Imediatamente eu com medo de Patrícia ler algo coloco o livro na minha mochila, invento que não estou me sentindo bem e vou pra casa, naquela manhã eu decidi não ir para escola e passei um tempo lendo os segredos da família, todas as verdades sobre bruxas e as maldições que minha família não tinha me contado.
No meu quarto, tranco a porta e me acomodo na mesa, com o livro antigo aberto à minha frente. A luz da lâmpada lança sombras suaves sobre as páginas empoeiradas, e cada linha parece sussurrar segredos há muito tempo enterrados. Começo a ler atentamente, absorvendo cada palavra.
O livro revela que a maldição que afeta minha família e a cidade de Nova Veneza não é uma simples maldição, mas o resultado de um acordo sinistro feito entre as famílias da época e bruxas que desejavam dominar a cidade. As páginas revelam uma história sombria: as bruxas, buscando controlar a cidade e seus habitantes, negociaram com as famílias fundadoras. O acordo estabeleceu que a cidade deveria sacrificar uma alma a cada geração para garantir que as bruxas se afastassem e a cidade prosperasse, um ritual que deveria manter as bruxas longe e preservar a paz na cidade.
As palavras me arrepiam. O que eu sempre pensei ser uma maldição incompreendida é, na verdade, uma forma cruel de manter o controle sobre a cidade e suas famílias. O livro detalha como, ao longo das gerações, as famílias que não seguiram o acordo foram eliminadas ou assassinadas por outras famílias. Uma página do livro contava a única forma de quebrar a maldição, quando restasse apenas uma família. Todas as outras famílias que participaram do acordo já não existiam mais então porque a maldição ainda estava na cidade? Porque meu pai ainda queria que eu matasse? Continuei lendo o livro e vi que outra familia ainda existia, a família Valente. Eu nunca tinha ouvido falar sobre eles. Eu estava cheio de perguntas e precisava de respostas então fui até meu pai com o livro e ele rapidamente ficou assustado.
— Pai, eu preciso entender. Por que você escondeu tudo isso de mim? Por que ainda queria que eu matasse?
Ele olhou para mim com uma expressão cansada e triste. — Filho, a família Valente foi eliminada há um tempo atrás. Achávamos que a maldição tinha acabado, mas então surgiram as pragas e as secas. Acreditamos que a maldição havia retornado.
— Então, o que isso tem a ver comigo?
— Quando a maldição reapareceu, tivemos que continuar com as mortes. Foi quando eu precisei matar para manter a família e a fazenda funcionando. Era a única maneira de proteger o que restava e garantir que a maldição não nos matasse. A gente não sabe o que aconteceu com o acordo, você leu o livro então sabe que quando restasse só uma família a maldição seria quebrada mas não foi oque aconteceu, então escuta meu filho, você precisa seguir com seu plano, fizemos coisas horríveis e não nos orgulhamos mas nós não temos escolha. O peso das vidas que tiramos é algo que eu carregarei para sempre. Fiz o que achei que era necessário, mas isso não apaga a dor que causamos.
A resposta dele me deixou ainda mais confuso, mas também me ajudou a entender a profundidade da maldição que ele enfrentava. Passada de gerações para pessoas inocentes, estávamos nas mãos das bruxas e sem saída nenhuma. Não tive escolha e então decidi continuar com meu plano e depois de toda a verdade que tinha descoberto eu estava mais determinado à proteger minha família.
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Atualizado até capítulo 22
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